capítulo 33

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Eu mal consegui dormir a noite. Fechar os olhos e ficar em paz, era muito difícil. Bem, foi muito difícil.
Passei metade da noite pensando no beijo e a outra metade, no que eu tinha feito. Jamais manipulei alguém desta forma. No máximo, pedi, calmamente, que Adrian ficasse mais calmo, para que ele, basicamente, não me matasse.
Mas ontem à noite eu fiz algo impressionante. Mudei os sentimentos de uma pessoa, falando coisas no qual eu não filtrei.
Eu não queria fazer nada daquilo. Mas acabou acontecendo e não tenho como evitar. Eu realmente estou com medo de mim mesmo.
Sem saber a extensão do meu poder. E tudo o que sei é que o caos pode me controlar e eu tentar controlá-lo.
Era algo que não tinha como ser ensinado, pois eu sou a única que tem esta habilidade.
Realmente queria que ontem à noite não terminasse daquela forma. Adrian me irritou, como sempre. Ele tinha este poder. Parecia que adorava.
Então eu saí da pista de boliche, pensando em caminhar para casa e em várias formas de matar aquele idiota.
Porém, fui surpreendida com a sua aparição. E me surpreendi quando eu, simplesmente, beijei ele.
Não ao contrário. Não foi o mau caráter que simplesmente me colocou contra algum daqueles carros e me beijou. Não. Eu tomei a iniciativa.
Isso era perturbador, mas assim que meus lábios tocaram os dele, parecia que o mundo ao nosso redor tinha desaparecido.
Nunca senti isso em toda a minha vida. Talvez o ódio tenha se tornado uma ternura diferente.
Não sei se devo me acostumar com esta realidade, pois tenho medo do que pode acontecer se eu esquecer quem nós somos e o quão destrutivos somos.
Agora, saindo do carro e enfrentando o colégio, não faço ideia do que irá acontecer. Com que cara eu vou falar com o Mary Ann?
Como eu vou lidar com o Anthony?
Pior, como vai ser o meu encontro, depois do que aconteceu ontem com Adrien, perguntas que estavam prestes a se respondidas, pois de um lado tinha Mary Ann, que praticamente estava correndo em minha direção com um sorriso de orelha a orelha, e do outro Adrian, parado em frente à enorme porta do castelo, encostado à parede, parecia me esperar.
Senti meu coração acelerar do nada. Eu não queria que isso acontecesse, já que ele pode sentir, pode ouvir, o quanto ele me deixa estranha, mexida e muito mais. Resolvi, primeiro, lidar com a minha amiga, perguntando como foi o final da noite.
— Achei que não viria. — Disse, em um tom de bronca, que me tirou um sorriso. — Eu tinha que dizer a você, o que aconteceu. Foi... — Ela estava tão empolgada. Viajava em seus próprios sonhos, enquanto eu tentei imaginar o que seria. Contudo, não tomei a liberdade de entrar em sua mente. Estava na hora de dar limites. Mas, pela forma como seus olhos brilham, aposto que é sobre Anthony. — Eu não imaginava que Anthony Miligan me beijaria.
Olhei sobre os seus ombros e meus olhos encontraram os Adrian. É óbvio que ele estava ouvindo a conversa.
Essa é uma das partes na qual eu mais odeio nele, sendo um lobo.
Apesar de que eu, também,  posso entrar na mente das pessoas, tento evitar ao máximo. Contudo, não corria o mesmo da parte dele.
— Que impressionante. — eu tentei fingir que estava feliz por ela. Porém, me lembrava do que eu tinha feito. Este beijo não foi nada espontâneo. Me pergunto se toda minha vida será assim. Cometendo erros sem ao menos perceber. — mas depois ele foi embora, não foi?
Ela riu, boba. Seu rosto pálido tomou uma cor rosada. Eu queria estar feliz pela minha amiga. Entretanto, não posso estar feliz por algo que não foi genuíno, e sim, criado por mim.
— Óbvio. O que acha que iria acontecer? — é, Luna, o que você acha que iria acontecer? — meus pais estavam, até, me esperando na porta.
— Os meus, ficaram irritados, por eu não ter comentado sobre este encontro, antes que ele saísse de casa. — falei os meus pensamentos em voz alta. Era inevitável, não voltar a noite anterior, e pensar naquele beijo. Deveria ter sido muito ruim, só assim para que eu não pensasse em repetir a dose.
Volto a andar em direção à escola. Eu sabia que teria que passar por Adrian. Só não previa o que iria acontecer.
Tentei prolongar este contato, andando bem lentamente. Me sentia nervosa e, com certeza, ele sabe disso.
Subindo os degraus, prendi a minha respiração. Jurei que ele iria me ignorar. Pelo menos na frente de todo mundo. Entretanto, Adrian fez algo que eu não estava esperando.
Puxou, de leve, o meu braço, para que nossos corpos ficassem próximos um do outro. Gelei no mesmo instante.
Muitos dos nossos colegas, notaram. Aposto que estavam esperando mais uma briga na frente de todo colégio. Mas Adrian e eu não precisávamos mais fingir que nos odiavamos tanto.
— Está tentando me ignorar. — namorou perto do meu rosto. Seu sorriso, no canto da boca, me hipnotizou. Sentir como ser o mundo tivesse diminuído de velocidade, meu coração foi a boca e não pude disfarçar. — Para de mentir para si mesma.
— Não estou fazendo nada. — Meu rosto estava ardendo. Acredito que tomou uma cor avermelhada, de tão constrangida estava. — Não quero perder a primeira aula.
— Eu não quero fingir que nada aconteceu.
— Não tem como fingir. — Acabei deixando escapar. Pigarrei, sentindo que as pessoas estavam prestando atenção em mim. — Nos falamos depois.
— Não vou deixar você fugir, docinho.
Me lembrando do nosso início? Ele acha que é uma boa?
— Eu nunca fujo. — finalmente tomei ciência do ridículo. Não sou uma garota boba, apaixonada. Tenho que me recompor. — Vá para a sua aula. Não vai querer ficar de recuperação.
— Há, mas se isso acontecesse, você poderia me ajudar.
Senti um tom sarcástico e admito. Gosto de conversar com ele. Era sempre um duelo.
— É uma pena, estou um ano amenos.
— O que me faz pensar — Eu até imagino. Para não ficarmos parados na porta, andei adianta, sendo seguida por ele, que passou um dos seus braços sobre o meu pescoço, surpreendendo a todos, inclusive Mary Ann. — Temos a mesma idade, separados por alguns meses, por que não está no último ano?
Revirei o rosto, e curiosamente, deixei que continuasse perto de mim.
— Me mudo com frequência. Por conta do meu pai. Não repeti, se é o que está pensando.
— Não vai mudar agora, não é? — Isso foi uma preocupação?
— Não — resolvi ignorar os olhares curiosos. — Meu pai está se estabelecendo aqui. Se tiver sorte, não saio dessa cidade até ir para a faculdade.
— Hum...
Franzi o cenho, achando estranho a sua reação: desgostoso.
— Quer que eu vá embora logo?
— Por mim, você nunca sairia daqui. — Isso foi, consideravelmente alto. Mary tentou disfarçar, mas não consigo esconder a reação de surpresa. — Sou eu quem não pode... — Então ele notou, olhando para as outras pessoas, incluindo Mary Ann. — Estou preso aqui, esqueceu? — Murmurou no meu ouvido, causando um certo arrepio, ao sentir o calor em meu pescoço.
— Vamos ser positivos. — Olhei para ele. Estava na hora de nos separar. — Talvez isso mude.
Tive o privilégio de presenciar seu sorriso. A curva que seus lábios deu, era charmoso. Me fez lembrar da sensação que foi o beijar.
— Talvez.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora