capítulo 42

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O tempo passou, e a cada clique do relógio, Luna ficou ainda mais furiosa com Adrian, que prometeu ir com ela até o escritório de registro. Ela esperou muito, seus pais foram dormir, os empregados se recolheram, e lá estava ele, olhando pela sua janela, sentindo que iria o matar da próxima vez que o encontrasse.

Ela não ficaria ali, perderia seu sono, caso deitasse sem ao menos descobrir quais eram os segredos que aquela morte escondia. Kate não era a Luna mais exemplar, a mais cativante, mas ela era a mais popular.

Luna não fazia ideia do porquê ela foi escolhida pela bruxa. Havia tantas outras pessoas ao seu redor, ela já tinha usado Adrian, e falhou. Luna estava confiante, sentindo seu poder crescer a cada minuto.

Ela não poderia esperá-lo mais. Todos já estavam dormindo, seus pais, os empregados, todos se recolheram. Não era tão cedo, mais de dez da noite, no qual ela sabia que se colocasse a cabeça no travesseiro, não iria dormir até resolver este assunto. Luna estava determinada.

Então, passou pela janela, saindo no telhado, que fazia parte debaixo da casa. E, surpreendentemente, o vento a ajudou a pousar no chão, como se ela estivesse flutuando.

Ela parou no tempo, não sabia como havia feito isso. Ficou ali por alguns minutos. Tudo ao seu redor parecia conversar com ela. O vento, a magnitude da terra que sussurrava em seu ouvido, até mesmo as árvores que balançavam lentamente. Ela olhou para a lua que estava nova e perguntou a ela mesma como tinha feito aquilo e o que estava sentindo.

  Luna, então, entendeu. Aquele era o seu poder. O poder que ela não podia ter medo. Ela não podia ficar encolhida dentro do seu armário, no fundo mais escuro, com medo de usá-lo. O medo era o que fazia ela ficar descontrolada.

  A incerteza dava liberdade ao impulso maligno que poderia ter dentro dela. Luna, decidida, andou dentre as árvores, no escuro, guiada pelo seu instinto e intuição, que estava apurado a cada segundo.

Ao chegar na cidade, viu que praticamente tudo estava apagado, sem ninguém nas ruas. Afinal, North Weland é uma cidade muito pequena e pacata. Dormiam cedo, não havia barulho, ninguém nas ruas, a não ser aqueles que não tinham casa.

Ela colocou seu capuz e andou pela calçada. Tinha que admitir que ficou um pouco receosa com aquilo. Não sabia se iria topar com uma tal bruxa, apesar de acreditar que conseguiria confrontá-la em um combate. Não sabia se a venceria, já que ela não tinha muita experiência com magia, e esta nova bruxa parecia ser bem mais velha e experiente.

Ele então seguiu para o laboratório do lojista. Luna seguiu para o beco que ficava à direita. Viu que havia várias caçambas de lixo e uma janela pequena, não alto. Ela, novamente auxiliada por energias sobrenaturais, subiu por cima da caçamba de lixo e olhou pela janela.

Lá dentro estava um total escuro, lhe dizendo que não havia ninguém naquele local. Ela ficou minimamente feliz, mas ao olhar para a porta dos fundos, sabia que estava fechada. Ela desceu e olhou para a grande porta. Adrian disse que poderia a ajudar. Ela não sabia como ainda, e já que ele não estava aí, ela tinha que arrumar um jeito de fazer.

Luna respirou fundo, tentando acalmar a mente que fervilhava com tantas possibilidades. O medo ainda rondava, mas agora parecia mais um sussurro distante do que um grito paralisante. Lembrou-se das palavras da Luna mais velha: "Confie no seu poder, ele é parte de você."

Decidida a seguir em frente, Luna estendeu a mão em direção à fechadura da porta dos fundos do laboratório. Fechou os olhos e concentrou-se, sentindo uma corrente de energia fluir através dela. Lentamente, imaginou a fechadura se movendo, os mecanismos internos cedendo ao seu comando.

Para sua surpresa e alívio, a fechadura fez um clique suave e a porta se entreabriu. Luna sorriu, sentindo uma onda de confiança a envolver. "Obrigada, Luna do outro universo", murmurou para si mesma, enquanto empurrava a porta e entrava no laboratório escuro.

Luna entrou na sala do legista, o ar impregnado com o cheiro metálico e estéril do desinfetante. O ambiente era grande, frio e impessoal, iluminado por lâmpadas fluorescentes que lançavam uma luz fria sobre as superfícies brilhantes. Mesas de metal alinhavam-se no centro, onde os procedimentos eram realizados. Cada mesa era equipada com uma variedade de utensílios: pinças, bisturis, serras e sondas, todos arrumados com precisão clínica.

Às paredes, armários metálicos continham mais instrumentos e frascos de substâncias desconhecidas. Os azulejos brancos do chão e das paredes refletiam a luz, aumentando a sensação de esterilidade do lugar.

Luna caminhava devagar, seus passos ecoando no silêncio opressivo. A energia do ambiente era densa, carregada de uma presença inquietante, como se muitas almas estivessem presas ali, incapazes de encontrar paz.

Ela se aproximou de uma porta pesada no fundo da sala, que levava à câmara das gavetas mortuárias. Era um lugar onde os corpos eram armazenados, em filas ordenadas de gavetas de aço. Ao entrar, Luna sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O frio ali era quase palpável, cortante.

O espaço era amplo e organizado, mas o silêncio e o frio faziam com que cada movimento parecesse amplificado. Luna hesitou, observando as dezenas de gavetas, sem saber onde estava o corpo de Kate.

O medo era palpável, não por causa de seu poder, mas pela aura sinistra do lugar. Sentia como se estivesse sendo observada por espíritos inquietos, almas que ainda não tinham encontrado descanso.

Respirando fundo, ela fechou os olhos e se concentrou em Kate, tentando bloquear a sensação de desespero que ameaçava dominá-la.

Visualizou a garota, que havia sido muito rude e babaca com ela, no dia anterior a sua morte, mas não a odiava, ou desejava aquele fim para ela, Luna sentiu a conexão entre elas.

De repente, uma das gavetas começou a se mover, saindo lentamente até se abrir completamente. Luna abriu os olhos e viu o corpo pálido e magricela de Kate, envolto em uma manta.

Um frio na barriga a dominou, mas sabia que precisava enfrentar aquele momento para descobrir a verdade. Aproximou-se lentamente, o coração batendo forte, e estendeu a mão. Ao tocar os dedos frios de Kate, uma onda de imagens invadiu sua mente, como um redemoinho de memórias e emoções.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora