42_ Poça vermelha

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Mirella

Respondi à mensagem da Maevie antes que a Ayla me perguntasse com quem eu estava conversando.

Porém, Ayla e a irmãzinha do Dylan me olharam com olhares maliciosos.

— Tá falando com quem, safada? — Ayla perguntou, com um sorriso travesso no rosto.

— Com ninguém... — menti, rindo nervosamente.

— Tá mentindo! — Hazel afirmou, cruzando os braços.

A Hazel é uma menininha tão esperta! Puta que pariu.

Estávamos assistindo a um filme da Barbie: Barbie e as Agentes Secretas. Adoro. Porém, Ayla estava inquieta o filme todo, se remexendo no sofá como se estivesse sentindo uma agitação interna. Sua pele estava pálida, quase translúcida.

— Ayla, tá tudo bem? — perguntei, preocupada com sua expressão.

— Eu acho que o Dylan foi na minha casa... — ela falou baixinho, quase como se temesse que alguém a ouvisse.

— Na sua casa? — questionei, sem entender.

— Ele foi... ele deve ter ido falar com o Marcos. M-meu Deus!

Eu não estava entendendo absolutamente nada enquanto Hazel continuava super concentrada no filme, sem perceber a tensão crescente no ar.

— Ei, calma! — falei rapidamente. — Você quer ir lá?

— S-sim... e-eu quero... — o corpo dela começou a tremer e sua respiração acelerou como se estivesse prestes a entrar em pânico.

— Ayla, o que foi?! — Hazel perguntou com uma voz doce, envolvendo-a em um abraço apertado.

Ayla não estava nada bem. A preocupação crescia dentro de mim. Eu tinha certeza de que era melhor ela não ir lá.

— Você quer que eu vá até sua casa? — perguntei. — Você está muito nervosa, não faz sentido você ir agora.

— E-eu n-não s-sei... — lágrimas começaram a rolar pelo rosto dela como um rio descontrolado.

Meu Deus! O que estava acontecendo? Ver a Ayla assim parte meu coração.

— Eu vou lá. Se o Dylan estiver lá, eu mando ele ir embora? — ela assentiu com a cabeça desesperada.

Por que era tão ruim para Ayla se ele estivesse lá?

(...)

Quando cheguei à casa da Ayla, a porta estava entreaberta. Um frio na espinha me percorreu ao ouvir gritos desesperados. Muito desesperados. Eu entrei na casa dela.

Adentrei a sala e... que merda é essa aqui?!

Dylan estava em cima do Marcos, que estava completamente destruído no chão. Meu amigo batia ferozmente no cara, cada soco era como um trovão ressoando pela sala. O rosto de Marcos estava irreconhecível, sangue escorria de seu nariz e boca, misturando-se ao chão ensanguentado. Os olhos dele estavam quase fechados, e seu corpo tremia sobre os golpes incessantes de Dylan.

— SEU FILHO DA PUTA DO CARALHO! — Dylan rugia de raiva, os músculos tensos como cordas de violão prestes a arrebentar. — EU QUERO SABER O QUE CARALHO VOCÊ FEZ PRA MINHA GAROTA!

Marcos mal conseguia mais emitir sons, os gemidos de dor escapavam de seus lábios ensanguentados enquanto tentava proteger o rosto das pancadas brutais. Em nenhum momento Dylan parava, cada golpe parecia alimentar ainda mais sua fúria. O chão estava coberto por uma poça vermelha, era uma cena horrenda e surreal que eu nunca pensei que veria na vida real.

O desespero tomou conta de mim enquanto assistia aquele espetáculo de violência. Por que Dylan estava batendo tanto no padrasto da Ayla? A situação parecia estar além do controle, era como se um animal enfurecido tivesse tomado conta dele. Meu estômago revirava ao ver aquela brutalidade sem fim.
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Continua...

Aquele IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora