Capítulo 16

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Luna

Ainda não tive coragem de abrir o livro e ler o que tinha dentro dele. Quando voltei para casa na noite anterior, eu o escondi em um lugar seguro, onde sei que minha mãe nem meu pai conseguiriam encontrar.

A noite de lua cheia, assim como a minha vó havia dito, foi uma surpresa e reveladora. Descoberta. Adrian simplesmente fugiu. A minha pergunta foi bem certeira, e mesmo que eu tivesse dúvidas naquele momento, foi selada.

Com certeza ele era a pessoa a que minha vó atribuía o meu destino. Significava que nós dois estávamos ligados em algum ponto? Isso justificava tanta emoção e a raiva que sentíamos um pelo outro?

Bem, eu não sei. Mas tenho certeza de que depois da noite passada, eu não o odiava tanto. Não faço ideia, já que ele ainda é o mesmo idiota de antes. Mas dessa vez parecia que eu entendia isso. E na noite passada eu senti que ele estava me protegendo de alguma coisa.

Não faço ideia de como resolver todo esse problema. Eu tinha apenas 17 anos. Como posso lidar com o novo fato de que sou uma vidente/bruxa/feiticeira?

Que eu tinha que aprender a usar a minha magia para libertar as criaturas mágicas dessa cidade e que a pessoa que era basicamente o meu destino me odiava e adorava fugir de mim.

Revirei os olhos, baixando os ombros, cansada. Desde o momento que pisei nessa cidade, não consigo ter um momento de paz. E quando acho que estou entendendo tudo, eu simplesmente não controlo o que acontece comigo com as pessoas ao meu redor. Pisar naquela escola depois de tudo que aconteceu, me trouxe muita ansiedade.

Parecia que ultimamente as coisas estavam assim para mim. Era tão desconcertante. Eu não conseguia controlar o meu humor, o meu corpo, nem a minha cabeça. Como vou conseguir terminar este ano sem enlouquecer de verdade?

Abri o meu armário, colocando alguns livros dentro dele e pegando meu caderno. Quando o fecho e viro, dou de cara com a imagem de Adrian, que vinha em minha direção, ao lado de dois colegas.

Ele estava distraído, mas quando levantou o rosto, me encontrou. Ficou surpreso e chocado. Passou por mim sem falar nada. Eu sabia que ele iria ficar sem falar comigo dentro do colégio e nem iria comentar sobre o que aconteceu na noite passada.

Eu também não iria entrar em assuntos como esse na frente de todo mundo. Afinal, para as pessoas comuns, se eu falasse sobre bruxaria ou lobisomem, eu estaria louca.

Me concentrar nas aulas, novamente, era um desafio. Eu já estava de saco cheio, só queria ser um adolescente normal, preocupada com a escola e a faculdade, mas não dava.

Eu não sou normal, desde o momento em que pisei nessa cidade. Agora, penso no que tem naquele livro e como lei ele, ou será que a minha alma foi vendida para o...

Então, a professora chama o meu nome, me fazendo despertar dos pensamentos intrusivos.

- O que? – Perguntei, confusa.

A loira, que me parecia bastante estranha, me encarou com o cenho franzido, e repetiu a pergunta.

- Pode me dizer o que achou do livro no qual a sala leu?

Claro. A aula de literatura/filosofia. Bem, ultimamente não estou sendo a aluna exemplar que sempre fui. Algo que me irritava. Nervosa, eu não sabia o que responder, pois nem toquei no livro.

- Desculpa, ainda não terminei. – Pelo menos fui honesta.

Os alunos, riram de mim, como um deboche, no qual odiei, mas não disse uma palavra. Me remoí por dentro, calada. Me afundei na cadeira, ouvindo outro colega responder à pergunta.

Mary Ann apertou minha mão, fazendo com que eu prestasse atenção nela.

- Você está bem? – Murmurou.

Balancei a cabeça, positivamente, e voltei a olhara para a professora, que insistia em me encarar.

***

No refeitório, eu não sabia o que fazer. Estava a poucos metros, um do outro. Ele, rodeado pelo grupinho arrogante, que adorava rir, provocar e fofocar, sobre todos os outros, e eu, estava ao lado de Mary Ann.

Confesso que o encarar, descaradamente, era um habito que eu odiava. Lembrei-me da noite passada, onde consegui sentir o que Adrian tanto escondida de mim. Porém, agora, não consigo ler sua mente.

- Vai rolar uma festa – Mary comentou, fazendo-me encara-la. – Podemos ir?

Franzi o cenho.

- Está me pedindo permissão? – Ri.

- Não, estou perguntando se você pode ir comigo.

Balancei a cabaça, achando isso um absurdo.

- Desculpa, Mary, odeio festas.

Ela ficou decepcionada.

- Todo mundo vai – Baixou a cabeça. – Não posso ir sem você. O grupinho do Adrian adora debochar de mim, e você é a melhor pessoa para repelir eles.

Adrian? Isso acendeu uma vontade, repentina, de sair e fazer algo que eu odiava fazer.

- Adrian vai? – Voltei a encara-lo. Me surpreendi, pois ele estava me encarando. Parecia até que podia nos ouvir. Claro. Lobos têm a audição apurada. – Quer saber – Apoiei a mão na mesa. – Posso dar uma passada.

- Jura? – A animação de Mary Ann chamou a atenção dos que estavam ao nosso redor, a fazendo ter vergonha. – Ótimo, vou passar na sua casa.

Ele queria me evitar, mas não iria conseguir. Claro que tenho que me conectar a minha avó e descobrir o porquê estou presa a esse babaca, contudo, minha curiosidade para saber como os lobos vivem estava tomando forma, naquele momento.

Sabendo que ele podia me ouvir, eu murmurei, baixo o suficiente para que Mary não me ouvisse:

- Nós vemos a noite, babaca. Você não vai fugir de mim, por muito tempo.

Dei um sorriso e, vi a raiava em seu olhar. 

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora