capítulo 75

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Eles estavam no meio do frio da floresta, com a névoa densa envolvendo-a como um véu sombrio. Cada inalação trazia consigo a sensação de fracasso e impotência. Sua visão interior mostrava claramente Nathan, acorrentado e sofrendo sob a tortura incessante dos demônios do inferno. Ela podia ouvir seus gritos de dor ecoando em sua mente, mas estava impotente, presa no mundo dos vivos, incapaz de atravessar a barreira que separava os reinos. Adrian estava ao seu lado, cabisbaixo e em silêncio. O peso do desespero e da decepção pairava sobre eles como uma nuvem carregada. Luna sentiu um aperto no peito, uma mistura sufocante de tristeza e culpa.


Adrian tinha vindo até ela em busca de esperança, mas tudo o que ela conseguia oferecer eram visões terríveis e a incerteza de um plano que talvez nunca se realizasse. Ela estendeu a mão para Adrian. Quando ele a segurou, seus olhares se encontraram. Os olhos verdes de Luna estavam marejados, refletindo sua própria frustração. Ela abriu a boca para falar, mas as palavras pareciam presas em sua garganta. Sentia-se inútil, incapaz de aliviar o sofrimento de Adrian ou de resgatar o pai dele. Adrian sorriu levemente, um gesto que parecia pequeno e insignificante, mas que carregava um peso enorme de compreensão e aceitação. Ele inclinou-se e a beijou suavemente. Quando seus lábios se separaram, ele a olhou nos olhos e disse: — Obrigado. Você... Clareou nossos olhos. Essas palavras, embora simples, acenderam uma chama de determinação dentro de Luna. Ela não podia desistir. Não enquanto houvesse uma chance de trazer Nathan de volta. — Vou fazer de tudo para o trazer de volta. Eu prometo. — Sua voz tremia, mas estava carregada de uma força renovada. — Antes, tenho que falar com as minhas antepassadas. Elas sabem como funciona o inferno e o poder canalizado dele. Tenho certeza de que, unindo esse poder e o do caos, posso trazer seu pai de volta. Adrian assentiu, seu sorriso mais confiante agora. — Sei que vai conseguir. — Ele disse, com uma fé inabalável. Determinada, Luna decidiu voltar para casa o mais rápido possível. Ela precisava falar com sua mãe e, juntas, contactar as ancestrais. Enquanto caminhava pela floresta envolta na névoa, sentia o poder demoníaco que se espalhava pela cidade. Ela sabia exatamente quem era a culpada por aquilo. A névoa densa parecia pulsar com uma energia maligna, cada sombra e cada sussurro ampliando seu senso de urgência. Quando a silhueta de sua casa apareceu à distância, envolta na névoa, ela correu até lá, com ansiedade e emoção.


Luna atravessou a soleira da porta, sentindo um misto de alívio e tensão. A casa parecia envolta em um manto de ansiedade palpável. Seus pais, Elisabete e Lorenzo, estavam esperando por ela, visivelmente preocupados e apreensivos. Assim que os olhos de Elisabete encontraram os de Luna, ela correu para abraçá-la com força, sentindo um alívio momentâneo por ver a filha inteira e em segurança. Lorenzo, porém, permaneceu de braços cruzados, com um olhar severo que refletia a frustração e o medo que ele sentia. Elisabete, ainda abraçando Luna, sussurrou: — Graças aos deuses que você está bem. Luna podia sentir o coração de sua mãe batendo acelerado contra seu peito. Sabia que Elisabete estava preocupada não só com sua segurança física, mas também com o poder sombrio que Luna possuía e o risco constante de ele consumi-la. Quando finalmente soltou a filha, Elisabete olhou-a de cima a baixo, verificando se havia algum sinal de ferimento ou cansaço extremo. Embora Luna parecesse intacta, a preocupação de sua mãe não diminuía. Lorenzo, por outro lado, estava furioso. A expressão dura e o tom de voz frio deixavam claro que ele esperava uma explicação convincente. — Saiu escondida, em uma cidade rodeada por bruxas e lobos gigantes, sem aviso, para ajudar um amigo? — disse ele, tentando manter a calma. Luna revirou os olhos, ciente de que a preocupação de seu pai era justificada, mas também irritada pela falta de compreensão dele sobre a gravidade da situação. — Sim, pai, fiz exatamente isso. — Disse, sem medo, encarando Lorenzo com firmeza. — Um demônio do inferno veio para a cidade e caçou uma pessoa inocente. Ninguém podia lidar com isso sem mim. Pior ainda, mesmo eu mandando-o de volta para o inferno, ele feriu esse homem e roubou a alma dele, levando-a para o inferno, mesmo que seu corpo esteja aqui. Por isso estou aqui para falar com a mamãe. Só ela tem o poder de se conectar com o lado bruxa que perdi. Você pode me ajudar, não é? Elisabete deu um leve sorriso, apesar de desgostosa, confirmando com a cabeça. — Já não basta vocês serem bruxas, agora vão lidar com demônios? — Lorenzo exclamou, visivelmente frustrado. — Não é uma escolha, pai. — Luna baixou os ombros, tentando parecer compreensiva. — Se dependesse de mim, eu não faria, mas... — É perigoso. — Ele interrompeu, seu tom carregado de preocupação. — Acredite, eu sei. Mas não tenho escolha. Se tenho esse poder, devo ajudar. E não vou decepcionar Adrian. — Quem é Adrian? — Lorenzo franziu o cenho, sua preocupação agora misturada com curiosidade. Luna suspirou, ciente de que essa revelação só complicaria as coisas. — Meu namorado. A revelação caiu como uma bomba. Lorenzo ficou momentaneamente sem palavras, absorvendo a nova informação.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora