Capítulo 30

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Luna estava em frente ao espelho, terminando de se arrumar para o encontro em pares. Ela não estava nem um pouco animada para sair de casa, muito menos para um encontro. Suspirou, ajustando a alça fina do vestido preto de bolinhas. Trocar a roupa duas vezes não ajudou em nada; acabou aceitando o que vestia agora. Por cima, vestiu uma jaqueta preta, e calçou suas botas de sempre. Estava ansiosa e nervosa, mas não pelo encontro com o colega de escola. Adrian estaria lá. Mesmo depois da revelação decepcionante de mais cedo, uma parte dela ainda tinha esperanças e desejava vê-lo.

Luna passava a mão pelo cabelo, tentando controlar os fios teimosos. "Por que ele tinha que ser tão complicado?" pensava. Adrian era um mistério que ela não conseguia decifrar. Cada tentativa dele de afastá-la só aumentava seu interesse. Disse a si mesma que não importava o que acontecesse, iria descobrir o que realmente se passava por trás daquela fachada.

Seus pais ainda não tinham voltado de Londres. Deixaria um recado com a governanta, dizendo que iria sair com alguns amigos e voltaria cedo. Respirou fundo, deu uma última olhada no espelho e saiu do quarto. "Vai ficar tudo bem," murmurou para si mesma, embora não estivesse convencida. A noite prometia mais do que apenas um encontro.

Adrian estava no quarto, olhando-se no espelho e ajustando a gola da camisa. Ele estava nervoso, e isso o irritava profundamente. "Por que esses sentimentos ficam tão perturbados quando a Luna está por perto?", ele se perguntava. Tentava afastá-la, dizendo aquelas coisas cruéis, mesmo sem querer. Ele havia se colocado naquela situação e não sabia como sair. O ciúme o consumia ao pensar nela sozinha com seu colega, e foi isso que o levou a se intrometer no encontro que deveria ser apenas entre os dois.

A presença de Luna na cidade havia virado sua vida de cabeça para baixo. Ela não era apenas uma garota irritante e desconhecida; ela era uma ameaça. As ancestrais dela haviam transformado a vida da família dele em um inferno, e a simples ideia de seu pai descobrir que uma descendente da bruxa primordial estava por perto o aterrorizava. Afastar Luna era uma forma de proteção, não só para ele, mas para todos ao seu redor. Qualquer suspeita poderia atrair os caçadores e trazer consequências terríveis.

Enquanto ele tentava controlar a ansiedade, sua mãe entrou no quarto e o encontrou naquele estado. Ela nunca tinha visto seu filho tão nervoso, especialmente se preparando para um encontro. Ele tentou disfarçar, mas sabia que sua mãe o conhecia bem demais para ser enganada.

— Adrian, o que está acontecendo? — ela perguntou, com uma preocupação evidente no olhar.

Ele suspirou, tentando encontrar as palavras certas.

— Nada, mãe. Só... é só um encontro, nada demais.

Ela arqueou uma sobrancelha, incrédula.

— Não me venha com essa, Adrian. Nunca vi você assim. É sobre essa garota, Luna, não é?

Adrian desviou o olhar, incapaz de esconder a verdade.

— Eu só... não sei o que pensar dela. Ela me deixa confuso, e é irritante.

Sua mãe se aproximou, colocando uma mão gentilmente em seu ombro.

— Isso é uma forma de dizer: estou com ciúmes.

— Mãe! — A repreendeu. — Só vou acompanhar um amigo.

— Então me diga, porque aceitou ir em um encontro do seu amigo?

— Vou acabar me atrasando. — Tentou fugir. — Não vou chegar tarde. — Beijou sua testa.

Luna empurrou a porta da pista de boliche, sentindo o aroma familiar de óleo de pista e batatas fritas. Mary Ann, ao seu lado, sorria de orelha a orelha, ansiosa pelo encontro duplo que ela mesma havia marcado. Luna, por outro lado, sentia uma mistura de revolta e curiosidade. Detestava encontros, especialmente quando envolviam Adrian. Ainda assim, a pista de boliche tinha algo de interessante e, sendo ela tão competitiva, talvez a noite tivesse um lado bom.

O ambiente era casual, com luzes suaves refletindo nas pistas perfeitamente polidas. Grupos de amigos e casais jovens ocupavam algumas mesas, enquanto crianças corriam ao redor de seus pais, carregando bolas coloridas. Ao fundo, uma jukebox tocava músicas dos anos 80, dando um toque nostálgico ao lugar. O bar ao lado servia lanches simples e milkshakes, e Luna podia ver um casal compartilhando um enorme sundae. Era um ambiente acolhedor, perfeito para uma noite tranquila.

Luna apertou a jaqueta contra o corpo, sentindo o friozinho do ar-condicionado. Mary Ann, com os braços entrelaçados aos dela, caminhava em direção às mesas. Ao longe, um rapaz acenou. Luna não se lembrava do nome dele, mas ele estava com Adrian. E era Adrian que prendia toda a sua atenção.

Adrian levantou-se, a jaqueta preta contrastando com a camisa da mesma cor. Estava casual, mas cada detalhe nele parecia meticulosamente pensado. Seus cabelos negros caíam levemente sobre a testa, dando-lhe um ar despretensioso e ao mesmo tempo cativante. Ele não parecia exatamente feliz, mas havia algo em sua expressão — um misto de ciúme e admiração — que fez o coração de Luna bater mais rápido.

Ela sabia que ele estava impressionado, tanto quanto ela estava. O vestido que Luna escolhera, simples, mas elegante, parecia ter sido a escolha certa. Adrian olhava para ela como se fosse a única pessoa naquele lugar. A raiva que sentia por ele parecia dissipar-se ligeiramente ao perceber que, talvez, a noite pudesse ser interessante de um jeito que ela não esperava.

Anthony Miligan estava nervoso enquanto observava Luna e sua melhor amiga, Mary Ann, se aproximando da festa de boliche. Desde o primeiro momento em que pôs os olhos em Luna, ele se encantou por ela. Sua beleza e carisma eram hipnotizantes, mas Miligan era tímido e reservado, o completo oposto de seu melhor amigo, Adrian. Adrian era o tipo de cara que conseguia tudo o que queria com facilidade, mas, curiosamente, não saía com nenhuma garota, o que deixava Miligan ainda mais confuso e chateado com a situação.

Quando Anthony se propôs a ir ao encontro com Luna, tudo ficou mais difícil. Ele sonhava em ter um momento a sós com ela, para conversar e conhecê-la melhor, mas aceitaria aquela situação como um início. Adrian, por outro lado, estava cheio de ódio.

Ele não entendia por que Luna o deixava tão perturbado, já que ela deveria ser apenas mais uma garota com quem ele tinha um acordo. Mas quanto mais ele a conhecia, mais próximo ele se sentia, desenvolvendo um carinho inexplicável que o fazia agir e falar coisas que ele normalmente não diria.

Luna, por sua vez, rezava para que a noite passasse rápido. Tudo aquilo era culpa de Marianne, que aceitou o convite de Miligan sem consultá-la. Quando finalmente chegaram perto dos dois meninos, Luna deu um sorriso tímido e os cumprimentou. Miligan, visivelmente nervoso, tropeçou nas palavras ao tentar responder.

Seu rosto ficou vermelho e ele desviou o olhar, tentando encontrar algum conforto no fato de estar finalmente ao lado da garota que tanto admirava.

- Você está linda. – conseguiu dizer.

Adrian revirou os olhos, com o comentário, mas só Luna conseguiu notar.

- Obrigada. – Respondeu. – Mary está deslumbrante, também. – Comentou, sentindo falta do elogio, contudo, a garota tinha intenção de desviar a atenção deles.

- Claro – Miligan sentiu que foi indelicado. – Você está muito linda.

Mary Ann ficou vermelha. Ela nunca foi elogiada dessa forma por um garoto.

Continua....

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora