57_ Sem teto

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Ayla

Por incrível que pareça, a conversa com Edson fluiu naturalmente entre risadas e histórias. Era reconfortante conhecer mais sobre meu pai, descobrir suas experiências e saber que ele estava ali, ao meu lado.

Lion se aproximou, pedindo carinho, e eu não pude resistir. Acariciei seu pelo macio enquanto Edson me observava com um sorriso.

— Então quer dizer que vocês agora estão namorando? — Ele se referiu a Dylan, e eu assenti, um pouco tímida. — Caraca, eu sabia! Engraçado é que vocês viviam se matando.

— Ele que implicava comigo! — me defendi, rindo um pouco.

— Eu quero ter uma conversinha com esse moleque, tá?

— Quer?

— Com certeza. Preciso saber quais são as intenções dele com minha filha. Ele é o capitão do time de futebol, né?

— É sim.

Edson sorriu para mim e segurou minha mão com ternura.

— Eu tenho uma filha muito linda — disse ele, o orgulho transparecendo em seu olhar. — Estou adorando estar aqui com você.

— Eu também — respondi, retribuindo o sorriso.

— Sabe de uma coisa? Desde que você entrou na escola, eu sentia uma conexão muito forte entre a gente, Ayla. Na época não entendia bem o motivo, mas agora vejo que é algo profundo de pai e filha. — Ele soltou uma risada leve.

— Eu senti isso também — afirmei, sorrindo.

— Posso te dar um abraço?

— Pode sim.

Nos aproximamos e nos abraçamos. Era surreal estar abraçada com meu pai. Nossa! O meu pai!

Desfazendo o abraço, continuamos a nos olhar sorrindo.

— Esse é um dos melhores dias da minha vida, filha. E ainda temos muito mais pela frente!

A expectativa por esses momentos era palpável dentro de mim. Nossa conexão era forte, risadas e memórias especiais que ficariam gravadas para sempre em meu coração.

— Minha mãe me expulsou de casa! — exclamei entre gargalhadas. — Não tenho onde morar!

Era engraçado pensar na situação naquele momento.

— Sua sem-teto! — ele brincou, rindo junto comigo.

— Ei! Desumilde!

Rimos juntos como duas crianças despreocupadas.

— Você vai morar comigo a partir de agora, filha. Tenho um quarto enorme pra você. Pode decorar do jeito que quiser.

Um frio na barriga me acometeu ao pensar na ideia. Mas será que... a Fernanda vai gostar disso? Ela pode ser uma madrasta boa, mas também pode ser muito difícil comigo.

— Eu tô na casa do Dylan — eu disse. — Mas quero sair de lá, não quero atrapalhar a família dele.

— Quero muito que você venha morar comigo. Como eu disse, quero recuperar todo o tempo perdido. Quero ser um pai que te dê amor, proteção e tudo o que você merece, Ayla.

— E eu vou tentar ser uma boa filha — respondi sinceramente.

— Você já é! Olha só para a garota forte, linda e maravilhosa que você é! Estou extremamente feliz por você ser minha filha, Ayla.

— E eu estou feliz por você ser meu pai.

E é verdade. A felicidade preenchia meu coração, mesmo com a pontinha de confusão no meio disso tudo.
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Continua...

Aquele IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora