capítulo 78

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Enquanto Luna se aventurava no corredor da floresta amaldiçoada, seguindo o rastro sombrio até o Livro das Sombras, Adrian via a Alcateia, se aproximar.

Eles estavam praticamente acampados em frente à Casa dos Anciãos, onde o Alfa permanecia em sua tortura demoníaca, com sua alma presa no inferno e seu corpo na terra, sofrendo os efeitos disso.

Todos os dias, a cada momento, um grupo se aproximava para saber sobre o estado dele.

Era como se sentissem a dor e o sofrimento dele, e isso causava muita raiva em alguns. Nathan era a rocha e a cola que unia todos eles.

Apesar de suas atitudes frequentemente controversas, ele havia sido escolhido para substituir o pai.

Desde o início, o homem fazia de tudo para proteger a alcateia. Houve sacrifícios. Ele tentava a todo momento parecer um homem comum e bem-sucedido.

Protegia a cidade dos estranhos, montava estratégias para tornar aquele lugar o mais pacífico possível.

Claro, não era possível evitar tudo. A cidade não era uma propriedade do Alfa ou de qualquer outro lobo ali.

Era noite quando todos se reuniram em frente à grande casa de madeira rústica no meio da floresta. Um lugar totalmente protegido. Só a alcateia conseguia chegar até ali. Quando Adrian viu todos rodeando a casa, pensou no que fazer. O que seu pai diria? Como ele transmitiria confiança e paz para todos, naquele momento?

Adrian sabia que Luna estava fazendo todo o possível. Ele confiava nela. A ligação entre eles afirmava isso. A garota os protegeu e os libertou da maldição. Permanecer como lobo foi a decisão de todos.

Adrian respirou fundo, deu passos para frente e apertou seus punhos tão forte que ficaram pálidos. Nem teve a chance de aproveitar seu aniversário, e já tinha que ser um líder naquela situação.

— O alfa continua desacordado. — Disse ele, quase com medo do que disse. Adrian era só um garoto, que via seu pai se contorcer de dor, e não podia o ajudar. A única pessoa, no qual ele tinha fé, que poderia fazer alguma coisa era Luna, e ele sentia que ela estava em busca disso. — Não sei quando isso vai acabar. — Falou, tristonho.

— A bruxa! — Um deles exclamou.

— Luna está fazendo tudo o que pode.

— A culpa é dela. — outro acusou, fazendo com que Adrian se irritasse. — Só uma bruxa tem o poder para criar aquela coisa.

— Ela nos salvou. — Ele apontou.

— Pode ter sido um teatro para a aceitar.

Outros concordaram, em um burburinho que fez Adrian olhar para todos, incrédulo. Eles estavam sem chão, isso ele sabia. Seu pai estava deitado naquela cama, sofrendo uma dor inexplicável. Ele também estava com raiva, contudo, tinha completa certeza de que Luna nunca faria tal coisa.

— Ela nos salvou. — Falou irritado, em voz alta. Todos eles sentiram aquele sentimento. Adrian, cansado, deixou sua raiva tomar força, o levando a dar mais passos, em direção ao grupo de homens e mulheres. Tinham de todas as idades, desdes os mais velhos aos mais jovens. Adrian nunca se impôs diante de todos, dessa forma, mas não deixaria que Luna levasse a culpa por tudo isso. O garoto não percebeu seu tom de voz, a cara de raiva, o peito estufado, passando a impressão de dominante. — Sim, ela é uma bruxa. E olha o que ela fez. Finalmente podemos sair da cidade. Escolhemos permanecer como uma alcateia, ao invés de simples humanos, e ela fez. Ela foi contra seus pais, contra si mesma para ser a pessoa que iria nos libertar. — Ele parecia incrédulo com a posição de todos. Se esquecia que eles foram criados para odiar bruxas, não amá-las. — Poderia ter deixado meu pai perecer, se essa fosse a ideia.

— Adrian tem razão. — A voz calma de Melissa soou no ouvido de todos. Adrian, então, se virou e encontrou sua mãe, na ponta da escada. Ela parecia tão cansada. A própria se sentia assim, porém, aquela não era a hora de descansar ou chorar. Eles tinham que lidar com o fato de que o alfa não estava ali, e que, qualquer um que pode ajudar, será bem-vindo. — A garota é uma bruxa. Passamos toda a nossa vida, pensando que as bruxas eram seres maléficos e demoníacos, e não é tão mentira, entretanto, aquela garota fez escolhas difíceis. Ela nos libertou, e pode nos ajudar. — Adrian, encarando sua mãe, não sabia como ela podia ser tão boa em convencer as pessoas do que pensa. Era tão paciente que o surpreendia. — Se ela não puder nos ajudar, ninguém poderá. Então, é melhor deixar as divergências para depois.

— Como fica a alcateia, na ausência do alfa?

o Alfa era mais do que um símbolo. Ele era a força em conjunto de todos eles. Os liderava, os aconselhava e quando estavam juntos, era uma força poderosa. Agora, parecia que estavam quebrados, e sem rumo.

— Temos que permanecer juntos. — Falou ela. Melissa olhou para seu filho, que confirmou com a cabeça. — Alguma coisa trouxe aquela criatura. Mesmo que Luna tenha o derrotado, o que nos garante que não há outros?

— Se outro aparecer, o que devemos fazer? — Essa era a dúvida de todos.

— Fiquem longe. — Falou uma voz mais rouca, que saiu dentre os outros, indo em direção à escada que dava para a cabana. Era Philip, um dos lobos mais antigos que existia. Era padre, uma ironia, pensou Adrian. — Analisei as marcas e o sangue que a besta deixou. É um dos demônios mais poderes do inferno. O casador de almas.

— O que isso significa? — Perguntou Adrian. Claro, Luna já tinha dito que era um demônio, mas ela não sabia quem era.

— Significa que há uma brecha entre nosso mundo e o inferno. Ele veio buscar a alma do alfa, e de todos os outros, mas a garota o mandou de volta da de onde veio, porém, outros podem vir. Outros bem pior. — O burburinho ecoou pelas árvores. Todos estavam com medo. — Tem alguns métodos para proteger dessas coisas, e lhes garanto, é melhor ficar em suas casas e não nos enfrentar. Demônios são muito poderosos e para os derrotar, só alguém com um grande poder, e um ótimo exercita.

— Padre, como vamos nos proteger dessas coisas? — Adrian o questionou.

— Vou lhes ensinar. E espero que sua amiga ache a raiz do problema, ou toda a horda do inferno virar para a terra, e nenhum de nós, até mesmo ela, será capaz de detê-los.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora