XXIX - Otários Apaixonados

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Qual a sua reação ao ver alguém mentindo bem na sua frente? 

Você finge que acredita ou desmascara a pessoa independente de quem esteja ao redor?

Normalmente, fico com a primeira opção. Pra que gastar minha energia com isso? 

Mas não se trata da minha vida particular e nem de alguém aleatório. 

Ganho muito confrontando a Minji.

Não é questão de ego. Expor a mentira pra deixá-la envergonhada. Não se trata disso. 

A reação das pessoas diz mais do que qualquer outra coisa.

Tenho certeza que os segundos de silêncio parecem uma eternidade pra ela. Minji me olha nos olhos com toda a fúria que carrega.

O olhar dela pra mim é sempre hostil, mas dessa vez é diferente. 

Ultrapassou a hostilidade.

As lágrimas formando ao redor dos olhos não são de tristeza. 

Tenho certeza que ela me mataria agora se pudesse. 

— Do que está falando? — A voz dela falha — Minhas unhas estão assim desde que cheguei! 

— Tem certeza? — Mantive o olhar firme. 

— Claro que sim! — O rosto estava vermelho e uma veia saltada da têmpora. 

Mais segundos de silêncio se passaram e apenas nos encaramos. 

Minji cerra os punhos. 

É como uma granada prestes a explodir na minha frente. 

Sorri como se não fosse nada demais — Acho que me enganei. 

— Com certeza você se enganou. 

— Deve ser pela ausência de sono. Não dormi bem porque meu quarto ta’ cheio.

— Você ta’ bem, noona? — O mais velho erguia apenas uma sobrancelha em uma expressão preocupada. 

— Eu to’ ótima — Sorri pra ele. 

Minji soltou o ar de forma pesada. Os ombros relaxaram e o rosto voltou à cor natural. 

É muito importante pra ela que nem um dos Jeon descubra. 

Não me interpretem errado, não fiquei com pena e não tenho empatia. Só não é o momento certo.

Sentei no sofá ao lado do senhor Park.

— O senhor quer beber alguma coisa?

— Vou esperar a pizza pra poder tomar uma coca bem gelada. 

— Tem que ser zero.

— Jinah me repara em casa e você no trabalho? Um homem deveria poder tomar sua coca em paz.

Ri da lamentação. 

A glicose do senhor Park estava um pouco alterada no último exame de rotina. Ele não está com diabetes, mas tem que se cuidar.

— Que bom que o senhor não bebe. Cerveja aumenta muito a glicose.

— Eu já bebi, sabia? 

— Mesmo? — Olhei pra ele incrédula — Não consigo imaginar o senhor bebendo.

— Quando eu era adolescente. 

— Então já faz uns mil anos — Impliquei e ele gargalhou.

O senhor Park e a esposa são cristãos. Eles levam a vida da forma mais correta possível, mas não são chatos. Nenhum pouco. Na verdade, são o casal mais legal que conheço.

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