Aquele Idiota

29_ Maluco por você

Ayla

Virei a página do livro, enquanto Mirella choramingava ao meu lado, como se o mundo estivesse desabando.

— O que a Maevie tem que eu não tenhooo? — ela forçou um choro, as "lágrimas" invisiveis escorrendo pelo rosto. — Eu só queria que você, toda gostosa, tivesse me beijado! E ela nem é mais bonita que eu, Ayla!

— Para de drama — eu ri.

— Não é drama, putiane! Eu te achei gata pra caramba desde o começo e você vai lá e beijar aquela puta nojenta lá! Espero que você isso não se repita porque quero você com o Dylan, mas também quero um beijo seu!

— Um selinho serve? — sugeri com um sorriso travesso.

— Você vai me dar um selinho?! — Perguntou ela, os olhos brilhando com uma animação contagiante.

Juro. Selinho não é nada demais.

— É só o selinho da amizade, ué! — ri. — Mas na verdade não vai rolar selinho nenhum porque o Dylan disse que não quer ninguém beijando meus lábios... e isso mexeu comigo... — confessei, sentindo meu coração acelerar.

Ela ficou triste por um instante, mas logo a expressão dela mudou, uma onda de felicidade tomando conta. Ela e a Hazel são as maiores shippadoras entre mim e o Dylan.

Na verdade, toda garota deveria ter uma amiga como a Mirella.

(...)

Quando eu e Dylan entramos no quarto dele, ele trancou a porta com um movimento decidido. Disse que precisava de privacidade, que as doidas da Hazel e da avó dele poderiam invadir a qualquer momento.

Nos sentamos em sua cama, que era tão macia que me deixava à vontade.

— Eu não sei como contar essa merda... — ele murmurou, a voz quase inaudível.

— Apenas conta, Dylan. Estou aqui para isso.

— EU SEI O QUE É! É QUE A FEIOSA DA MAEVIE COLOCOU CHIFRINHOS NO MEU IRMÃOZINHO! — gritou Hazel do outro lado da porta.

Então era verdade. A Maevie traiu o Dylan. Meu coração apertou ao pensar nas consequências disso para ele.

— PARA DE OUVIR ATRÁS DA PORTA, HAZEL, PORRA! — Dylan gritou, mas sua voz estava distante. Ele parecia perdido em seus próprios pensamentos sombrios. Não se preocupou em checar se Hazel tinha saído. — Mas é isso aí que a Hazel falou... — Deixou escapar em um sussurro quebrado.

— E-eu... eu não sei o que dizer, Dylan. — minha voz tremeu.

Realmente não sabia o que dizer.

— Ela foi meu primeiro amor, Ayla. Minha primeira namorada. Nós éramos o casal que todos queriam ser... eu tinha uma puta dependência emocional nela. — confessou ele, os olhos brilhando com uma tristeza profunda.

As mãos dele começaram a tremer, sua palidez era assustadora. Ele estava claramente traumatizado pela traição.

Peguei suas mãos em um gesto de conforto, acariciando-as delicadamente.

— Calma, calma... tá bom? — falei, suave.  — Já passou...

— Eu amei ela, Ayla. Amei de verdade. Desde então, nunca mais estive com outra garota. Tive algumas aventuras, só sexo... poucas vezes. Eu acho que tenho medo... A ideia de sofrer assim outra vez é insuportável... Porra! Eu não ficava com ninguém até você aparecer e eu sinto algo por você... E não queria me aprofundar nisso... você sabe por quê.

Meu coração se apertou ao ouvir suas palavras. Eu realmente estou triste por ele. A Maevie havia quebrado algo dentro dele e agora eu me sinto irritada por ter beijado ela antes.

— Eu não faria o mesmo que ela, Dylan. Sou muito diferente dela. — afirmei enquanto o abraçava forte e passava os dedos pelos seus cabelos. Ele correspondeu ao meu abraço como se estivesse buscando refúgio.

— Eu te odeio, garota... porque tenho sentimentos por você... e tenho medo de você foder com a porra do meu coração. — sussurrou ele com uma intensidade que fez meu coração disparar.

Eu queria saber quais sentimentos eram esses...

— Eu também te odeio... porque você está me deixando maluca.

Ele se afastou levemente do abraço e olhou nos meus olhos. Seu olhar se deteve em minha boca de forma quase hipnotizada.

— Quem está me deixando maluco é você... maluco por você.
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Continua...