capítulo 73

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A Floresta dos Anciões A floresta parecia um lugar mágico, mas naquela noite, suas sombras escondiam um terror profundo. Nathan foi carregado para a casa dos anciões, situada no coração da floresta. Adrian, com o coração acelerado e mãos trêmulas, acompanhava o pai, sentindo o peso da responsabilidade. Não podiam levar o alfa para o hospital, não podiam tratá-lo como um humano comum. As feridas que cobriam o corpo de Nathan eram profundas e estranhas, irradiando uma energia maligna que impedia qualquer tentativa de cicatrização. Adrian observava com angústia enquanto os anciões preparavam ervas e ungüentos especiais. A dor de seu pai era insuportável, seus gemidos ecoando na casa de madeira, transformando a noite em um pesadelo. As feridas, em vez de se fecharem como normalmente aconteceria com um lobo, permaneciam abertas, pulsando com um brilho sinistro. O jovem não conseguia afastar a imagem da criatura que os havia atacado. Seus olhos frios, inumanos, perseguiam seus pensamentos, trazendo calafrios a cada lembrança. Lá fora, a alcateia estava inquieta. O alfa, a pedra angular de seu mundo, havia sido emboscado e ferido gravemente. O medo e a incerteza dominavam cada membro. Eles se perguntavam o que era aquela figura demoníaca e como conseguiu penetrar em suas defesas. A confiança inabalável na força do alfa estava abalada, e o temor de que algo mais sombrio estivesse em jogo tomava conta. Adrian, enquanto observava os anciões trabalharem freneticamente, pensava em Luna. Ele sabia que ela tinha um papel crucial naquela noite sombria. Luna, com seus dons especiais, havia intervindo no momento crítico, afastando a criatura de volta às sombras. Mas a gratidão teria que esperar. Adrian não podia sair do lado do pai, sua presença era necessária, tanto para o apoio emocional quanto para ajudar os anciões. A chegada de Melissa trouxe um novo peso ao ambiente já carregado de tensão. Melissa, geralmente serena e alegre, agora estava pálida e agitada. Ela subiu os degraus da casa com passos rápidos e trêmulos. Ao encontrar Adrian no meio do caminho, ela o abraçou com força, seus olhos cheios de preocupação procurando por qualquer sinal de ferimento. — Você está bem? — Perguntou, a voz entrecortada pela emoção. Adrian assentiu, tentando manter a compostura. Mas os gemidos de Nathan logo cortaram o ar, trazendo a realidade de volta com força esmagadora. — O que aconteceu? — Melissa indagou, o medo evidente em sua voz. Adrian engoliu em seco, tentando encontrar as palavras certas para descrever o horror que havia presenciado. — Papai foi perseguido por uma besta do inferno — revelou, a voz tremendo. Melissa ficou perplexa, lutando para compreender. — O quê? Como isso é possível? — Luna nos salvou, mandando a criatura de volta, mas o papai... — a voz de Adrian falhou, um nó se formando em sua garganta. — Ele foi ferido. Melissa entrou na casa, seu olhar fixo em Nathan, que jazia na cama, coberto de feridas. Ela se aproximou, ajoelhando-se ao lado do marido, sentindo o calor febril que emanava dele. Suas lágrimas caíram silenciosamente enquanto ela segurava a mão de Nathan com força. — Estou aqui, querido. Vai ficar tudo bem. Os anciões continuavam seus esforços, misturando poções e murmurando cânticos antigos. Mas o medo persistia. Algo poderoso e maligno havia atacado o alfa, e ninguém sabia ao certo como combatê-lo.


"Só Luna é capaz de lutar contra essas coisas."


Ele queria falar seus pensamentos em voz alta, entretanto, parecia que, mesmo ela os ajudando, a alcateia não confiava, e nem suportava, a ideia de deixar que ela os guiasse.


Eram tolos, ele pensou. Luna já provou, de muitas formas, que pode ser uma aliada, que não estava ali para machucar ninguém, então por que não a aceitar de uma vez?


 

 
A noite se arrastava com uma intensidade opressiva, cada minuto se transformando em uma eternidade de dor e desespero. O ar dentro da casa dos anciões estava pesado, saturado com o cheiro de ervas e a tensão dos lobos que se reuniam ao redor de seu líder ferido. Os gemidos de Nathan, cada vez mais altos e desesperados, cortavam o silêncio da floresta, transformando o ambiente em um cenário de tormento.
 

 
Nathan estava sendo consumido por uma febre devastadora. Seu corpo, normalmente robusto e resistente, agora emanava um calor tão intenso que qualquer toque poderia resultar em queimaduras. Seus músculos se contraíam involuntariamente, e ele sentia como se seu sangue fosse lava, queimando-o de dentro para fora. Cada pulsação era uma nova onda de dor, uma tortura contínua que não dava sinais de alívio.
 

 
Os anciões trabalhavam sem descanso, aplicando ungüentos e cânticos em um esforço desesperado para curar as feridas e aliviar a dor. Mas seus métodos tradicionais pareciam impotentes diante da ferocidade do veneno demoníaco que se espalhava pelo corpo de Nathan. O alfa, em meio a seus delírios febris, revivia a emboscada, os olhos frios da besta infernal o encarando, rindo de sua fraqueza. Cada vez que fechava os olhos, as memórias voltavam com uma clareza aterradora, arrastando-o para um ciclo interminável de terror e agonia.
 

 
Adrian, vendo seu pai sofrer, sentia-se impotente e desesperado. Ele tentou ajudar os anciões, mas a situação parecia além das capacidades de todos ali presentes. Seus olhos se encontraram com os de Melissa, e ambos compartilharam um olhar de pânico e tristeza profunda. As mãos trêmulas de Melissa continuavam a segurar a mão de Nathan, mas até ela sabia que os métodos tradicionais estavam falhando.
 

 
A ideia surgiu em um momento de desespero. Adrian pensou em Luna, a única pessoa que possivelmente poderia entender a natureza do veneno demoníaco. Ele sabia que Luna tinha conhecimento e habilidades que iam além das dos anciões, e se havia alguma esperança, ela estaria nas mãos dela. Sem compartilhar sua decisão com ninguém, Adrian escapou da casa silenciosamente, correndo pela floresta, até a casa da garota, que também estava agitada, pensando no que aconteceu.
 

 
Ela lembrava das palavras que Nathan falou, da profecia, e do que fez. Ela trouxe um mal para a cidade. Adrian estava em perigo.
 

 
Pensar em ir embora, agora, não era mais uma opção. Quem os defenderia desse mal, se até o alfa foi ferido?
 

 
Ela acreditava que só uma pessoa poderia causar tanto mal: a bruxa primordial.
 

 
Ela ouviu algo bater em sua janela. Pequenas pedras, que não cairia ali com facilidade. Ela se levantou da cama, se aproximou da sacada, abrindo a porta de vidro e olhou para fora.
 

 
Adrian estava parado do lado de fora. Ele poderia ligar ou mandar mensagem, entretanto, sua mente estava tão imersa nessa confusão que ele nem pensou nisso.
 

 
Sem ouvir uma palavra, Luna percebeu que ele precisava da sua ajuda. Então, entrou, colocou uma roupa e novamente saiu, fugindo dali, sem que seus pais pudessem descobrir.
 




Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora