capítulo 54

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Luna e Nathan chegaram ao círculo de sacrifício, onde a bruxa os esperava. Jane ainda não sabia que Luna havia quebrado o feitiço que ela lançara sobre Nathan. Mesmo odiando aquela situação, Nathan continuava esperando que tudo se resolvesse. Em seu estado atual, ele odiava muito mais Jane do que Luna. Deixaria a garota para o final, por enquanto. Tentaria se livrar da mulher experiente que o dominara, esperando que ele fizesse tudo conforme o seu desejo.

  Em poucos passos, perto das grandes pedras que rodeavam o altar, Luna sentiu a magia e o poder emanando daquele lugar. Quando pisasse dentro do círculo, estaria presa, e talvez seus poderes não surtissem efeito. Ainda era uma menina com muito a aprender sobre si mesma e seus poderes. Mas o destino parecia acelerar esse processo. Ela não sabia a extensão do seu poder, mas tentaria usar toda a força possível para derrubar Jane.

  Eles fingiram que nada estava acontecendo. Nathan parou-se a dois passos do círculo de pedra. Já Luna atravessou, pisando do outro lado. Sentiu uma energia emanar, fechou os olhos como se tivesse sido atingida por uma forte brisa da noite. A lua cheia estava no auge, e os poderes estavam ainda mais fortes. Assim como o da bruxa, mas, diferentemente de Jane, Luna era uma feiticeira que não jogava com as regras da bruxaria. O caos dentro dela não tinha amarras, e seria interessante testá-lo naquele momento.

  Então Jane apareceu. Não vestia as mesmas roupas de antes. Estando no século XXI, precisava agir como uma simples mulher, mas naquele momento deixou isso de lado. Vestiu suas roupas mais clássicas, com um enorme vestido de algodão, característico de séculos passados. Ainda jovem, bonita e sorridente, seu rosto parecia brilhar. Luna respirou fundo e deu passos adiante. Tinha que ser forte e determinada, sem demonstrar o medo que sentia.

  Nathan observava atentamente, sua mente fervilhando com a necessidade de resolver aquilo de uma vez por todas. A tensão no ar era palpável, como se o próprio vento aguardasse em suspense. Luna e Jane se encararam, duas forças poderosas prestes a colidir, cada uma determinada a prevalecer. No silêncio que se seguiu, a noite parecia conter a respiração, aguardando o desfecho inevitável.

  — Finalmente está aqui.

  Luna revirou os olhos e cruzou as mãos na frente do corpo. Por mais que tentasse disfarçar, estava nervosa. Afinal, não era de ferro.

  — Vamos direto ao ponto. Você queria que eu estivesse aqui, e olha onde estou. O que quer agora?

  Assim como na visão, Luna viu o poder da bruxa evidente, como uma luz roxa que revelava as runas de aprisionamento. Foi graças a isso que ela descobriu Jane, usando a mesma técnica para aprisioná-la. Fora do círculo, Nathan, em passos curtos, jogava calculadamente as pequenas pedras polidas que Luna lhe dera. Cada uma posicionada a dois passos do lado de fora do círculo de pedras que rodeava o altar. Jane estava tão empolgada e fixada em Luna que nem o percebeu.

  — Você é igual às outras, sabia? — disse Jane, continuando seu jogo, como se finalmente pudesse falar abertamente com alguém. Secretamente, Luna tentava puxar seus poderes, mas falhava. Parecia uma garota comum naquele momento. — Durante anos, venho tentando roubar o que era meu por direito.

  — Querida, isso é clichê demais — respondeu Luna, irritada. Por dentro, ela se sentia uma inútil por não conseguir agir. Então se tocou que aquelas runas faziam mais do que prendê-la naquele círculo. Elas também a impediam de usar sua magia. — Vá direto ao ponto, tenho aula amanhã.

  — Acha que isso é uma piada? — Irritada e com um movimento de mão, Jane levitou o corpo de Luna, trazendo-a para mais perto. A garota sentiu como se alguém a segurasse pelo pescoço, tirando seu ar e sufocando-a. — Sabe o quanto sacrifiquei para...

  — Ei, solta a garota! — A voz de Nathan soou em seus ouvidos, fazendo Jane rir. Uma gargalhada esquisita e irritante.

  — Vou cuidar de você e do seu bandinho de merda depois. — Com a outra mão, ela fez um movimento e lançou o corpo de Nathan contra uma árvore. — Já você — apertou ainda mais o pescoço de Luna. Ela a encarava, com raiva nos olhos. — Você vai me dar o que quero. — Jane levou Luna para a pedra do sacrifício, fazendo-a deitar. Depois disso, liberou sua garganta, mas prendeu seus pés e mãos com uma corda invisível, usando bruxaria. Tudo o que Luna via era a lua, brilhante. — Não vai soltar nenhuma piada mais?

  — Estou guardando as minhas energias para acabar com você.

  E novamente ela ouviu a gargalhada irritante, que a fez revirar os olhos.

  — Vamos ver até quando vai brincar. — A mulher abriu as mãos, levantando a cabeça e fechando os olhos, sentindo a energia. Aquele lugar não foi feito ali atoa. Era um templo que conectava os poderes da noite com os das bruxas. Jane estava usando isso para se nutrir do caos dentro de Luna. — Está na hora. — Falou, ao soltar o ar, preso em seus pulmões.

  Então, Luna sentiu a energia saindo do seu corpo. Era como se perdesse as forças. E isso doía, tanto que a fez se contorcer.

  Não muito Longe dali, Adrian olhava para todos os cantos da casa, em busca de Luna e de seu pai, e não os encontrou.

  O garoto começou a ficar nervoso, sentindo que estava se desconectando da realidade. Tudo o que conseguia ouvir era o som do seu coração batendo.

  Melissa alcançou seu filho, o olhando no rosto e lhe disse:

  — Adrian....

  — Ele a levou. — A disse, quase perdendo as forças. Adrian pôs a mão no peito, sentindo um peso estranho. Ele estava se transformando.

  Então, sabendo que algo eminente poderia acontecer, ele sair, apressadamente, passando pelas pessoas, que viam que algo estava errado. Ao chegar do lado de fora, Adrian só conseguia sentir raiva.

  Ele não percebia o que estava acontecendo. Apenas sentiu seus olhos vermelhos, e os ossos do seu corpo, se moverem. Melissa correu atrás dele, com medo do que estava prestes a acontecer. Aquela não era hora para isso, mas algo estava acelerando o processo de transformação dele.

  — Adrian! — Gritou. Ela viu o filho adentrar a densa floresta, que ficava perto dali, e depois, ouviu o rangido da besta. Melissa parou, gradativamente, de correr, e por conta da escuridão e da pelagem escura, ela só conseguiu ver os olhos vermelhos do filho, que havia acabado de se tornar um lobo gigante. Não como antes, uma fera híbrida, com características humanos. Dessa vez, era totalmente lobo. Então, Adrian seguiu seu instinto, sumindo no meio da floresta — Merda!

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora