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TOM's POV

—Eles deram o maior show! — Gustav exclama enfiando um pedaço de frango na boca. — Quase quebrei a televisão quando tiraram o "43", o time quase ficou em desvantagem... — O loiro faz uma careta inusitada e larga o garfo de plástico na bandeja. — Argh... detesto comida de hospital.

Estou jantando com os garotos. Estamos sentados em uma mesa minúscula, cabem apenas dois de nós aqui, mas eu e Georg puxamos cadeiras de mesas aleatórias e demos um jeito de nos acomodarmos todos juntos. É a primeira refeição decente que eu tenho depois do acidente. Minha cabeça esteve tão ocupada que não percebi que meu estômago estava ficando cada vez mais vazio e meu corpo ainda mais fraco.

—Não consigo mais ver nenhum jogo de hóquei depois do que fizeram com aquele menino. — Georg balança a cabeça negativamente. — Ele só queria um autógrafo ou até mesmo um aperto de mão, passaram direto por ele como se não pudessem pelo menos acenar... escrotos.

Bill solta uma risadinha e toma um gole de sua coca-cola.

—Depois disso ele recebeu um taco autografado com a assinatura de todos os jogadores. — Meu irmão aponta.

Georg dá de ombros.

—Ainda assim não vou com a cara deles.

Ouço a conversa sem dar nenhum palpite, não estou afim de falar sobre esportes, na verdade, não estou afim de nenhum tipo de papo. Estou exausto. Fazem umas sete horas desde que visitei o quarto de Matilda pela primeira vez. E apenas alguns minutos desde que estive lá pela última vez. Estive naquele quarto pelo menos umas doze vezes hoje. Mas tive que parar com as visitas quando uma enfermeira me deu uma bela bronca.

E agora estou aqui, comendo um frango esbranquiçado e ervilhas molengas. Mas a fome me aperta tanto por dentro que me obrigo a comer até a última migalha. Mesmo que meus olhos estejam quase se fechando sozinhos.

—Liguei para Paolla. — Georg diz de repente. — Ela estava viajando, foi visitar os avós em Dresden. — Ele se recosta na cadeira e cruza os braços. — Ela ficou muito preocupada quando eu disse que estávamos em um hospital, imagina quando eu disser que é por causa de Matilda. Ela vai surtar.

Mastigo devagar e olho para ele.

—Ela está à caminho? — Pergunto baixinho.

Ele assente.

—Uma hora de distância.

Suspiro e largo o talher encima do prato de papelão.

—Vai contar sobre a Mat quando ela chegar? — Bill pergunta levantando as sobrancelhas.

Vejo o rosto de Georg se contorcer. Parece que a ideia de contar a namorada que a melhor amiga dela está apagada em uma cama de hospital, não é muito agradável para ele.

Olho para meu gêmeo.

—Se quiserem eu posso contar. — Reclino os ombros e abro a boca em um bocejo.

Bill aperta os olhos e nega firmemente.

—Claro que não. Você já está lidando com coisas demais. Daqui a pouco quem vai acabar pirando é você.

Não respondo, porque ele está totalmente certo.

Fecho os olhos e respiro fundo.

—Acho que preciso dormir um pouco. — Digo me levantando devagar.

Os três me olham atentos.

—E onde você pretende fazer isso? — Gustav pergunta.

Dou de ombros.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora