capítulo 68

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Ele estava presenciando uma briga entre Adrian e seu pai, pensando que poderíamos usar este tempo para fazer alguma coisa. Não dava para convencer Nathan de alguma coisa naquela hora. Então, eu resolvi agir, assim como queria as minhas ancestrais e minha avó. Voltei para o altar, onde eu me concentrei. Buscar uma alternativa e alguma resposta para quebrar aquele feitiço. Dentro de mim mesmo, eu senti o poder que emanava da cidade, inclusive daquele altar, que era a ligação mais forte com o Bruxa do Mordeal. Eu teria que lutar contra este poder, mas ela não era exatamente como Jane, aquela que acabo de derrotar. Na verdade, a Bruxa primordial tem um poder mil vezes maior e, de alguma forma, ela ainda vive aqui.
— O que está fazendo? — Minha mãe apareceu. Ela ainda continua preocupada. Claro, uma matilha estava ao nosso redor. Éramos duas, pois todas as outras já estavam mortas, entretanto, eu não tinha interesse em brigar com os lobos. — Temos que voltar para casa.
— Não posso ir até quebrar esse feitiço. — Respondi, olhando para frente e me concentrando. Era mais do que um desejo de desfazer algo, a magia usada só poderia ser quebrada pela bruxa que fez... — O sangue dela. — Me toquei, orgulhosa de mim mesma. — Por isso tem que ser eu? — Perguntei a minha avó, que confirmou com a cabeça, exibindo um sorriso no rosto. — Mas... Como..?
— Você pode ver o passado, apenas tocando em algo que já esteve lá. — Explicou.
Estendi a minha mão e coloquei sobre a pedra onde antes eu estava deitada, pronta para ser sacrificada. Eu me concentrei o bastante para poder ver tudo o que a pedra presenciou naquele dia. Então, fui jogada para o passado, onde a bruxa primordial fez o seu pacto e usou pela primeira vez o seu poder. Ela estava mais jovem do que a última vez em que a vi. Estava com lágrimas em seus olhos e eu sentia a raiva e a dor que ela tinha dentro de si. Mas nada disso justificava tudo o que fez e o que estava fazendo ainda hoje, aprisionando todos aqueles que faziam parte da linhagem do seu antigo amor. Eu ouvi pronunciar as palavras e o vento e a magnetividade daquele lugar começou a mudar drasticamente.
Parecia que eles estavam lá, sentindo cada pedaço de coisa, cada palavra e o vento que batia em minha pele.
Ela conseguiu levitar o seu corpo por causa de tanta energia que estava usando.
Então, com um choque, aquele poder foi lançado contra tudo e todos, batendo entre as árvores e as folhas, arrancando-as e jogando-as no chão. A doma foi criada ali.
Eu podia ver. E também pude ver o homem por quem ela era apaixonada e atraiu.
Ele estava ali, tentando a impedir de fazer alguma coisa, provavelmente essa bruxaria, mas quando ele chegou perto o suficiente e o poder que ela lançou o atingiu, o homem começou a mudar de forma.
Seus ossos se quebraram dentro de si, se moldando a sua nova forma.
Ele gritava e berrava com desespero, implorando para que ela parasse mais a bruxa e não parou de forma alguma.

Em pouco tempo, o homem havia se transformado na besta, que sentiu tanta raiva da mulher que avançou sobre ela, podendo a matar,  a bruxa, usando seus novos poderes, lançou contra o tronco de uma árvore enorme que o fez desacordar.
Ela ainda olhou para suas mãos, vendo o que tinha acabado de fazer.
Acredito que ainda restava um pequeno pedaço de amor dentro dela.
Suas lágrimas que caíam sobre seu rosto eram da mesma cor que sangue, e a partir daquele momento, ela havia se transformado em algo que jamais imaginou. Então, eu voltei.
Voltei para o exato momento em que Adrian e seu pai estavam dialogando sobre ficar ou não, sobre me aceitar ou não. Então, eu soltei o ar dos meus pulmões e:
— Eu posso reverter as coisas — Eu estava tão empolgada, que até sorriso. Foi nesse momento que todos pararam de falar e me fitaram. Confesso que senti um pouco de receio quando isso aconteceu. — eu vi o feitiço — expliquei. — posso usá-lo para reverter as coisas.
— O que significa reverter as coisas? — Adrian se aproximou. — vai quebrar a doma que nos prende aqui?
Bem, receio que reverter as coisas significa, mudar toda a realidade que aquelas pessoas vivem.
— Acredito que seja mais do que isso. — Apontei, retraindo a minha felicidade. — Se usar as mesmas palavras que ela usou, para reverter tudo, significa que também vou reverter a transformação, tornando vocês só humanos.
— Ah... — Ficou pensativo. Desviei minha atenção para Nathan, que detinha uma expressão que eu não consegui identificar. Adrian foi até onde ele está. — É isso que quer?
— Como eu disse, não acredito em bruxas.
Sua arrogância era maior do que a esperteza.
— Pai, vamos deixar isso de lado e pensar apenas no bem-estar da alcateia.
— É exatamente isso que estou fazendo.
— Nathan! — Melissa Exclamou, irritada.
— Essas mulheres, todas que estão aqui, nos levaram por todas as décadas e séculos. — começou o seu discurso. — nossas ancestrais lutaram contra elas. E muitas das mesmas, levaram pessoas que amavamos, e que fazia parte da nossa família. Acha que vou acreditar no que dizem, agora?
— Ok, você tem um ponto. — resolvi me interferir. — Tem razão, passamos muito tempo lutando contra os outros, quando, na verdade, nossa verdadeira inimiga não está aqui agora. Mas se eu poder estar, sua magia, eu posso quebrar isso. A questão é: se eu quebrar esta maldição significa, que todos vocês, se transformaram em homens e mulheres, não em lobos. — eu já estava farta. Adiei isso por muito tempo, e não quero perder mais nada, pois ainda tenho que viver como um adolescente e deixar de me preocupar com uma maldição ou lobos. — Até que a lua cheia se vá, posso quebrar esta maldição. Não quero ser amigo de vocês. Muito menos, matar vocês. Eu poderia, simplesmente, usar os meus poderes agora e me livrar de todos, mas não, estou aqui para ajudar.
— A garota tem razão. — Disse Melissa. — já chega de ter inimigos, Nathan. Não precisamos mais nos preocupar com bruxas ou caçadores. Sei que essa não é uma decisão apenas para o alfa, mas também para toda alcateia. — todos eles, aos poucos, foram aparecendo em sua forma humana. Nathan, Melissa e Adrian, testemunharam isso. — sempre desejamos sair desta cidade. Viver as nossas vidas sem medo. Mas alcateia em nossa família. Sinceramente, nascemos como lobos e pensar que nunca mais poderemos ser isso, me deixa bastante... Triste.
Posso imaginar que sim. Fico pensando se fosse eu. Gerações e gerações se passaram, e todos eles aprenderam a ser colocado no mundo sendo que são.
Lançando esse feitiço eu poderia mudar completamente o que essas pessoas é. E não é isso que desejo. Sou uma feiticeira. Posso fazer muitas coisas. Coisas que uma bruxa comum, não faz. Não precisa ser tão radical e fazer com que todos eles mudem suas origens.
Penso nas palavras de Melissa que acabo tendo outra ideia.
— E se eu puder modificar, mais um pouco? — Falo em voz alta. — Tipo, quebrando a doma, sem mudar tudo o que são?
— Pode fazer isso? — Adrian se impolgou.
— Faço coisas que nem eu acredito que posso fazer, então, eu acho que é possível.
Todos nós, novamente, ficamos em Nathan, que estava calado. Ele deixou cair, toda sua pose de macho alfa. Acredito que foi voto vencido.
— Posso ser o alfa — Disse, pensativo — Protejo a minha alcateia. — ele soltou o ar dos seus pulmões. — Entretanto, não posso decidir algo tão importante, por eles.
Posso entender. Não acredito que sejam só essas pessoas que fazem parte da alcateia, mas acredito que seja um bom número. Nathan, então, tenta se reunir com os que estavam ali. Fiquei orgulhosa De mim mesma, e estava me preparando para o que estava por vir.
Eu tinha que usar as palavras da bruxa primordial, e modificar o feitiço. Tudo isso estava unido em minha mente e, parecia ser tão fácil.
Naquele momento, estava orgulhosa de mim mesma.
Parecendo ter a resposta, ele se vira para mim.
— Ser um lobo, é o que somos e... Não queremos mudar isso. — É, eu bem que imaginava. — Mas também não queremos nos limitar a ficar aqui, presos, expostos aos caçadores. — Isso é outro problema. Ainda bem que ele não sabe que meu pai é um. — Todos... — eu sentia que o homem estava se mordendo por dentro. — Decidimos que queremos permanecer como lobos, mas...
— Pode quebrar a doma. — Completou Melissa.
Devo confessar que não me sinto tão feliz há um bom tempo. Jamais imaginei que entraria em um acordo com lobos. Nem que eu seria a chave para quebrar uma maldição. Pelo menos, metade dela.
Me preparei para o ritual. Eu nunca tinha feito isso antes. Já tinha abrido portas,  colocado os meus pai para dormir, selado a casa e quase... Dissolver uma bruxa, mas usar, realmente, os meus poderes, assim, na frente de todos, era a primeira vez.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora