01_ Credo!

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Ayla

Vesti minha jeans flare e a clássica camiseta branca da escola. Calcei meu par de All Star preto e, com os cabelos já penteados e maquiagem zero — porque, sinceramente, não sou fã —, declarei: estava pronta.

Saí do meu quarto e desci as escadas em direção à cozinha, onde encontrei minha mãe e meu padrasto tomando café da manhã.

— Bom dia, Ayla.

Sentei-me à mesa ao seu lado, sentindo o olhar de Marcos — meu padrasto — sobre mim.

— Bom dia, mãe. — Mordi um pão de queijo, tentando ignorar a tensão no ar.

— Bom dia, filha! — Marcos sorriu para mim. Revirei os olhos em resposta.

— Eu já disse: você não é meu pai. — Afirmei.

— Ayla! — Minha mãe chamou minha atenção com um tom de reprovação.

— Não, Tatiana, não brigue com ela. Está tudo bem. — Marcos falou, tentando apaziguar a situação.

— Claro que não está. Essa garota não se dá conta de que foi abandonada pelo próprio pai. — Essa é a única coisa que conheço sobre ele. Não sei nada do meu pai.

O ódio que sinto por Marcos é intenso. O medo também. Não sinto nada de bom vindo dele. Seu olhar me faz sentir como se eu estivesse nua. Sabe aquela sensação de não poder vestir certas roupas, como um short, ou vestido, porque o marido da sua mãe te devora com os olhos? É assim que me sinto ao seu lado. Tento convencer a mim mesma de que isso é apenas coisa da minha cabeça... mas não é.

Marcos é psicólogo e adorado por todos os seus pacientes. Amado demais pela minha irmã — claro, ele é pai dela — e pela minha mãe. Às vezes, acho que ela o ama mais do que a mim...

— Opa! Cheguei, família! — Sienna, minha irmã, juntou-se à mesa cheia de energia. — E aí, mana? Feliz?

— É o primeiro dia de aula dela nessa escola. Deve estar bem ansiosa. Não está, Ayla? — perguntou Marcos, mas eu o ignorei completamente.

Pedi à minha mãe para me tirar da antiga escola porque estava cansada de lá. Vamos ser sinceros: sou uma boa aluna. Não me considero nerd, apenas estou acima da média. Mas muitas pessoas se aproximavam de mim só para conseguir respostas nos exercícios e isso era insuportável. Mesmo que na nova escola eu passe pela mesma situação, pelo menos estarei no mesmo lugar que Sienna. Ela já estuda lá há um tempo e adora.

Depois do café da manhã, escovamos os dentes e nos despedimos da nossa mãe. Marcos iria nos levar de carro.

Entramos no carro e logo ele deu partida.

— Se anima aí! — Sienna me agitou com entusiasmo. — Tenho certeza de que você vai gostar da escola!

Digamos apenas que tenho um pouco de dificuldade em me socializar...

— É... eu espero... — murmurei.

— Já estamos quase chegando, meninas! — avisou Marcos animadamente.

Após alguns minutos que pareceram horas, chegamos à escola.

Credo! Já estou vendo um monte de adolescentes padrão.

— Tchau, pai! Te amo! — Sienna saiu do carro rapidamente, já pegando o celular para tirar fotos.

Ela é assim mesmo: adora registrar tudo para postar nos stories dela. Já eu... passo longe dessa vibe.

Antes de sair do carro, Marcos me chamou novamente. Olhei para ele que me "elogiou".

— Você está uma gostosinha, filha.

— Já disse que você não é meu pai, caramba!

Sai do carro fechando a porta com força atrás de mim.
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Continua...

Aquele IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora