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Tudo parecia estar em câmera lenta. As sombras, guiados pela bruxa, naquele instante, estavam quietos. Lobos, não atacavam, apenas observando aquele momento em que Luna se via cheia de ódio e fúria.

Adrian sentiu aquilo. Seus sentimentos, se mesclavam com os dela, e ele previu que algo muito ruim, ou, outra coisa tão ruim quanto, estava prestes a acontecer. Elisabete, segurava o corpo do marido, chorando, desesperada. Quando saiu de casa, não sabia que isso poderia acontecer, ou não teria permitido que ele saísse. No fundo, ela se culpava. Outra, que sentia o peso daquele momento, e se martirizava, por não proteger sua família, era a própria Luna, que com seus olhos cheios de raiva, invocou o caos, a partir do livro das sombras.

Daquele momento em diante, quem estava ali, usando os poderes da feiticeira. Era o próprio caos, que se usava da raiva, para cegar a garota. Usar o livro das sombras requer uma troca, Luna só não sabia disso.

— Eu só queria o Alfa e a alcateia, mas você foi teimosa e intrometida. — Luna se levantou do chão, ainda de cabeça baixa. Sua mente estava repleta de escuridão, impedindo ela de pensar. A voz da bruxa lhe causava náusea. — Não pode me culpar por reagir.

Assim que ela lhe fuzilou com os olhos, todos perceberam que não era a Luna, ali. Adrian voltou a sua forma humana, correndo até ela, porém, a garota levantou vôo, criando um vórtex que atingiu a todos, como uma ventania.

Com o livro das sombras, ela tomou o poder sobre as criaturas sombrias, engolidas de uma só vez, como poeira. A bruxa, seguiu Luna, e uma batalha no ar, se formou.

— Luna, onde você está? — Se perguntou Adrian, olhando para as duas, no meio do caos, formado pela nuvem sombrias, com raios escarlates.

— Ela está cega. — Comentou Elisa, enquanto todos observavam o que aconteciam. Não havia com que lutar, já que a feiticeira se livrou deles como um passe de mágica. — O livro das sombras a corrompeu.

Finalmente, sua reivindicação havia sido cobrada, e ela podia usar os feitiços contidos no livro. Do chão, a alcateia observava em silêncio, seus olhares fixos na batalha celestial que se desenrolava acima. Sua mãe, ajoelhada, segurava o corpo inerte de seu pai, lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto.

Ao lado de Luna, flutuando com um sorriso maligno, estava a bruxa responsável por toda aquela dor. As duas se encaravam, e cada movimento de suas mãos criava raios e explosões de energia que iluminavam o céu. Luna estava cega, guiada apenas pelas sombras que a envolviam e sussurravam promessas de vingança em seus ouvidos. A bruxa, por sua vez, usava toda a sua força maligna para tentar derrotar a garota. Mas Luna era mais poderosa, e com o poder das sombras a guiando, seu poder parecia multiplicar-se a cada segundo.

A bruxa, porém, não estava lutando sozinha. Seu corpo era o de uma amiga querida de Luna, mas a alma que o habitava era demoníaca e impiedosa. Luna, tomada pelo desejo de vingança, não pensava nisso. Ela atacava sem piedade, lançando a bruxa contra árvores e pedras, cada impacto acompanhado por um estrondo ensurdecedor.

De repente, runas brilhantes apareceram no céu, formando um círculo ao redor da bruxa e prendendo-a em uma prisão de luz. A bruxa, surpreendida, lutou contra as amarras mágicas, mas foi em vão. Luna havia usado um feitiço de exorcismo. Contudo, ela não pretendia apenas expulsar o demônio. Ela tinha um plano maior em mente.

Com uma voz carregada de poder, Luna começou a invocar o demônio que havia roubado a alma de Nathan. A bruxa, ao perceber o que estava acontecendo, arregalou os olhos em terror. Ela sabia que aquele demônio era uma entidade de poder imenso, capaz de destruir tudo em seu caminho.

A cada palavra de Luna, o ar ao seu redor parecia vibrar. As sombras dançavam freneticamente, e um vento gelado começou a soprar pela floresta. O demônio estava chegando. Luna sabia que essa era sua chance de punir a bruxa definitivamente. Ela não apenas queria vingança pela morte de seu pai, mas também queria garantir que a bruxa nunca mais pudesse fazer mal a ninguém.

Quando a invocação estava completa, uma figura sombria emergiu do chão, seus olhos brilhando com uma luz vermelha intensa. A bruxa tentou lutar contra suas amarras, mas era inútil. O demônio se aproximou, e Luna, com um sorriso sombrio, ofereceu a alma da bruxa como troca pela de Nathan.

— O que ela está fazendo? — Adrian arregalou os olhos. Tanto a bruxa, quanto Luna, voltaram ao chão.

— Acha que pode me invocar e manipular, garota? — O ruído rasgava o ar, trazendo arrepios congelantes para todos.

Luna sorriu, maliciosamente. Seus olhos estavam fundos, como se ela não tivesse dormido há dias. Olhos profundos e cheios de dor. Sua alma transmitia seus sentimentos, e estava escancarado para todos verem.

— Só estou fazendo um acordo justo. — Disse ela, segura de si. Luna sabia que: caso ele não aceitasse, poderia o derrotar. O poder em sua mão, era maior do que imaginava, e isso lhe dava muito confiança. — Sei que, aquele que tortura e pega para si, lhe dá muito poder. — A garota passou a andar de um canto a outro, rodeando a presença demoníaca, que se via preso nos seus argumentos. — O alfa é um ser sobrenatural de muito poder, mas, o que pode ganhar com uma bruxa milenar?

— Não pode fazer isso. — A mulher se opôs. Ela já tinha feito um acordo. Lhe deu uma alma valiosa. — Eu já estou no inferno.

— Está aqui agora. — Lembrou, Luna. — Sabemos que uma alma, que não foi criada lá, pode absorver grande poder e resistência, imagine Uma alma, que passou milênios, e tem um poder como o dela. Acredito que seja um alimento valioso.

— Propõe uma troca? — Isso dizia que ele estava se interessando. Tanto que não tirou os olhos da bruxa, que arregalou os olhos e engoliu em seco.

— Tenho pacto aberto, não pode…

— Pelo que sei, seu acordo era ficar no inferno e, se ir com o ceifador de almas, dá no mesmo. — Explicou Luna.

— E se eu ficar com os dois? — Os olhos avermelhados se tornaram maiores, com a ganância.

— Não! — Luna fez um movimento, fechando a sua mão, apertando a garganta do ser maléfico, que se sentiu sufocado. Ele não sabia como quela garota humana podia ter tal poder sobre ele. — Eu o invoquei, tenho poder sobre você, agora, e vai me trazer o que quero. — Adrian entendia que Luna estava tentando trazer seu pai de volta, porém, estava assustado com o que via. Não era a Luna por quem ele se apaixonou, ali. — Traga Nathan de volta e eu dou a bruxa.

— Você é ousada. — Debochou. Luna o soltou, e a besta andou até a mulher, que parecia congelada, sem poder fugir. Ele aproximou suas narinas, sentiu o cheio de sua alma, sentindo o poder que emanava. — É forte.

— Sem o alfa, sem acordo. — Puxou a bruxa, tirando-a de perto dele.

A besta demoníaca abriu um portal, mostrando Nathan, cansado, preso por seus braços e pernas, por correntes grossas. Adrian quase correu até lá, porém, ficaria preso no inferno, se fizesse isso. Por isso Luna o impediu.

O garoto a encarou e entendeu, ficando calado. O demônio fez um movimento e o soltou, fazendo com que ele desaparecesse dali, entretanto, Nathan acordou, na cama, na cabana. Melissa correu até onde ele estava, o abraçando e vasculhando, para saber se tudo estava no lugar.

Após isso, Luna começou o exorcismo, tirando a bruxa do corpo de sua amiga, e assim que conseguiu, não demorou muito para que o ceifador a pegasse e a arrastasse para o inferno, fechando o portal.

Mary Ann caiu do chão, desacordada. Aparentemente, tudo estava bem com ela. O céu, voltou ao normal. Já era hora de guardar as sombras. Só que após isso, ela tinha que lidar com a morte do seu pai.

Luna andou até onde seu corpo estava, voltando a ser a mesma garota. Um buraco se formou no peito. Ela não podia aceitar isso. As lagrimas rolaram sobre seu rosto, enquanto Adrian corria até a cabana, encontrando seu pai, acordado.

Ali, a alcateia não podia negar que, Luna, apesar do seu lado bruxa, estava do lado deles. Ela fez algo arriscado, e acabou perdendo alguém que amava. Já Luna, entendeu o que sua outra eu havia dito. O livro a corrompia, e lhe cobrou um alto preço.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora