capítulo 38

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Adrian não fazia ideia de que se apaixonaria pela garota que ele mais odiava. Mas quanto mais o tempo passava, ele descobria que Luna era mais do que só uma garota irritante.
Ele não sabia ainda se tudo que estava sentindo e descobrindo sentir era por causa dessa ligação.
Segundo Luna, eles eram ligados pela alma, pelo destino, para sempre. Tudo para que a maldição que os prendia naquela cidade fosse quebrada.
Ele ainda não entendia sobre a bucharia, e muito menos como aconteceria. Ver todo o colégio tremendo, sendo derrubado, as folhas e os galhos batendo na janela de vidro. E Luna, quase explodindo a cabeça de uma aluna, o fez pensar que ela era mais do que só uma bruxa comum.
E ela já havia dito isso, só que ele custou acreditar. Afinal, bruxas apenas pronunciam petiços, criavam maldições, eram tenebrosas.
Bem, era isso que seu pai dizia. Nathan odiava bruxas. Sua geração passada e toda a alcateia as caçou e as queimou por vingança.
Óbvio que esses séculos, décadas, milhares dos dois lados morreram por conta de uma vingança que nunca tinha fim. Era mais do que só uma maldição que prendia todos eles naquela cidade.
Era uma maldição que repetia diversas vezes as mesmas coisas. Lobos e bruxas brigando, caçadores os matando, tudo pegando fogo.
Adrian não queria repetir as mesmas atitudes que seus antepassados. E, de forma alguma, desejava que seu pai e a alcateia inteira machucasse Luna ao descobrir quem ela era.
Ele a tirou de lá o mais rápido possível. Sentiu que Luna não estava sendo ela mesma. Estava sendo controlada por uma força sobrenatural, do qual não tinha explicação.
Assim como ele, há semanas atrás. Adrian não fazia ideia do que tinha naquela cidade que os deixava tão desnorteados.
Os fazia tomar atitudes tão horríveis. Ele estava com medo. Estava com muito medo. Então, deixou que Luna saísse dali o mais rápido possível.
Ela era teimosa demais para que ele impedisse. Então, ela decidiu ir. E Adrian correu atrás dela, assim que pôde.
Explicações ele não tinha. Razão era única e plena: protegi-la a qualquer custo.
Mas havia alguma coisa entre eles, silenciosamente, que começou com ódio e se transformou em uma paixão.
Adrian tinha que admitir. Estava apaixonado. Pensava em Luna ao acordar e ao dormir. Ao tomar banho, ao comer, a ir à escola. Se ele não a visse, ele não iria se satisfazer naquele dia.
Adrian a levou para casa. Já estava anoitecendo. Os dois ficaram em silêncio, caminhando até a casa de Luna, onde ele ficou na porta enquanto ela entrava.
Luna não disse uma palavra sobre o que aconteceu, sobre o que viu e sobre o que soube.
Ela não sabia o que dizer. O que diria? Que ela foi para uma realidade onde uma outra Luna, com seus vinte e tantos anos, com uma filha e casada? Casada com Adrian?
Era isso que ela diria a ele? O que iria parecer?
Bem, no momento, ela tinha tanta coisa na cabeça, e isso era mais um dos assuntos que a perturbava e que com certeza tiraria o seu sono à noite quando colocasse a cabeça no travesseiro.
Adrian queria dizer alguma coisa além, mas a, únicas palavras que saíram foi "boa noite".
Ele lutava contra os seus sentimentos. De um lado, não queria admitir que estava completamente apaixonado por Luna. Ele temia que quando seu pai descobrisse quem ela era, poderia estragar tudo. Por outro lado, Adrian, simplesmente, desejava pular a janela e beijá-la dentro do seu quarto, como fez a última vez no estacionamento.
Entretanto, aquele não era o momento. Ela já tinha passado por muita coisa naquele dia. Precisava descansar.
Adrian voltou para casa, também andando, pensando no que iria acontecer. O seu aniversário estava próximo, e como se já não bastasse todo esse problema com uma bruxa, ele também se preocupava com a sua família, a alcateia e a transformação definitiva.
Bem, não tão definitiva. Afinal, ele deveria voltar à sua forma humana assim que a lua sumisse.
Era o que seu pai temia, que ele não voltasse, assim como muitos que ultimamente haviam sumido.
Lobos viviam em grupo. A alcateia se protegia e caçava, mas aquela em específica estava presa na cidade.
E a maldição fazia mais do que pende-los ou o transformar em lobo. Ela também enlouquecia alguns.
Se você não controlasse a fera dentro de si, poderia nunca voltar à sua forma humana. E quando isso acontecia, quando não conseguia voltar, se transformava na fera para sempre.
Sem discernimento, sem um grupo, sem alcateia. Um beta, totalmente sozinho, que caçaria qualquer coisa, tanto para comer como para sobreviver.
Nathan se preocupava não só em perder garotos, mas também em manter os betas no seu lugar.
Ele era o alfa e devia de toda forma proteger a sua família, os lobos e aquela cidade. Nathan olhou as horas. Estava olhando pela janela, vendo que o carro já havia estacionado e seu filho não chegou.
Ele ficou irritado. Melissa sabia o porquê. Com a aproximação do aniversário de Adrian, ele estava sendo muito mais exigente, controlador e obcecado. Era mais do que só uma proteção de pai. Era uma proteção de alfa.
— Onde ele está? — Balbuciou, irritado.
— Adrian é jovem — apontou Melissa. — Com certeza está fazendo coisas que garotos da idade dele fazem.
Nathan virou e encarou a esposa, com cara de poucos amigos, mas isso não assustava Melissa. Dentro daquela casa, ele era apenas o Nathan.
— por um acaso você está acobertando ele?
— Nathan, — ela caminhou, séria, até onde ele estava estava. — ele é um garoto de 17 anos, seu filho não em qualquer. Adriana não é um infrator.
— Sendo o meu filho ou não ele precisa de disciplina.
O semblante de Melissa simplesmente escureceu, como uma nuvem de tempestade.
— Lá fora você é o alfa, aqui dentro, você é meu marido e pai de Adrian. Então trate de ser o pai dele e não o líder da alcateia.
Apesar do rosto sério e parecer duro, até o próprio Nathan tinha medo dela.
Ele respirou fundo e desviou sua atenção, voltando a olhar através da janela.
— Acha que eu não fico preocupado?
— Acho que você está confundindo as coisas. — Melissa nunca o viu tão ríspido, arrogante e exigente. Óbvio que quando estava com a matilha ele era o líder, respeitado, que deveria mostrar inferioridade, porém, Nathan sempre foi doce, cuidadoso e amoroso, mas desde que completou 17 anos, ele mudou completamente. Ela acreditava que era pura preocupação. Por isso não odiava por estar agindo assim.
— Só quero o melhor para ele.
Ele sentiu as mãos delicadas de Melissa em seu braço, apoiando o seu corpo e cabeça, junto a ele.
— Ele está bem, se controlou, controlou a transformação, e eu sei que adiante será um bom líder, no futuro. Não precisa colocar tanta pressão em cima dele.
— Não é o que eu quero.
— Então pare de ser tão exigente.
Quando avistou o filho, Nathan ficou mais tranquilo, entretanto, era curioso, porque ele não veio como motorista?
Antes mesmo de chegar a porta de casa, Adrian viu seus pais encarando o lado de fora, com certeza esperando por ele. Atenção tomou os seus músculos, o forçando aprender a respiração, assim que gerou a maçaneta.
Quando passou pela porta, foi até a sala, onde eles estavam. Adrian esperava que seu pai lhe desse alguma bronca, fizesse alguma pergunta no qual deixaria o garoto tensão, por ter que mentir, mas por fim, não foi isso que aconteceu.
— Em casa, tão cedo? — Disse, pensando em descontrair.
— Eu quis ter um momento com a minha família. — respondeu o pai.
— Vai tomar um banho. — Melissa mandou. — Hoje o jantar vai ser em família.
Adrian não sabia se isso era bom ou ruim. Ele pensava no que seu pai diria, caso contasse sobre o que realmente estava acontecendo com a sua vida. Nathan adoraria saber que Adrian estava se envolvendo com uma das descendentes da bruxa primordial. Por hora, o garoto decidiu seguir o conselho da mãe.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora