15.

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Levamos quase trinta minutos para chegarmos a casa de Emma. Mas não é como se não conseguíssemos ver a casa a quilômetros de distância. É enorme. Não, gigantesca.

—O que os pais dessa garota fazem? — Gustav pergunta estacionando o carro na única vaga que encontramos depois de rodar o quarteirão.

—Venda de órgãos. — Murmuro já com a mão na maçaneta.

Pulo para fora do carro e ajeito o corpete tomando cuidado para que meus peitos também não pulem para fora.

Enquanto atravessamos a rua, consigo ver dezenas de pessoas ao redor da casa. Tem alguns garotos fazendo uma competição de quem bebe mais rápido, todos em volta de um barril de cerveja enorme. Olho para o lado e vejo duas pessoas praticamente se engolindo, com mãos para todos os lados. E um pouco mais adiante vejo alguém vomitando as tripas. Uma verdadeira bagunça.

—Esse é o tipo de festa que Emma costuma dar? — Pergunto enojada com a cena que acabei de presenciar.

—Você também achou uma loucura? — Paolla se vira com os olhos arregalados para mim, como se estivesse apenas esperando que eu dissesse o que acabei de dizer. — Os pais dela nem devem imaginar o que acontece aqui quando eles estão fora.

—Ou eles são iguais e por isso ela é assim. — Dou a opção fazendo Paolla gargalhar.

Cruzamos o jardim e passamos pela gigante porta de entrada. Se lá fora estava um caos, aqui é o próprio inferno.

Meus olhos mal conseguem se adaptar a luminosidade baixa do lugar, uma escuridão, somos iluminados apenas pelos led's incessantes e que piscam fora de ordem.

O clima lá fora estava bem mais frio do que está aqui dentro, a temperatura quente dos corpos e das respirações fez o ambiente esquentar para valer. Olho ao redor, procurando por Austin, e logo de cara já me sinto uma imbecil. Não posso agir como se ele fosse o ponto alto da festa, preciso me divertir também.

—Querem dançar? — Pergunto em um tom de voz absurdamente alto para que meus amigos possam me ouvir por cima da música.

—Ao som de Michael Jackson? Que pergunta fofa. — Gustav grita de volta. — Claro que quero.

—Nenhuma objeção da minha parte. — Bill levanta um braço empolgado.

Sorrio e puxo cada um dos garotos pelos pulsos e só paro a caminhada quando chegamos a pista de dança improvisada. Os sofás da sala de estar foram empurrados até estarem encostados nas paredes, assim nos dando um bom espaço para dançar.

Dou um gritinho quando ouço o som da batida de "Beat it" começar. É praticamente a melhor música que Michael Jackson poderia cantar em toda sua carreira, então não se empolgar ao ouvi-la é um crime. Começo a me mexer lentamente acompanhando a batida, fecho os olhos e me imagino como se estivesse vivendo tudo que está sendo dito na canção. Balanço os quadris de um lado para o outro e passo as mãos por toda a extensão do meu tronco, pelas laterais da cintura, pescoço, até subir ao meu cabelo, o puxo de lado e tombo a cabeça para trás. Acho que nunca me senti tão sexy em toda minha vida.

Abro os olhos no momento em que ouço o refrão, e penso em olhar imediatamente para Bill, pois tenho certeza que se essa música não existisse, seria composta por ele. Mas meus olhos não olham para Bill, eles se desviam para a silhueta sentada no sofá, me encarando, estudando cada movimento que estou fazendo, e aquela não é a imagem de Bill Kaulitz parada a minha frente a metros de distância. Não, não é. Aquele é sem dúvida, Tom Kaulitz.

É difícil disfarçar minha frustração em vê-lo aqui, sozinho, sendo que eu imaginei que seria ele quem me buscaria hoje mais cedo, até porque foi isso o que ele disse que faria. Não sei o que o fez mudar de ideia, mas poderia ao menos ter me avisado.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora