XXXVIII - Big Jet Plane

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Você já passou por alguma situação em que teve que parar pra pensar se aquilo realmente estava acontecendo ou se você estava sonhando? 

Pois é.

Juro que não estou bêbada, mas tive que pensar por alguns segundos pra entender tudo o que estava acontecendo.

— Você ta’ mesmo aqui? — Estreitei os olhos em direção ao garoto. 

Ele ergueu uma sobrancelha e segurou a minha mão impaciente.

— Ela é coreana e mesmo se não fosse, essa regra racista e xenofóbica não deveria existir! 

— Você não é o Jeon Jungkook do BTS? 

— E se eu for? — Ergueu o queixo em direção ao gerente. 

— Ei — Chamei a atenção do garoto — Você não deve brigar. 

— Por que não? — Olhou feio pro gerente — Esse cara é um pau no cu e o estabelecimento dele é um esgoto. 

— Porque não adianta — Ele olhou pra mim — Racismo e xenofobia não são crimes na Coreia. Se esse babaca decidir que não vai vender, não podemos fazer nada. 

— Mas não era pra ser assim! — O garoto voltou a olhar pro gerente — Deveriam sentir vergonha e esse lugar deveria ser fechado! Espero que na outra vida você renasça como um inseto só pra pisarem em você! 

Ri do que ele disse — Inseto — Continuei rindo. 

— Vamos! 

O garoto me conduziu pra fora do restaurante e eu soltei a mão dele rapidamente. 

— Estamos em público. 

— É — Suspirou impaciente olhando ao redor — Estamos. 

— Cadê o Cho? 

— Viemos de táxi e ele seguiu depois que te vi entrando no restaurante. 

— Por que você sempre me acha? 

— Tenho sua localização, esqueceu? 

Ergui os ombros — Também tenho a sua — Fui andando pra onde eu estava inicialmente. 

Minha bolsa voltou pro chão e sentei na grama. 

O garoto me olhou por alguns segundos, respirou fundo, soltou o ar devagar e sentou ao meu lado um pouco distante. 

— Tem muita gente por aqui — Ele parecia incomodado e não parava de olhar em volta — Não quer ir pra casa? 

Neguei com a cabeça e apontei pro some sevit — Não é bonito? Não acha que o céu e o rio se misturam ao ponto de não ser possível saber onde um começa ou termina? 

— Beck, eu não entendo. 

— O que exatamente?

— A situação que acabou de acontecer! Sinto o meu corpo todo queimar! Quero ir lá e socar a cara dele até sair sangue! Quero pôr fogo naquele lugar! Como pode estar tão calma? 

Sorri sem humor. Fechei os olhos e ergui a cabeça apontando pro céu até onde conseguia.

— Eu também costumo queimar. Queimo tanto ao ponto de pegar fogo, mas hoje só há espaço pra um sentimento. Ou eu fico triste com saudade da mamãe ou deixo a minha alma ser consumida pela ira — Encho meus pulmões de ar e olho pro garoto — Adivinha qual foi o sentimento que venceu? 

— Ô minha Beck — Me lança o olhar mais penoso que já vi na minha vida — Perdão, fui insensível.

— Não, você foi um máximo! Eu não ia ter forças pra me defender e você chegou me salvando. Obrigada! 

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