Capítulo 22

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Luna

Aquela visão foi tenebrosa demais para conseguir esquecer. A sensação que eu senti quando toquei naquela pedra foi de desespero. Eu não fazia ideia se aquelas mulheres faziam parte do clã de alguma ancestral minha, do passado.

Mas quando eu gritei, e aquela velha conseguiu me enxergar, senti como se meu coração estivesse prestes a sair pela boca. Era como se eu estivesse presente, mesmo estando séculos à frente.

Eu não queria ter que lembrar daquela cena, mas ela não saía da minha cabeça. Isso me fez ter coragem e, mais determinada, em aprender a magia e o que todas aquelas runas significavam.

Algumas eu pus na internet e encontrei algumas traduções. Fiquei um pouco alarmada. Nem tudo ali era paz e bonito. Não era como se tivesse me transformado numa fada madrinha e transformasse tudo em doce e magia do bem.

Eu sabia que nada ali era bom. Afinal, a bruxa primordial fez um pacto. E onde está a bondade em tudo isso?

Eu só queria entender o que eu sou e como usar os meus poderes, mas não para o mal. Eu nunca faria isso. Eu nunca seria a bruxa do mal, mesmo que eu tivesse que abandonar aquele livro e toda a esperança que minha avó tinha em cima de mim.

Como se já não bastasse tudo isso em minhas costas. Um segredo no qual eu não podia contar para ninguém. A não ser para Adrian, que parecia mais meu inimigo do que meu aliado. E eu não fazia ideia se contaria essa parte para ele.

Acho que o mistério e alguns segredos entre nós era a chave para ficarmos em harmonia. Eu ainda tinha que pensar em um encontro duplo com ele e o seu colega de lacrosse. Eu nunca fui a encontros, porque sempre os recusei.

A minha ideia era outra. Eu sempre fui focada nos estudos, mesmo que agora eu estivesse pecando. Então, sair com dois garotos do time de lacrosse, sendo que um deles estava com interesse romântico em mim e o outro odiava, era algo que eu queria recusar sem muita dificuldade.

O problema é que a minha nova amiga não tinha esse mesmo pensamento. E sem me perguntar nada, ela acabou aceitando. E eu não sabia o que fazer. Fiquei tímida na hora. Não porque eu gostava do menino, mas por odiar quebrar a expectativa das pessoas.

Parecia que isso era um defeito meu, que acontecia recorrentemente. Eu, neste exato momento, peguei o livro que havia guardado em minha bolsa e me dirigi para a cabana no meio da floresta, onde minha vó praticava a sua magia.

Eu estava ansiosa. Ainda não tinha aprendido a se conectar com o mundo onde ela estava. Parecia que era ela que estava me puxando e não eu indo até ela.

Mas, como ela sempre dizia: estava ao meu lado. Em todos os lugares.

Então, rezava para que ela entendesse que eu precisava dela para aprender e saber o porquê eu tive aquela visão e o que aquelas mulheres estavam fazendo.

Estava ficando escuro, o sol se punha no horizonte, e eu adentrei na densa mata no qual escondia diversas criaturas no qual eu ainda não fazia ideia de que existiam.

Bem, se lobos estavam por aí, tornando aquela North Walland ainda mais bizarra, o que outras coisas existiam ali?

Eu me foquei apenas em mim e nos meus estudos. Claro que eu estava com medo. Até porque, da última vez, Adrian apareceu dizendo que estava me protegendo, mas me protegendo de que exatamente? Dele ou de outra besta?

Ele sempre aparecia nos momentos que eu não queria, me atrapalhando, e esperava que desta vez ele me deixasse finalmente me conectar e aprender alguma coisa.

Além do mais, eu estava muito curiosa, e não queria que ele soubesse das informações que eu acabei descobrindo. Afinal, a bruxa primordial havia criado todo aquele feitiço, amaldiçoando o primeiro homem da família, que passou de geração em geração, prendendo todos aqueles homens e mulheres naquela cidade.

Algo que eu pensei bastante, será que há mais lobos do que humanos, na cidade?

Afinal, a cidade não era tão pequena, mas também não era muito grande. Era típica, com grandes arquiteturas antigas, rodeada por uma floresta densa, cachoeiras e, apesar de ter indústrias, e prédios modernos, que comportavam empresas multinacionais e ricas, ainda assim era pacata, se comparada com Londres.

Eu adentrei a casa velha, e acendia a luz com um clique. Olhei em volta, abraçada com o livro. Respirei fundo, coloquei uma manta, não muito grande, no chão e sentei-me, cruzando as pernas.

Passei um bom tempo analisando aquele lugar. O que será que acontecia ali? Será que minha avó já praticou magia negra?

Coisa que, á naquele livro, bem, era algo no qual eu não saberia até o momento em que estivesse ao lado dela. Então, fechei os olhos e pensei, pensei muito na minha avó.

Eu queria que, dessa vez, eu conseguisse ir até ela, e não ela que me puxasse. Queria praticar a minha magia, pois eu sentia que, pouco a pouco, ela aparecia.

Então, quando eu finalmente abri os olhos, estava naquela floresta novamente, sentada nas folhas secas e pequenos galhos.

Quando olhei para trás, lá estava a mulher que eu tanto amava. Ela sorria, parecia orgulhosa de mim, e eu me sentia orgulhosa de mim mesma.

Fui até onde ela estava, ansiosa. Aposto que ela sentia os batimentos do meu coração. Minhas mãos suavam e o livro, havia desaparecido das minhas mãos, sem que eu soubesse como.

- Vó – a ansiedade estava me deixando ofegante. Era como se o ar fosse difícil de respirar, naquele lugar. – Tenho muitas perguntas.

A mulher, baixou a cabeça, dando um sorrisinho. Ela se virou, indo para casa, que, curiosamente, estava nova, mobiliada. Havia cadeiras na varando, coisa que da última vez não tinha.

Tudo nisso era muito estranho e me deixava ainda mais curiosa. Quando as coisas voltariam ao normal? Será que voltará?

- Venha, está ficando frio.

E realmente estava. Só percebi quando ela falou.

- Bizarro – Falei, olhando para os lados. – Isso está ficando ainda mais estranho. – A seguindo, subir os degraus, que me lavava para a varanda, prestando atenção aos detalhes. – Dá para me explicar o porquê aquele existe aquele lugar bizarro onde vi uma meia dizia de bruxas, fazendo um ritual, onde sacrificaram uma mulher?

- Quer algo para beber? – Ágil como se eu não tivesse dito nada.

- Quero explicações. – Insisti, parando. A mulher virou-se para me olhar. – São nossas ancestrais? São ouro tipo de bruxas? O que aconteceu naquele lugar, e o porquê a mulher me viu?

- Ela viu você? – Franziu o cenho, preocupada. – Luna!

Ela parecia me repreender por algo que não planejei.

- Eu não sabia o que estava acontecendo. Toquei na pedra e vi tudo aquilo. Ela matou alguém. – Falei, desesperada.

continua...

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora