Aquele Idiota

Aquele Idiota 2 - 14_ Estou tão perto

Ayla

Eu ainda estava em choque. Minha mãe, logo ali, diante de mim, com aquela expressão triste e as palavras de desculpas que eu nunca esperei ouvir.

— Você está me pedindo desculpas? Agora? — Minha voz saiu baixa, mas carregada de incredulidade.

Ela abaixou a cabeça, suspirando.

— Eu sei que errei. Eu devia ter te escutado, protegido.. mas o que posso fazer agora? Só me resta tentar consertar, perdir desculpas e... quem sabe sabe, reconstruir nossa família.

Família? Depois de tudo?

— Não. — Eu disse simples.

Sienna ao meu lado, parecia desconfortável, mexendo nervosamente nas mãos. Ela tinha me dito que a mãe estava mal, mas agora que estava aqui, frente a frente com elas, algo em seus olhares não me convencia.

— Ayla, só... pense nisso, por favor. — Sienna quebrou o silêncio. — Estamos realmente arrependidas. Não podemos voltar atrás, mas podemos tentar fazer as pazes, de alguma forma.

Antes que eu pudesse responder, meu celular vibrou na mesa. Olhei rapidamente, esperando que fosse Dylan, mas era outra daquelas mensagens...

"Você não vê, não é? Está tudo ao seu redor. O perigo, o passado, tudo."

Meu coração disparou. De novo essa maldita mensagem.

Levantei os olhos, para a minha mãe e Sienna. As duas estavam em silêncio, me observando. Por que justo agora elas apareceram? E por que isso parecia uma coincidência tão grande?

— Isso é muita coisa para absorver de uma vez. — Eu me levantei da mesa. — Não acho que consigo perdoar e agir como se nada tivesse acontecido.

Minha mãe assentiu lentamente, enquanto Sienna continuava a me olhar com aquela expressão indecifrável.

— Eu entendo — Minha mãe disse, sua voz falhando um pouco. — Só queria que soubesse que estou aqui, se quiser conversar...

Saí do café, o ar lá fora parecia mais denso, como se o mundo ao meu redor estivesse cada vez mais confuso. Caminhei sem rumo por alguns minutos, tentando colocar meus pensamentos em ordem.

Meu celular vibrou de novo. Outra mensagem:

"Estou tão perto..."

Meus olhos se arregalaram e eu comecei a passar mal, meu corpo tremendo, meu coração acelerando muito e minha respiração falhando. Medo. Estou com muito medo. Olhei ao redor, esperando ver algo ou alguém suspeito, mas as ruas estavam normais. Ainda assim, a sensação de ser observada não me deixava.

Dylan. Eu precisava falar com ele.

Peguei o celular e disque seu número. Quando ele atendeu, sua voz suave e tranquilizadora foi a única coisa que conseguiu me acalmar, mesmo que por um breve momento.

— Anjo, você está bem? — Ele perguntou, imediatamente percebendo algo errado na minha voz.

— Não sei, Dylan. E-eu não sei...

— O que houve, querida? Fala comigo, Ayla... por favor!

Respirei fundo, prestes a contar tudo, quando percebi a sombra de uma figura familiar se aproximando. Clara.

Ela sorriu para mim de longe, como se fôssemos super amigas.

— Amor, eu preciso desligar. Nos falamos em casa. — Murmurei, encerrando a ligação e me preparando para lidar com a piranha.

— Ayla! Que coincidência te encontrar aqui! — Ela disse, com aquele tom falsamente amigável.

— Muita, não? — Sorri falsa pra ela.

— Você está bem? Parece meio pálida...

— Tudo ótimo, Clara.

— E o Dylan, como está?

— Olha, eu tô com pressa tá? Tchau, Clara. — Eu disse me afastando dela, seguindo meu caminho.
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Continua...