Capítulo 20

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Pov

Luna esperou ansiosamente pelo final de semana. Ela finalmente pôde se esconder e treinar os novos poderes, além de tentar entender aquele livro antigo de feitiços.

Ela não sabia de onde vinham esses poderes. A única coisa que sua avó disse era que eles canalizavam o poder da bruxa primordial, a original, que fez um impacto maluco que ainda assustava a garota.

Ela não era muito religiosa, mas odiaria ter que sucumbir aos desejos do diabo. Para ter poderes no qual ela tinha que salvar uma cidade que ela mal conhecia.

Depois do café da manhã, ela achou que estava livre, até que a campainha tocou e a governanta foi abrir. De repente, Mary Ann apareceu com aquele olhar pedinte e feliz que fez Luna respirar fundo e revirar os olhos, escondido porque não queria ofender a garota.

Ela só queria um momento de paz e focar no seu objetivo. Pessoas normais usariam o final de semana para passear ou estudar mais um pouco ou ir a festas, coisa que Luna odiava.

Na noite anterior, ela se desagradou de tudo, mas seu objetivo ali, foi concluído. Chamou a atenção de Adrian e os dois formaram uma aliança no qual se beneficiaria.

Ela não tinha nem tempo para ficar apavorada com tudo que descobriu e sabe sobre todos ali. Pessoas normais ficariam em pânico em saber que lobisomens e lobos gigantes, e seja lá o que mais além disso, existia.

Qualquer adolescente normal recusaria os poderes que ela estava despertando. Feiticeiras e bruxas, isso era algo que ninguém fazia ideia que realmente existia. Coisas que só tinham na literatura e na TV.

Contudo Luna estava experimentando a realidade e só queria um momento para poder se concentrar nisso e não quebrar mais nada além do seu despertador.

Só que Mary Ann não podia saber disso. E agora, como ela parada na sala de espera, estragava o dia inteiro de Luna.

Essa era a primeira vez que Mary Ann tinha uma melhor amiga, e estava empolgada para passar pelo menos um dia com ela, mesmo que Luna não fosse exatamente igual a ela mesma.

Dava para ver a diferença gritante entre as duas. Enquanto Mary Ann era uma pessoa alegre e sempre positiva, Luna era mais reclusa, e odiava praticamente tudo o que Mary amava.

Naquele exato momento, ela viu que sua amiga não estava em um momento feliz. Ela não sabia se era por causa da presença dela ou por alguma outra coisa. Ela só se aproximou, seguiu em sua mão e disse:

- Sei que não liguei, mas pensei que gostaria de sair.

Luna queria ser verdadeira e dizer: não, Mary, eu não gostaria. Tenho tanta coisa para resolver. Bruxaria para aprender, me conectar com a minha avó morta, então, sair é uma das coisas que não desejo fazer hoje.

Contudo, Luna não teve coragem para dizer isso. Era a primeira vez que alguém gostava dela, que a chamava de amiga e que era sua companheira. Além do mais, Mary Ann era sozinha e era sensível. Não queria a magoar.

- Sair? – Deu um sorriso amarelo, no qual Mary notou e buscou em sua mente, algo que fizesse a amiga se animar.

- Conheço tudo nessa cidade. Tem uma ótima sorveteria, historias bizarra, e um lugar assustador, onde, creio eu, servia para rituais de bruxas.

Sim, isso chamou a atenção de Luna. Sua avó não mencionou isso, nas poucas vezes que se encontraram. Seria interessante visitar esse lugar.

- Quer saber? – Animada, ela pensou. – Até que um tour não seria ruim.

A amiga deu pulinhos de alegria, sabendo que cativou.

- Você gosta de coisas bizarras?

- Não sou uma garota comum. – Explicou. – Mas antes de sair, vou pegar a minha bolsa.

Sendo assim, ela subiu para o quarto. Teve uma ideia. Assim que conseguisse se livrar de Mary, ela correria para a cabana sombria, onde ela se encontrava com a avó.

Esperava se conectar com ela, e começar suas aulas de magia.

***

Adrian conseguiu sair de casa, para ser um adolescente normal, pelo menos por algumas horas. Perder o jogo, na sexta, o deixou triste, mas quando seus colegas o chamaram para um jogo casual, ele se animou.

Ele não conseguiu tirar da cabeça a conversa que teve com Luna na noite passada. Ela acabou revelando que era uma feiticeira ou bruxa. Ele ainda não sabia como diferenciar as duas coisas. Falou sobre uma maldição.

A maldição que prendia a sua linhagem e toda a alcateia dentro daquela cidade. Desde o início, quando o primeiro lobo foi amaldiçoado, ele não podia sair da cidade nunca.

Na verdade, foi bem macabro. Ele teve que matar uma de suas amantes, pois naquele momento tinha se transformado na fera. E todas as suas linhagens, que se relacionavam com humanas e se transformaram em lobos, ficaram presos.

Se chegassem ao limite, não conseguiam passar. Como uma barreira invisível, eles não podiam escapar. E quando os caçadores chegaram na cidade, mataram muitos, pois não tinham como fugir.

A alcateia teve que se unir e matar aqueles que os caçavam. E depois de muito tempo, voltaram a respirar e ter tranquilidade, sabendo que os caçadores haviam esquecido de sua existência.

Caso contrário, novamente sofreriam com aquele ataque. Adrian tinha medo de não conseguir se controlar, mas precisava esquecer por um momento que era um lobo e que bruxas existiam.

Ele só queria jogar com seus colegas e relaxar um pouco. Talvez isso ajudasse a sua mente a ficar mais forte e no futuro controlar a besta que existia dentro dele.

- Cara, qual seu lance com a novata? – Um dos colegas perguntou, enquanto ele bebia um gole de agua, depois de uma rodada. Nem parecia que ele deixou o jogo por algumas semanas.

Só que Adrian queria esquecer dos problemas, e tocar no nome dessa garota era tocar na sua ferida. Por isso ele odiou a pergunta.

- Não tenho nada. – Respondeu, ríspido.

- Vi você a carregar para o quarto. – Comentou, brincando. Adrian encarou o amigo, que estava olhando os colegas, se zoando, no campo, que ficava ao ar livre. – Transaram?

- Não. – Era até ofensivo, ele pensar nisso.

- Tem interesse?

- Miligan, por que está me fazendo essas perguntas? – Franziu o cenho, irritado.

O amigo riu. Foi um sorriso, quase tímido, no qual Adrian percebeu.

- E que... – O garoto percebeu alguma coisa na forma dele agir e falar. – Não quero furar seu olho.

Foi aí que Adrian percebeu. Miligan estava afim de Luna. De alguma forma, e por alguma razão, que ele ainda não sabia, Adrian odiou saber disso.

Imaginou os dois saindo, se pegando, e isso não o agradou.

- Não vai querer ficar com ela. – Disse. Bebeu mais um gole e olhou para os colegas, brincando. O amigo, ao seu lado, achou estranho. Adrian tentava esconder o quanto odiou saber sobre seu interesse. – Ela é complicada. Teimosa. Eu diria, insuportável.

- Acho ela uma garota muito interessante, inteligente...

- Miligan, vai por mim, eu não sairia com aquela garota.

Curiosamente, ou pelo destino, lá estava Luna, ao lado da sua amiga, passando pelo campo. Seus olhos se encontraram. Ele não fazia ideia do porque ela estava ali.

Automaticamente, todos os idiotas, pararam o que estava fazendo para olhar. Garotos eram tão idiotas, ela pensou.

- Discordo de você. – Seu colega, então, se afasta dele, indo em direção as duas.

Adrian fica estático, olhando a cena. Não podia acreditar no que via. Ele gostaria de dizer as razões pelo qual ele falava tudo isso, mas não podia. Além do mais, sentia que estava com ciúmes. O qual ridículo seria?

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora