capítulo 55

58 7 0
                                    

O luar penetrava timidamente através das copas densas das árvores, criando sombras dançantes na floresta. O ar estava impregnado com o cheiro da terra úmida e da folhagem densa, enquanto o som de folhas sendo esmagadas sob passos apressados quebrava o silêncio da noite. Lisa e seus tios avançavam implacáveis, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. Eles eram caçadores de lobos, e hoje, a caçada seria diferente.

Os lobos solitários, um pequeno grupo de três, estavam assustados. Suas respirações eram audíveis, seus corações batendo em ritmo frenético. Eles sentiam o perigo iminente, mas algo em suas mentes, uma faísca de consciência, os fazia correr e se esconder. Um deles, mais corajoso ou talvez mais desesperado, tentou se defender, rosnando para os caçadores que empunhavam balas de prata e flechas com pontas afiadas do mesmo metal mortal.

De repente, um estalo. Um dos lobos caiu em uma armadilha escondida sob a folhagem. Seus uivos de dor ecoaram pela floresta, um som que gelou os ossos dos outros dois. Eles hesitaram, mas não por muito tempo. Era aí que a verdadeira batalha começava.

A alcateia estava próxima. Cinco lobos enormes e ferozes surgiram das sombras, seus olhos brilhando com uma fúria selvagem. Eles se colocaram entre os caçadores e o lobo preso, prontos para defender os seus. O confronto era inevitável.

Nathan, o líder da alcateia, tentou evitar esse confronto. Mas ele não estava ali agora; sua mente estava confusa, perdida nas armadilhas mágicas da bruxa. Apenas cinco dos seus homens, leais e determinados, estavam presentes para enfrentar os caçadores.

Os caçadores bem armados começaram a atirar, suas balas de prata cortando o ar em direção aos lobos gigantes. Mas os lobos eram rápidos, ágeis, esquivando-se com uma graça quase sobrenatural. O chão da floresta virou um campo de batalha, o cheiro de pólvora misturado com o de sangue.

Lisa, a mais afoita de todos, avançou com uma ferocidade assustadora. Ela não tinha códigos, nem moral. Para ela, a caçada era um jogo, e os lobos eram apenas suas presas. Seus olhos brilhavam com um ódio incontrolável quando ela mirou e disparou. A bala encontrou seu alvo, um dos lobos gigantes caiu, seu corpo pesado colidindo com o solo.

— Hã… estão fugindo? — falou irônica. Mesmo sabendo que estavam em menor número, e que, se quisessem, os lobos poderiam os engolir, a mulher não baixou a guarda. — A festa só começou.

Os outros quatro lobos imediatamente cercaram o companheiro caído, protegendo-o com seus corpos. Os lobos selvagens, os três que haviam sido a caça inicial, já haviam se dispersado, fugindo para encontrar outro grupo da alcateia que os acolheria. Mas com um deles ferido, a unidade da alcateia era crucial.

Lorenzo, vendo que mais lobos estavam se aproximando, gritou para Lisa.

— Pare, Lisa! Estamos em desvantagem!

Mas Lisa não ouvia. O sangue nos olhos dela era como um véu, cegando-a para o perigo real. Ela adorava a caçada e não se importava se aqueles lobos eram inocentes ou se havia uma maldição na cidade que os forçava a serem assim.

Os caçadores perceberam que estavam em pouca vantagem. Os lobos eram arquitetados, atacavam com inteligência e coordenação.

Todos sabiam que, atacar um caçador significava colar todos da alcateia em perigo. Se tem algo que pessoas assim gostam é de uma boa justificativa para os caçar.

Por hora, se defender era a melhor solução. Bem, era assim que eles imaginavam, já que o alfa havia sumido.

Eles recuaram, mas a tensão no ar indicava que aquilo estava longe de terminar. Lisa, no entanto, não estava pronta para recuar. Ela ergueu sua arma novamente, pronta para continuar a matança.

A lua lançava uma luz pálida e inquietante sobre a floresta, enquanto o vento sussurrava segredos sombrios entre as árvores.

Nathan, estava muito distante daquele campo de batalha onde sua presença era desesperadamente necessária.

Sua mente estava envolta em um nevoeiro espesso, uma confusão induzida pela magia poderosa de Jane. Ele sabia que deveria estar liderando sua alcateia, protegendo-os do perigo iminente, mas a bruxa o tinha sob seu domínio, arrastando-o para longe, para um local onde seus instintos e responsabilidades eram distorcidos e esquecidos.

Nathan estava próximo de uma velha casa no meio do mato, um lugar que exalava um ar de abandono e mistério.

Suas janelas estavam embaçadas, e a madeira rangia sob o peso de sua história. Lá dentro, seu filho Adrian e Luna estavam juntos, inconscientes do olhar vigilante que os observava. Adrian estava distraído demais, para sentir a presença de outra pessoa, do lado de fora.

Mas não era realmente Nathan que espreitava; seu corpo era apenas um recipiente, sua alma estava subjugada pela bruxa. Jane usava o Alfa como seus olhos e ouvidos, monitorando cada movimento dos jovens.

A batalha na floresta havia alcançado um clímax tenso. Os caçadores, percebendo que estavam em desvantagem diante da feroz resistência dos lobos, começaram a recuar.

Lorenzo segurou Lisa pelos braços, forçando-a a dar passos para trás, longe do perigo. Lisa, porém, sentia uma satisfação sombria. Ela havia atingido um dos lobos, mas sua sede de sangue não estava saciada; queria exterminar todos eles, não apenas ferir um.

Enquanto os caçadores recuaram, Jacob, ferido, voltou à sua forma humana. Ele se ajoelhou no chão, respirando pesadamente, com um ferimento no ombro que ardia como fogo.

Era uma bala de prata, uma ferida que não era apenas física, mas que queimava sua essência sobrenatural. Seus colegas lobos também retornaram à forma humana, e juntos, apoiaram Jacob e o levaram de volta para o pequeno vilarejo onde os anciãos poderiam tentar salvá-lo.

A confusão e a dor eram palpáveis. Cada membro da alcateia se perguntava a mesma coisa: onde estava o Alfa? O líder que deveria estar à frente, guiando e protegendo-os, estava ausente.

  Nathan, sob o controle da bruxa, era incapaz de responder a esse chamado. Jane, com seu plano maligno, começava a ver os frutos de sua manipulação.

Na velha casa, Adrian e Luna estavam alheios ao perigo que se aproximava. Eles não tinham ideia de que estavam prestes a ser alvo de um ataque brutal.

Nathan, ou melhor, o corpo de Nathan controlado pela bruxa, observava em silêncio. Cada som, cada movimento dentro da casa era registrado pela bruxa, que aguardava o momento certo para agir.

O cerco estava se fechando. A alcateia estava em perigo iminente, e seu líder estava perdido em um labirinto de magia e manipulação.

O plano de Jane, tão meticulosamente arquitetado, começava a se desenrolar com precisão mortal.

E enquanto os caçadores se retiravam, Lisa olhava para a floresta com uma expressão de determinação feroz.

Ela sabia que a batalha estava longe de terminar. A alcateia podia ter escapado por enquanto, mas ela estava decidida a caçá-los até o fim.

  No fundo de seu coração, uma voz sombria sussurrava que a verdadeira caça ainda estava por vir. E a noite, cheia de mistério e perigo, apenas começava a revelar seus segredos.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora