Capítulo 72

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A noite caiu rapidamente sobre a floresta densa, engolindo o dia em um manto de escuridão tempestuosa. As nuvens pesadas formaram-se com uma velocidade assustadora, lançando trovões que faziam tremer até as almas mais corajosas da cidade. Relâmpagos rasgavam o céu, iluminando brevemente a paisagem sombria e enchendo o ar de eletricidade e tensão. Luna, com seus poderes místicos, flutuava suavemente sobre as copas das árvores, seus pés mal tocando as folhas úmidas enquanto descia. A floresta, já um lugar de mistério e perigo, estava agora imersa em um caos palpável. Ela sabia que Nathan estava em apuros, perseguido por uma besta demoníaca que parecia saída dos piores pesadelos. O uivo distante da matilha reverberava pelo ar. O Alpha estava em perigo, e Luna sabia que precisava agir rápido. Fechando os olhos, ela se concentrou, sentindo cada nuance do ambiente ao seu redor. O vento sussurrava segredos, as folhas sibilavam canções antigas, e os troncos das árvores altas guardavam histórias de eras passadas. Foi então que ela o sentiu – Nathan, perto do lago, lutando desesperadamente contra a criatura infernal. Luna abriu os olhos e, em um instante, estava novamente flutuando, seu corpo movendo-se com graça sobrenatural em direção ao local da batalha. Chegando lá, ela viu Nathan, um lobo imponente e majestoso, mas agora reduzido a um ser vulnerável diante da monstruosidade que enfrentava. A besta era colossal, duas vezes maior que o Alpha, com olhos flamejantes e garras afiadas como facas. Com um movimento decidido das mãos, Luna canalizou seus poderes, lançando a criatura contra uma árvore com uma força que fez a terra tremer. Ela pousou graciosamente, seus pés encontrando o chão coberto de folhas secas. Quando olhou para o lado, viu Nathan, ferido e ofegante. Ele rosnou para ela, seus olhos amarelos cheios de desconfiança e dor. "Fique longe de mim, sua bruxa", parecia dizer o rosnado, mas Luna não se intimidou. Ela se aproximou lentamente, estendendo a mão com delicadeza. Sentiu o pelo macio e ensanguentado do lobo gigante, sua respiração pesada e irregular. Nathan estava exausto, seus ferimentos graves. Adrian, em sua forma de lobo, surgiu das sombras, seus olhos arregalados de surpresa ao vê-la ali. — Ele está ferido. — falou, assustada. — Adrian, sai daí.A besta se levantou, seus olhos vermelhos brilhando com uma fúria infernal, e começou a correr em direção a eles. Adrian, virado para o lado oposto, ouviu o som das garras rasgando o chão e, quando se virou, encontrou a criatura monstruosa prestes a atacá-lo. O Alpha, mesmo ferido, tentou se levantar para proteger seu filho, mas uma de suas patas estava quebrada. Seu corpo, exausto e ensanguentado, caiu de volta ao chão com um gemido de dor. Luna sabia que nenhum deles era forte o suficiente para acabar com aquele monstro. Ela então convocou seus poderes, sentindo a energia mágica pulsar em suas veias. Com um movimento decidido, empurrou Adrian para longe, posicionando-se entre ele e a criatura. Ergueu as mãos e conjurou uma cúpula de proteção ao redor deles, uma barreira cintilante que resistia aos ataques da besta. Dentro da cúpula, Luna fechou os olhos por um momento, concentrando-se em sua magia. Sentiu a fúria demoníaca da besta, uma criatura que não era simplesmente um monstro das sombras, mas algo trazido diretamente do inferno por uma brecha desconhecida. Com um grito de determinação, ela usou seus poderes para levantar o animal novamente, arremessando-o contra as árvores com uma força sobre-humana. Adrian, preso dentro da cúpula, sentia o perigo que Luna corria. Ele sabia que precisava ajudá-la, mas naquele instante ela parecia ser a mais poderosa ali. Ele então se deslocou até seu pai ferido, que havia voltado à forma humana, seus olhos expressando uma exaustão profunda. Adrian também retornou à forma humana, ajoelhando-se ao lado do pai e tentando oferecer algum conforto. Enquanto Luna lutava contra a besta, a tensão no ar crescia. Ela conseguia sentir a vibração demoníaca do monstro, e sabia que toda a matilha estava agora ao redor, rosnando e prontos para atacar. No entanto, Luna percebeu que se eles atacassem, poderiam se machucar gravemente. A criatura não se feria com facilidade, e mesmo que fosse ferida, não sentiria dor ou morreria. Atacar sem um plano era suicídio. Adrian olhou para seu pai, seus olhos marejados de preocupação. Ele segurou a mão do Alpha, tentando transmitir alguma força. — Pai, aguente firme. Luna vai nos salvar — sussurrou, sua voz embargada. Luna, sentindo o peso da responsabilidade, continuou a enfrentar a besta. Cada feitiço, cada movimento, era uma dança de poder e determinação. Ela sabia que não poderia falhar. A feiticeira lançou um feitiço que fez a criatura recuar, jogando-a contra uma formação rochosa. A besta rugiu de dor e raiva, mas não desistiu.
A chuva começou a cair, grossas gotas encharcando a terra e as folhas ao redor. Trovões retumbavam no céu, causando calafrios em Luna. Ela sabia que aquela criatura infernal não poderia ser morta, apenas exorcizada. Ainda era muito jovem, mal sabia usar seus poderes normais, imagine então exorcizar um demônio. Mas, assim como derrotara a outra bruxa e quebrara aquela cúpula, tinha certeza de que poderia fazer isso agora. Erguendo a voz, Luna ordenou que nenhum dos lobos avançasse contra a besta. "Não ataquem! Ele não vai morrer. Irão se ferir, e eu não sei o que a ferida de um demônio pode causar em um humano ou em um lobo." Os lobos, porém, não queriam receber ordens de uma bruxa. Seu Alpha estava ferido, graças a um demônio, e eles estavam ali para protegê-lo, para atacar qualquer mal que fosse. Luna sentia a resistência deles, percebia que suas palavras não surtiram efeito. Então, flutuou novamente, fechando os olhos e concentrando-se em um feitiço. Ela não precisava falar em voz alta. Uma feiticeira tão poderosa quanto ela podia simplesmente pensar e invocar algo. E foi o que fez. Com a mente, levantou a besta, que começou a flutuar junto com ela. Concentrou-se e começou a exorcizá-la. Foi então que a criatura realmente começou a sentir dor. O rugido que soltou era arrepiante, fazendo a floresta inteira tremer. Mas Luna tinha que confessar que usar aquele poder também causava dor nela mesma. Sentia como se estivesse carregando o peso do mundo nos braços. Ainda assim, Luna não desistiu. Com um esforço final, abriu uma espécie de portal, um vórtice negro que sugava a criatura. Empurrou a besta para dentro e fechou o portal rapidamente, antes que qualquer outra coisa pudesse sair de lá. Voltou ao chão, exausta, sentindo a terra firme sob seus pés. Os lobos ao redor, impressionados, viram a cúpula que protegia Adrian e seu pai se desfazer. Eles avançaram para perto do Alpha, verificando seus ferimentos. Luna virou-se, observando a cena. Conseguira proteger todos eles, mas sabia que isso não significava que a vissem como uma aliada. Adrian, ainda ao lado do pai, olhou para Luna com uma mistura de admiração e desconfiança. Ele sabia que ela os salvara, mas também sabia que muitos dos lobos jamais confiariam plenamente em uma bruxa. O Alpha, apesar de seu estado debilitado, tentou erguer-se, apoiando-se no filho. — Luna... — a voz do Alpha era fraca, mas carregada de respeito. — Você me salvou. Ela assentiu, sentindo o peso do cansaço sobre seus ombros. — Fiz o que tinha que ser feito. Agora, precisamos cuidar dos feridos e nos preparar para o que vem a seguir. Essa não será a última vez que enfrentaremos criaturas como aquela. Os lobos ao redor continuavam a rosnar baixinho, suas expressões cheias de dúvidas. Luna sabia que teria que ganhar a confiança deles com o tempo, mas naquele momento, tudo o que importava era que Nathan e Adrian estavam seguros. — Vamos, temos que levar o Alpha para um lugar seguro. — disse Adrian, ajudando o pai a se levantar.
Luna sabia que essa não era a última vez que veria demônios ali. Não era uma coincidência aquilo ter aparecido na cidade, depois dela quebrar a doma. Era o que lhe causava arrepios.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora