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Wo sind eure hände... — Bill grita a última frase da música com empolgação e então levanta o microfone abruptamente para cima, sendo recebido por aplausos incessantes.

Bill é a pessoa com mais presença de palco que já vi, e não estou dizendo isso porque ele é meu amigo ou porque faço parte da banda. Ele é realmente incrível.

As luzes foram apagadas e os holofotes estão virados para Bill, e isso nos dá oportunidade de nos alongarmos até a próxima música.

Estalo todos os dedos e curvo o pescoço de um lado para o outro.

Me viro para Gustav e o vejo fazer um sinal para mim, indicando que precisa de água. Aponto para Georg com o dedo indicador, o garoto acabou de dar uma grande golada em uma garrafa d'água. Ele assente e se move até o amigo um tanto curvado para não ser notado pelos fãs.

Estou evitando olhar para o outro lado do palco desde que entramos aqui. O lado em que ele está. Durante todas as músicas, todas as vezes que meus olhos teimam em quererem olhar para ele... eu praticamente me obrigo a não fazê-lo.

Bem, o plano estava funcionando até agora.

—Matilda. — Tom me chama e levo uns segundos até me virar para ele. — Suas botinas.

Franzo as sobrancelhas.

—O que?

—Suas botinas. — Ele repete apontando com a cabeça para os meus pés. — Os cadarços estão desamarrados.

Desço o olhar até meus sapatos e vejo que os fios estão realmente soltos.

Me agacho com cuidado e amarro um por um, sem pressa. Enquanto faço isso, tenho a sensação de que seus olhos estão em mim, mas talvez esteja apenas irritada demais para acreditar que ele estaria tão indiferente quanto a mim.

Me levanto e ajeito os fios rebeldes que se soltaram das mechas presas em meu cabelo. Puxo a saia jeans um pouco para baixo e inconscientemente acabo olhando para o garoto de dreads.

Eu não estava imaginando coisas. O olhar dele está sobre mim. Está demais. A boca dele está entreaberta, e seus olhos parecem perdidos, como se estivesse pensando em alguma coisa enquanto seu olhar se fixa em algo que não devia.

Não sou idiota, então a primeira coisa que penso em fazer é... provocar.

Lambo os lábios lentamente e então enfio as mãos por debaixo da saia, fingindo que estou ajeitando alguma coisa na meia rastão. Puxo um pouco o tecido para baixo, fazendo com o que os pequenos losangos se estiquem em minha pele, deixando minha coxas ainda mais a mostra.

Minha visão periférica poderia estar me enganando, mas não está. Vejo claramente quando os ombros do garoto sobem e descem rapidamente, demonstrando que acabou de bufar.

Mordo o lábio inferior para impedir que um sorriso se estenda.

Übers ende der welt? O que acham? — Bill se vira para nós.

Nos entreolhamos e assentimos em conjunto.

Quando a música começa, as luzes se acendem de repente.

Como na maioria das canções, o primeiro a começar a tocar é Tom.

Então apenas aguardo minha vez de entrar e... me vem a ideia.

Olho para Tom, seus dedos batendo nas cordas com agressividade, fazendo com o que som exploda nas caixas de som. A gritaria que nos envolve é contagiante. E é o que acaba me encorajando.

Aos poucos vou me retirando de trás do teclado. Olho para Gustav que bate nos pratos da bateria com uma expressão confusa.

Sorrio de canto e me viro para frente. Apenas por me verem já posso escutar a multidão se empolgando.

Chego perto de Bill e toco em seu ombro. Não contei nada para ele, não contei sobre o que estou pensando em fazer. Ele não sabe de nada. Mas ele me olha com um sorriso malicioso como se soubesse que estou prestes a aprontar.

Respiro fundo e assim que ouço o refrão se iniciar, toco o primeiro botão de minha camisa. O solto. Assim como faço com o segundo. E o terceiro. Começo a desabotoar a camisa delicadamente. E os fãs sacaram o que estou fazendo, porque começam a gritar ainda mais alto.

Aos poucos puxo cada canto da peça de roupa, e então passo ela devagar por meus ombros.

Agradeço por não estar usando um sutiã lilás, e sim uma peça de renda vermelha.

Olho para Bill, e seus olhos estão brilhando, ele não está surpreso, parece animado. Isso me incentiva a continuar.

Puxo a camisa para cima e rodopio a peça sobre nossas cabeças.

Olho para trás e Gustav está com os olhos arregalados e com um sorriso no rosto. Georg não está muito diferente.

Mas quero descobrir qual está sendo a reação de alguém em especial.

Me viro para Tom e posso ver seus olhos me analisando com calma, com raiva, com... excitação. Ele franze as sobrancelhas e passa a língua por cima do piercing. Fiz isso torcendo para que ele me olhasse com mais atenção do que fez com aquela fã. E acho que consegui o que queria.

Me viro para frente e entrego a camisa para Bill. Ele torce os lábios em um sorriso e passa a língua várias vezes no tecido.

—Aí! — Ele chama a atenção dos fãs. — Quem está afim de ganhar um presentinho?

Alvoroço. Essa é a definição perfeita.

Solto uma gargalhada e então acompanho enquanto Bill lança a camisa em um canto qualquer da plateia.

Meus olhos se prendem em um garotinho loiro no meio de várias fãs. Ele sorri para mim e faz um sinal de coração com os dedos.

Retribuo o gesto e volto para o meu canto de sempre.

—Arrasou. — Leio os lábios de Gustav e sorrio ainda mais.

É como um ímã. Meus olhos são atraídos até ele.

Ele balança a cabeça negativamente e seus lábios gesticulam com cuidado: "Não devia ter feito isso."

Dou de ombros e sussurro de volta: "Você não manda em mim."

Suspiro e quase me sinto cem porcento vingada.

Mas ainda falta... uma coisa.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora