Capítulo 48

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A história dos Vargas vai muito além dos grandes prédios multinacionais que acumulam fortunas bilionárias ao redor do mundo. Essa família milenar passou séculos servindo a uma tradição que ainda está viva: caçar seres sobrenaturais.

Muitos dos Vargas deixaram a profissão de caçador e passaram a trabalhar em escritórios, mas dentro de cada um ainda existe aquele instinto primitivo. Por isso, quando ouvem histórias bizarras de ataques sobrenaturais a humanos, eles agem como policiais sobrenaturais, investigando e caçando essas criaturas.

Lorenzo não se mudou para aquela cidade por acaso. Além de ser a cidade natal de sua esposa, Elisabete, ele havia observado que uma grande alcateia estava perdendo o controle, com lobisomens gigantes atacando pessoas.

Era intrigante, pois aqueles lobos não deixavam a cidade, nem mesmo os Ômegas, lobisomens que permaneciam em sua forma animal o tempo todo. Isso não acontecia fora daquela cidade, e Lorenzo decidiu levar sua família para lá, procurando um refúgio tranquilo longe da movimentada Londres.

Contudo, por trás das aparências, Lorenzo não apenas comandava um grande escritório; ele também caçava, observando a dinâmica da matilha durante os meses em que esteve ali.

Ele percebeu que muitos jovens lobisomens, após a transformação, raramente voltavam à forma humana e não obedeciam ao alfa, vivendo isolados na floresta densa. Recentemente, Lorenzo viajou a Londres para pedir ajuda.

Ele reuniu seus irmãos, sobrinhos, primos e tios, formando uma equipe para ir a North Weland e caçar cada um dos lobisomens descontrolados, protegendo assim a cidade. Mas Lorenzo não tinha ideia de que sua filha estava profundamente envolvida com a situação, envolvida o suficiente para impedir que seu pai cometesse tal crueldade.

E lá estavam eles, chegando na cidade pacata de aproximadamente 15 mil habitantes, onde uma boa parte da população era composta por lobos.

Lorenzo estudou muito bem durante todo esse tempo. Parecia haver uma bruxaria que os prendia lá dentro, pois nenhum daqueles lobos ia para a cidade vizinha ou ultrapassava o limite da cidade.

Ele ainda não entendia completamente, mas acreditava que tudo isso começou com uma família de bruxas, talvez a família de sua esposa, que também passou muito tempo presa nesta cidade. Diferente dos lobos, as bruxas conseguiam sair do limite, assim como Elisabete, que agora estava casada com um caçador.

Lorenzo parou, no meio da floresta densa, onde se reuniu com sua prima Lisa e seus tios, lembrando do passado, de quando conheceu Elisabete. Um frio passou por sua espinha, tornando seus medos, quase reais.

Quando conheceu Elisa, ela era a jovem mais bonita que ele já tinha visto. Ele estava caçando um bruxo a pedido de seu pai e, no meio do caminho, encontrou Elisabete.

Naquele momento, ele não sabia quem ela era ou o que ela era. Mas, com o passar do tempo e com o amor crescendo entre eles, Lorenzo descobriu o segredo da família dela. Elisabete sempre murmurava que sua mãe era louca e que essa história de bruxaria era mentira. Naquele momento, Lorenzo acreditou que Elisabete não tinha poderes ou se recusava a ser como sua mãe.

Foi então que ele decidiu esconder esse segredo, pois, se seu pai soubesse, certamente mataria a mulher que ele amava. E assim era até hoje. Ninguém na família sabia que Elisabete vinha de uma família de bruxas, e Lorenzo nunca tocaria nesse assunto.

O que Lorenzo não sabia era que sua filha havia despertado esse poder, um instinto que era maior do que o de uma bruxa. Isso o intrigava. Lorenzo sentia que sua filha era diferente.

Isso o preocupava, pois, o homem esperava que ela segue-se a tradição da família, contudo, da última vez que ele tentou a apresentar a caça, nada sobrenatural, ela se mostrou contraia. Pior, ele sentia que ela havia despertado uma força fora do comum.

Desde o momento que chegou a essa cidade, Luna parecia estar distante. Mais do que o comum.

Ele amava a sua filha e faria de tudo para a proteger, e rezava para que ela tenha puxado a sua família, e não da mãe. Caso contrário, ele teria problemas em protege-la, até mesmo da sua família.

Três dos membros da família de Lorenzo caminhava pela trilha sinuosa e escura, cercada pela densa vegetação da floresta. As folhas sussurravam com a brisa suave, e o cheiro de terra molhada invadia o ar.

De repente, o silêncio da floresta foi quebrado por um uivo distante, profundo e gutural. Lorenzo parou imediatamente, os pelos de sua nuca se arrepiando. Ele conhecia bem aquele som - não era o uivo de um lobo comum. Era algo mais grave, mais primitivo, um som que reverberava com uma força sobrenatural.

Lisa, sua prima, estava ao seu lado, os olhos brilhando de excitação. Nos seus trinta e poucos anos, ela havia se tornado uma caçadora experiente, com um sorriso predatório sempre à espreita quando surgia uma oportunidade de caçar lobos.

Para ela, aquele uivo era como música para os seus ouvidos, uma promessa de adrenalina e desafio em uma cidade que ela considerava tediosa.

- Está vendo, eu disse que seria uma aventura. – Ela saltitava, com os olhos brilhando. – Acha que é um Ômega?

Lorenzo respirou fundo, sabendo que Lisa seria um problema.

- Lembre-se que não devemos passar dos limites. – Ele disse, sério, como sempre. – A alcateia é bem grande, os membros são integrados na sociedade daqui. Nós somos os intrusos.

- Achei que estava precisando de ajuda? – Ela levantou uma de suas sobrancelhas loiras.

- Preciso que os ômegas sejam detidos, mas facilmente, podemos chamar a atenção do Alfa.

Ela revirou os olhos e disse, sem preocupação.

- Então matamos ele também.

Lorenzo viu sua prima, andar em sua frente, olhando para as grandes arvores, e se arrependeu de ter a trazido.

O tio e o pai de Lorenzo, por outro lado, estavam visivelmente preocupados. Lorenzo já havia mencionado a grande alcateia que habitava aquela floresta, um grupo complexo com suas próprias regras e hierarquias.

Eles sabiam que não poderiam simplesmente caçar todos os lobos impunemente. Existia um código entre os caçadores mais experientes: atacar apenas se fossem atacados e focar apenas nos ômegas - lobos solitários e ferozes que não seguiam as regras da alcateia.

Contudo, os mais jovens da família Vargas muitas vezes ignoravam esse código. Para eles, a caça era sinônimo de diversão, uma oportunidade de mostrar sua coragem e habilidade.

Lisa personificava essa mentalidade. Enquanto os mais velhos ponderavam sobre as consequências, ela via apenas a emoção do momento.

Enquanto isso, na mansão, o restante da família já se acomodava. No quarto, Luna estava sentada, os olhos fechados, concentrando-se nas sensações ao seu redor.

Ela podia sentir, ouvir e prever eventos futuros, coisa que a deixou com os pelos arrepiados.

Ao abandonar seu lado bruxa, que tinha ligação com a bruxa primordial, ela podia ser livre e seus poderes não tinham um limite, dando a ela a habilidade de controlar tudo ao seu redor.

Luna abriu os olhos e se levantou do chão, onde havia visto um grupo de pessoas atrás de um lobo gigante. Bem, não era algo simultâneo, ainda iria acontecer. Era noite, eles estavam correndo, com armas e flechas, o que significava que eram caçadores.

A garota se irritou, pois já tinha muito com o que se preocupar, e ter caçadores na cidade, só aumentava o problema.

- Era só o que me faltava. – Murmurou, irritada. – Posso ter poderes, controlar as coisas, mas tenho tanto para resolver. – Ela pôs as mãos na cintura, pensando. – Tenho que avisar o Adrian. – Foi em direção ao seu telefone, rapidamente. Ela temia que alguma coisa acontecesse com ele. Luna se limitou a mandar uma mensagem pequena e enfática: "Tem caçadores da cidade. Tive uma visão estranha, onde eles estavam atrás de um lobo. Tome cuidado." – Caçadores não só caçam lobos, eles também vão atrás de bruxas. Talvez possam pegar aquela idiota, antes que possa cometer outro crime.

Bem, não era tão simples. Os caçadores faziam parte da sua família, e ela não sabia, e eles estavam focados em caçar lobos. 

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora