Aquele Idiota 2 - 04_ Acha que ele morreu?

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Ayla

A noite caía enquanto Hazel estava estirada no sofá da nossa sala, assistindo a algum programa aleatório na TV. Dylan e eu estávamos na cozinha preparando pipoca e uma quantidade absurda de doces para nossa "noite do pijama".

— Você acha que Hazel vai gostar das balas ou ela prefere o chocolate? — perguntei, pegando mais um pacote de doces do armário.

— Sinceramente, amor, ela vai comer os dois e reclamar que está com dor de barriga depois.  — Dylan respondeu rindo, enquanto mexia a pipoca na panela.

Dei uma risada, imaginando a cena. Hazel podia ser mandona e dramática, mas ainda era uma criança no final das contas.

A mesa já estava abarrotada com refrigerantes, doces, pipoca e tudo que a gente tinha no armário. Fomos para a sala e Hazel, finalmente, desviou a atenção da TV para nós.

— Demoraram, hein? Achei que tinham se esquecido de mim de novo! — ela brincou, fazendo uma careta.

— Como se isso fosse possível! — falei, me sentando ao lado dela e puxando o cobertor que estava sobre suas pernas. — Vamos assistir o que?

— Aquele filme de terror novo que lançou. — Hazel disse, com os olhos brilhando.

— Terror? — Dylan perguntou, arqueando a sobrancelha. — Não achamos que você era muito fã...

— Quem disse que não sou? — Hazel respondeu com um sorriso desafiador. — Eu amo filmes de terror. A menos que você esteja com medo...

Dylan soltou uma risada curta e se jogou no sofá ao nosso lado.

— Medo? De jeito nenhum. Mas se você começar a gritar e correr pela casa, eu não vou me responsabilizar. — ele provocou.

O filme começou, e, como era de se esperar, o clima logo ficou tenso. A trilha sonora sombria preenchia a sala, enquanto cenas assustadoras passavam na tela. Eu não podia deixar de notar como Hazel se mantinha concentrada, sem piscar, e com um sorriso travesso nos lábios. Eu, por outro lado, já estava apertando a almofada contra o peito.

Foi no meio de uma cena particularmente tensa que escutei meu celular vibrar ao meu lado. Olhei para a tela e vi uma mensagem de número desconhecido.

"Você acha que ele está realmente morto, Ayla?"

Fiquei congelada por um segundo. Meu coração acelerou e um frio passou pela minha espinha. Levantei-me lentamente do sofá, tentando não chamar a atenção do Dylan ou Hazel.

— Vou ao banheiro — murmurei, sem desviar o olhar do celular.

Caminhei para o corredor, minha mente em mil pensamentos. Quem poderia ter enviado aquilo?

Fechei a porta do banheiro e respirei fundo, olhando para a mensagem novamente. Os dedos tremiam levemente enquanto eu digitava uma resposta.

"Quem é você?"

Segundos depois, outra mensagem apareceu.

"Acha mesmo que ele morreu? Você puxou o gatilho, mas... tem certeza que ele não está mais te observando?"

As palavras me atingiram como um soco. Meus olhos se arregalaram e, pela primeira vez, a sensação de pânico tomou conta de mim. Marcos estava morto. Eu atirei nele. Eu vi seu corpo no chão.

Outra mensagem apareceu antes que eu pudesse processar completamente a última.

"Ele está mais perto do que você imagina."

Soltei o celular e encarei o espelho à minha frente, sentindo o medo se arrastar pelas minhas veias. As palavras ecoavam na minha mente.

Eu precisava falar com alguém. Precisava contar ao Dylan, à polícia, a alguém. Mas como? Como eu começaria essa conversa? "Amor, acho que o homem que eu matei dois anos atrás está vivo e me mandando mensagens?"

Uma batida forte na porta me tirou dos meus pensamentos, e meu coração quase saltou pela garganta.

— Ayla? — era a voz do meu namorado. — Você está bem aí?

— S-sim! Já estou saindo! — minha voz saiu mais trêmula do que eu esperava.

Respirei fundo mais uma vez, tentando recompor o máximo de calma que eu conseguia fingir. Peguei o celular no chão, as mãos ainda suadas, e voltei para a sala.

— Está tudo bem, amor? — Dylan perguntou, ao me ver voltar.

— Sim... só... fiquei com medo do filme. — Menti, forçando um sorriso. Ele pareceu aceitar a resposta.

Hazel não percebeu nada, ainda completamente envolvida no filme.

Tentei me concentrar no que estava passando na tela, mas a mensagem continuava pulsando na minha cabeça.

"Ele está mais perto do que você imagina."
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Continua...

Aquele IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora