Capítulo 39

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Luna

Acabei aceitando que eu nunca mais vou ter uma noite de sono no qual eu possa amanhecer relaxada e alegre. Desde o dia que pisei aqui, tudo mudou, e todos os dias é uma coisa nova que descubro.

Agora, eu tinha na mente tudo que ouvi e vi naquele mundo paralelo, onde uma versão minha mais velha era casada com Adrian, e ela basicamente falou que eu não preciso de professores, que o caos é natural e que há uma energia dentro de mim que irá me guiar.

O problema é que, se essa energia está me guiando agora, ela está fazendo isso erroneamente. Eu não quero machucar as pessoas. Eu não quero ficar descontrolada e jogar as coisas contra a parede.

Não quero quebrar vidros, derrubar espelhos nem quadros. Eu quero controle. Eu quero saber como destruir essa maldição, quitar a minha dívida e viver a minha vida.

Estou de saco cheio dessa coisa de feiticeira, de bruxa, de lobos. Eu só quero me concentrar nos estudos, passar na faculdade que eu quero, estudar, trabalhar, suceder ao meu pai, assim como ele mais deseja.

No momento, eu acho que isso é impossível. Ao descer pelas escadas, ouço a voz dos meus pais. Eles estão na sala de jantar, tomando café.

Entro, como sempre, ultimamente, mal-humorada. Sento-me na cadeira, pego uma maçã e mordo. Minha mente está viajando muito longe. Tanto que eu nem vi a pergunta que minha mãe fez. Apenas quando ela chamou o meu nome, eu a encarei assustada e ela achou estranho.

- Luna, ultimamente você anda bem distraída. Está acontecendo alguma coisa?

Eu a observo. Sem saber o que falar. Era como se eu escondesse milhões de segredos dos meus pais. E tinha medo de que eles descobrissem e me achassem louca.

Assim como fizeram com a minha avó. Mas há algo dentro de mim que sabia que a minha mãe não achava a minha avó louca. Ela queria fingir que sim. Queria aceitar que sim. Pois isso a tornaria filha de uma bruxa. Isso a tornaria como uma dela. De nós, eu diria.

Mas minha mãe sempre tentou negar para si mesma. Porque não queria ser diferente de outras pessoas. Assim como eu. Então, acabou deduzindo que... não posso ser como ela. Tenho que aceitar quem sou. Para me controlar. Para não machucar as pessoas. Para ser verdadeira comigo mesma.

Eu tinha que ser verdadeira comigo mesma. E não temer o que sou. Então, engulo em seco e a respondo:

-. Não tem nada acontecendo. É só coisas de adolescente. Eu tenho muita coisa para fazer. Estudos e tudo mais. Entende? Coisas de adolescente. Não é nada demais.

Sendo assim, eu me levanto da cadeira, e olho para o meu pai. Que está com os olhos cerrados. Me fitando. Tentando descobrir os meus segredos. Eu tenho medo daquele olhar. Meu pai não era um homem ruim, na verdade, ele era bem carinhoso e protetor. Bem, muito protetor. Protetor dez vezes mais do que um pai normal.

Ele já tentou uma vez me ensinar como usar o marco e flecha, facas, e eu disse a ele que não era muito o meu estilo. Não sou muito de esforço físico nem de violência. E mesmo que o propósito seja apenas para caçar, prefiro ser leiga, pois acho que não teria coragem de matar um cervo. A não ser, é claro, que esse cervo me provoque e eu perca a cabeça, desejando que a sua, explodisse. Acho que nunca vou superar aquele ocorrido.

Não sou esse tipo de garota que faz programas esquisitos com o pai, só para agradá-lo e, na verdade, estar odiando aquele programa. Ele, por fim, desistiu. Disse que se no futuro, se mudasse de ideia, poderia me ensinar mais algumas coisas.

Eu prefiro ficar na teoria, mas sinto que meu pai se decepcionou comigo. E naquele momento, com ele me fitando daquele jeito, senti a mesma energia de antes.

Legacy: O filho do alfa e a feiticeira Completo Até 15/10Onde histórias criam vida. Descubra agora