capítulo 61

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O clima na casa dos Bolton estava tenso. Apesar de ser um dia tradicionalmente festivo e feliz, havia uma atmosfera pesada. Com tudo que já estava acontecendo e os segredos que Adrian escondia de seus pais – ou, no caso, de seu pai – ele parecia suar por todos os poros. Mas precisava fingir tranquilidade. Afinal, qualquer batimento cardíaco anormal seria notado por seu pai, que imediatamente saberia que algo estava errado.

Era um dia especial não só por completar 18 anos, mas por se transformar completamente em um lobo gigante. Ser aceito na alcateia e respeitado por seu pai. Isso também deixava Adrian nervoso. Como seria sua transformação total? Sentiria dor como na primeira vez que se transformou em um híbrido? Perderia a consciência e atacaria os outros? Correria para matar Luna? Apesar de poder controlar a fera dentro de si, Adrian não estava seguro. Muitas pessoas circulavam pela casa, decorando-a para um evento que seria apenas uma fachada para alguns colegas mais próximos. Naquela cidade, as aparências eram prioritárias: quem tinha a maior fortuna, o maior poder político. Então, aquele evento também serviria para mostrar o poder dos Bolton.

Adrian decidiu focar em si mesmo, certo de que Luna estaria segura em sua casa e que, após a cerimônia, ele poderia finalmente ficar tranquilo. Torcia para isso. Entretanto, Nathan, possuído pela magia de uma bruxa, viu naquela noite a oportunidade para finalmente capturar a garota. O verdadeiro Nathan lutava contra sua consciência. Ele sabia que estava preso por Jane, mas parecia que ela havia tomado todas as suas forças. Ela o usava como um boneco para seus planos. Tudo que Nathan queria era gritar e avisar a todos que estava preso. Queria dizer à sua alcateia para irem atrás da bruxa e derrotá-la, mas até sua boca estava selada. Ele estava nervoso, tanto que deixou Melissa curiosa.

Ela conhecia bem seu marido e sabia que ele era um homem de grande autocontrole. Observá-lo agir de forma tão estranha a fez perceber que algo estava errado. Ela podia ouvir os batimentos acelerados de seu coração. Sentia sua pele queimando, suando frio, mesmo com altas temperaturas. Ela não ousaria se aproximar e perguntar o que estava acontecendo, pois Nathan nunca admitiria. Preferia observá-lo, esperando descobrir seu segredo. Ela sorriu e caminhou até ele. Seus saltos ecoavam pelas paredes. Pessoas que não pertenciam à sua alcateia, nem ao convívio diário, passeavam pela casa, o que significava que deviam agir como simples humanos.

Melissa pousou a mão no ombro de Nathan, acariciando-o. Ao olhar mais de perto, notou que suas pupilas estavam dilatadas além do normal. Ela olhou fundo nos seus olhos, buscando uma resposta. E o que encontrou foi que ele não parecia ser seu marido.

- Ansioso para hoje? – Ela o questionou, arrumando a sua gravata. Mais de perto, dava para sentir a sua respiração ofegante, mas Melissa não demostrou uma reação, preferia o cercar, até entender o que estava acontecendo.

- Sim, eu... – Nathan abriu a boca, parecendo querer dizer alguma coisa. Melissa franziu o cenho, ao ver seu marido parecer estar engasgado com as palavras. – Quero que tudo saia perfeito.

Isso foi estranho. Ela sentiu, na ponta da sua língua, as palavras que o colocaria contra a parede, porém, não as disse.

- Não se preocupe, tudo ocorrera como o planejado.

Sem dizer uma palavra, Nathan saiu da sua frente, a deixando ainda mais assustada. Ela não entendia o que aconteceu com o marido, para ele agir daquela forma. A mulher não podia o deixar sair, daquele jeito. Foi até a porta da mansão, desceu os pequenos degraus, observando o homem praticamente correr para seu carro, que estava estacionando na frente da casa.

Ela, então, avistou alguém. Um membro da alcateia, que trabalhava como segurança dos Bolton. Melissa foi discreta, murmurou um comando, para que ninguém a ouvisse: Vá atrás dele. O vigie. Algo está errado, com o Alfa.

O homem, de quase dois metros, arregalou os olhos, dando uma olhada no caro, que saia em disparada. A missão dos membros da alcateia, era proteger servir o alfa, e se algo estivesse errado, isso poderia afetar a todos.

***

A música tocava no andar de baixo, mas Adrian desejava a todo momento que aquilo acabasse o mais rápido possível. Ele tentava se arrumar em frente ao espelho, completamente nervoso. Já tinha tentado quebrar o gelo naquela festa várias vezes, mas sempre falhava. A música era melódica e calma, um clássico para agradar a todos os convidados que apareceriam ali. Era mais para eles do que para ele mesmo.

Quando se sentiu nervoso demais e achou que não conseguiria, jogou pedaços de pano na cama e decidiu descer daquele jeito. Deixou alguns botões da camisa branca abertos, reforçando sua determinação enquanto tentava dissipar o nervosismo. Saiu pelo corredor, encontrando o corrimão que levava às escadas. Desceu cada degrau lentamente, tentando parecer mais tranquilo do que realmente estava.

A festa terminaria às nove, pois no pico da lua cheia, ele se transformaria. Precisava ir para o ritual que aconteceria a poucos metros dali, onde toda a alcateia e os anciãos o esperavam para a cerimônia de passagem. Era uma tradição que unia a todos, assim como seu pai antes dele. Quando chegou ao último degrau, pegou uma taça de champanhe de um garçom que passava, bebendo-a de uma vez só antes de devolvê-la à bandeja. Caminhou até o centro da sala, onde seus amigos o cumprimentaram com sorrisos e apertos de mão.

Não muito longe dali, Luna se preparava para sair. Ela tomava decisões difíceis. Seus pais sabiam quem ela era e que sair pela porta da frente poderia ser perigoso. Mesmo assim, os adormeceu e saiu de casa, esperançosa de que nada de ruim acontecesse com eles. Apenas uma bruxa poderia quebrar aquele feitiço, e essa bruxa era ela mesma. Segura de si, mas tensa, Luna desceu as escadas, dando uma última olhada em seus pais adormecidos, e se dirigiu para a porta da frente. Ao sair, a casa foi selada por uma proteção invisível.

Eu tinha que confessar que estava nervosa. Seu coração batia tão rápido que parecia que poderia sair do peito. Mas essa era a única maneira de acabar com todo o mal que havia ocorrido. Ela precisava derrotar uma bruxa, proteger a alcateia e libertá-los daquela maldição. O motorista, no qual ela havia hipnotizado, abriu a porta do carro rapidamente. Ela entrou e se sentou no banco do passageiro, enquanto ele se acomodava no volante. Partiram em direção à mansão dos Bolton.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora