capítulo 57

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Adrian flutuava rapidamente pelo caminho de volta para casa, o coração martelando no peito. A cada segundo que passava, a preocupação crescia. Ele sabia que seus pais notariam sua ausência e que a reação deles não seria boa. No entanto, ao se aproximar da grande mansão, algo parecia diferente. A quantidade de seguranças estava menor do que o normal, uma anomalia que aumentava sua inquietação.

Ao atravessar os portões da propriedade, Adrian sentiu uma onda de apreensão. Ele empurrou a pesada porta de entrada e encontrou sua mãe, Melissa, na sala de estar, andando de um lado para o outro, visivelmente preocupada. Quando ela o viu, correu até ele, envolvendo-o em um abraço forte e ansioso.

- Adrian! Onde você estava? - A voz de Melissa estava carregada de preocupação e irritação.

Adrian, ainda ofegante e com o coração acelerado, sabia que sua mãe ouviria a verdade em seu batimento.

- Eu... eu fui encontrar Luna, - confessou, a culpa pesando em suas palavras. - Desculpa, mãe. Se eu tivesse contado, ninguém me deixaria sair. Nós estávamos inseguros. - Melissa se afastou um pouco, o olhar dela se suavizando levemente, mas ainda preocupado. - Por que está assim? Eu sei que você descumpriu as ordens do seu pai, mas... não aconteceu nada demais? - Adrian notou a estranheza na reação de sua mãe e na atmosfera ao seu redor. Algo não estava certo. - Onde está o papai?

Melissa respirou fundo, abaixando a cabeça antes de responder. - Aconteceu muita coisa durante a noite, Adrian. Seu pai não está em casa. Eu não sei onde ele está, ninguém sabe. Alguns dos lobos enfrentaram um ataque dos caçadores. Jacob foi ferido.

Os olhos de Adrian se arregalaram ao ouvir isso.

- Mas ele está bem, mãe?

- Sim, os anciões estão cuidando dele. Mas seu pai ainda não apareceu. Estou com medo.

Adrian passou a mão pelos cabelos desarrumados, tentando acalmar-se.

- O papai é muito forte, mãe. Tenho certeza que ele está bem. Nós saberíamos se algo pior tivesse acontecido.

Melissa olhou para o filho e forçou um sorriso, tentando transmitir uma confiança que ela mesma não sentia totalmente.

- Vá para o seu quarto, tome um banho e venha tomar café. Com certeza ele vai aparecer.

Adrian obedeceu, ainda preocupado, mas tentando manter a calma. Enquanto subia as escadas, os pensamentos se agitavam em sua mente. A preocupação por seu pai, a culpa por ter desobedecido, e o medo do que ainda estava por vir o atormentavam. Ao entrar no quarto, ele se apressou a tomar um banho, tentando lavar a tensão de seu corpo.

Vestido e mais limpo, ele desceu para o café, o coração ainda pesado. Sentia-se responsável por parte do caos que se instalara em sua família, mas sabia que precisava ser forte, tanto por si quanto por sua mãe. E, no fundo, ele rezava para que seu pai estivesse realmente bem e que tudo voltasse ao normal.

***

Nathan estava no encalço de Luna. Movia-se pela floresta sem direção, guiado apenas por um comando externo, um controle que não era seu. De repente, como se uma chave tivesse sido desligada, sua consciência voltou. Ele parou, confuso, tentando entender onde estava e por quê. As lembranças eram vagas, fragmentadas, mas ele sabia que seu filho estava com uma pequena bruxa, e isso o preocupava profundamente.

O tempo parecia ter escapado de suas mãos; o sol já havia nascido. Ele respirou fundo, usando seu olfato aguçado para captar cada nota que a floresta lhe oferecia. Um som específico chamou sua atenção, um lembrete da realidade à qual pertencia. Decidido, Nathan voltou para casa em sua forma de lobo. Quando chegou aos grandes portões da mansão, voltou à sua forma humana, sendo imediatamente recepcionado por alguns dos seguranças, que também faziam parte de sua alcateia.

- Chefe, aconteceu alguma coisa? - um dos homens perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

Nathan olhou para ele, ainda desorientado.

- Eu não sei. Não sei onde estava. O que aconteceu?

Os seguranças começaram a relatar os eventos da noite: o ataque dos caçadores, Jacob ferido por uma bala de prata, e levado para os anciões curarem. Nathan sentiu uma onda de culpa. Ele deveria estar ali, protegendo seu bando, mas algo o afastou, adormecendo sua vigilância.

Melissa apareceu na porta da mansão, a preocupação estampada em seu rosto. Ela desceu os poucos degraus e correu até ele, abraçando-o com força. Sentiu o perfume da mata impregnado nele e, ao afastar-se um pouco, olhou nos olhos de Nathan.

- Aonde você estava? Eu fiquei preocupada.

Nathan suspirou, sem saber como responder.

- Sinceramente, não faço ideia. Mas vocês, Adrian... - Ele se deteve, a preocupação misturada com o medo do desconhecido.

Melissa sabia do segredo de Adrian, mas aquele não era o momento para revelações.

- Nada aconteceu aqui, mas os caçadores estão chegando perto, Nathan. Não sei o que fazer, o que vamos fazer?

Nathan estava envolto em preocupações, mas uma certeza emergiu em seu coração: não deixaria que machucassem sua família ou sua alcateia.

- Está na hora de caçar os caçadores, - disse ele, a voz firme. - Reuniremos toda a alcateia para isso.

Melissa arregalou os olhos, surpresa. Da última vez que isso aconteceu, muitos lobos morreram. O problema era que não havia outra solução. Eles tinham que expulsar os caçadores, já que a alcateia não podia sair da cidade.

- Vamos cuidar de cada coisa, em seu tempo. Manhã é o aniversário de Adrian, a lua cheia.

Nathan lembrou.

- Droga! – Se preocupou.

- Ele está bem, e forte. Apenas vamos deixar isso passar. Não podemos pressioná-lo.

O alfa concordou. Iria se preparar para a batalha, mas por enquanto, proteger sua família, era a prioridade. Ele não achava que os caçadores seriam tolos de ataca-los em plena lua cheia, quando os lobos ficam no auge de toda a sua força.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora