capítulo 55

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Adrian, em sua forma de lobo gigante, sentia nas entranhas o perigo que Luna estava correndo. Mesmo inconsciente, era guiado apenas pelo instinto feroz de lobo. Corria com tanta avidez e desespero que, em poucos minutos, chegou ao local onde ela estava presa e torturada. Parou antes de se revelar e encontrou seu pai desacordado. Foi até ele, cheirou-o e constatou que, embora inconsciente, ele ainda estava vivo.

Com cautela, Adrian deu a volta e viu a cena: Luna estava deitada sobre uma grande pedra, enquanto a bruxa pairava sobre ela, canalizando uma energia sobrenatural visível a olho nu. A ligação entre Adrian e Luna era tão poderosa que ele conseguia enxergar o feitiço de aprisionamento como uma parede transparente, claramente visível.

Aos poucos, sua consciência foi tomando forma, mesmo em estado de lobo. O medo de perder Luna era palpável, quase entrando em desespero. Ouviu as folhas mexendo e percebeu que seu pai estava acordando, observando-o fixamente, atordoado.

Adrian queria encontrar uma maneira de entrar e salvar Luna daquela mulher, sentindo cada partícula de dor e energia sendo arrancada dela. Luna, presa, pensava que foi uma má ideia ter ido ali espontaneamente. Jane, a bruxa, era brilhante e poderosa, usando um pingente com uma pedra escarlate que parecia absorver o caos de Luna. Luna não esperava por isso, mas também possuía uma pequena pedra retirada de sua prima Lisa, idêntica àquela que a bruxa usava para julgar seus poderes.

Ela tentava reunir força, mas não conseguia. As runas de aprisionamento eram poderosas e apenas a própria bruxa poderia quebrá-las. Apesar de tudo, Luna não queria perder a esperança, mas não sabia se conseguiria puxar sua energia de fora daquela prisão para destruir a bruxa que a torturava.
A bruxa ria maquiavelicamente, zombando de Luna, que tentava resistir.
— Você nunca vai conseguir ser mais forte do que eu aqui dentro. Pode até ter o poder mais poderoso do universo, mas é uma criança que não sabe de nada, nem da extensão que o caos pode ter.
Luna virou o rosto para o lado de fora e sentiu a presença de Adrian. A ligação entre eles era tão forte que nem mesmo aquela barreira conseguia separá-los. No entanto, a voz da bruxa se tornava cada vez mais grave e ecoava em sua mente, como se ela estivesse prestes a perder a consciência.
— Eu passei séculos atrás de algo tão precioso quanto isso. Estudei o caos e tudo que há nele. E você, uma garota tola, recebe o direito de possuir tal grandeza?

A bruxa parecia chateada. Deu a volta, também sentindo a presença do lobo feroz.
—Eu sei que ele está lá fora, — disse, quase sussurrando no ouvido de Luna para provocá-la. — Não se preocupe. Antes de me livrar de você, vou dar um jeito nesse cachorrinho.

Luna se recriminou internamente por ter tomado aquela decisão. Ela deveria enfrentar a bruxa de outra forma. Sentiu seus olhos arderem com as lágrimas que se formavam, mas impediu que caíssem. Fechou os olhos e respirou fundo. Não podia perder a consciência e a razão. Então, abriu os olhos e olhou fixamente para a lua. O caos era mais poderoso do que qualquer feitiço de uma bruxa comum como aquela. Como havia dito antes, o instinto dentro de si era mais forte. Ela deveria deixar-se guiar por ele, mesmo com medo de não se controlar naquele momento.

Aos poucos, aquela pressão foi se dissipando e outra coisa começou a aparecer: a energia. Não só aquela que saía dela graças ao pingente escarlate, mas também a energia da luz. Algo dentro de Luna estava começando a se manifestar. Naquele momento, Luna se viu liberta. As mãos e pés estavam soltos, mas a bruxa, olhando para o lado de fora, não sabia disso. Adrian então se revelou. O lobo feroz, de pelagem negra e olhos vermelhos, rosnava para a mulher, que não estava preparada para o ataque.

Luna, mais decidida, já que estava liberta, falou, surpreendendo a bruxa:
— Você quer meu poder? Então eu vou dar isso a você.
A garota percebeu que Adrian, do lado de fora, era uma ponte. A ligação fazia com que ela se conectasse com o mundo exterior, trazendo um pouco de controle, mesmo que pouco. Luna fechou os olhos e disse:
— Eu sei que perdi a conexão com vocês, mas vovó, você dizia que estava sempre comigo. Então, eu preciso da sua ajuda.

A garota não sabia se ia dar certo. As ancestrais poderiam ter sumido daquele plano depois que ela aceitou o caos. Entretanto, ela tinha que tentar. Jane estava surpresa. Não era para Luna ter conseguido se soltar das amarras invisíveis.
— Solta a minha filha!
Luna arregalou os olhos ao ouvir o som da voz da sua mãe. Ela tinha a colocado para dormir, assim como seu pai.

Elisabete fechou os olhos, ergueu as mãos e usou toda a sua força para ser a ponte entre o plano físico e o espiritual, onde todas as outras bruxas da sua linhagem estavam.
Jane, tentando impedir que aquelas pessoas lutassem contra ela, usou o poder que havia absorvido de Luna para invocar seres sombrios. Fez um feitiço, e das sombras emergiram lobos, não de carne e osso, mas feitos de escuridão. Uma matéria construída com o falso caos que ela havia recebido. Do outro lado, seres quase humanoides, muito altos, com pernas longas e mãos afiadas, também apareceram das sombras e correram em direção à mãe de Luna.

Mas a mulher, revelando ter poderes sobrenaturais como os de sua mãe, conseguiu trazer mais de uma dúzia de bruxas da sua linhagem. Isso surpreendeu tanto Jane quanto Luna, que acreditava que sua mãe não possuía poder algum. As bruxas que estavam lá eram conhecidas de Luna, presentes quando se reuniram para revelar o segredo, e agora estavam ali para protegê-la.

Um grupo de bruxas se concentrava em quebrar a barreira, enquanto outras lutavam contra as sombras lançadas por Jane. Adrian estava em uma briga feroz com as bestas caninas criadas pela bruxa. Nathan, mais consciente, viu seu filho em uma emboscada e se transformou, dando um uivo alto, capaz de alcançar os ouvidos da alcateia, chamando-os para a luta.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora