Capítulo 50

70 16 0
                                    

JUNGKOOK

Quando abro a porta, a primeira coisa que vejo é o rosto do meu pai. Na bochecha, há um hematoma bem escuro, e um pequeno corte no lábio inferior. Cumprimento-os com a cabeça, sem saber o que dizer.

— Que linda a sua casa. — Karen sorri, e os três ficam de pé, perto da porta, sem saber o que fazer. Jimin nos salva, aparecendo na sala.

— Por favor, entrem. Pode colocar isso na árvore — ele diz para Taehyung, apontando o saco de presentes em seus braços.

— A gente trouxe os que vocês deixaram lá em casa também — diz meu pai. O ar está carregado — não chega a ser raiva, mas é uma tensão pesada pra cacete. Jimin sorri gentilmente.

— Muito obrigada. — Ele é bom em deixar as pessoas à vontade. Pelo menos um de nós precisa ser.

Taehyung é o primeiro a entrar na cozinha, seguido por Karen e Mingyo. Seguro a mão de Jimin, usando-a como âncora para a minha ansiedade.

— Tudo bem no caminho? — Jimin puxa conversa.

— Tudo bem; eu dirigi — responde Taehyung. Enquanto comemos, a conversa a princípio desconfortável vai ficando um pouco mais descontraída. Entre um prato e outro, Jimin aperta minha mão debaixo da mesa.

— Estava uma delícia — elogia Karen, olhando para Jimin.

— Ah, não fui eu que fiz, foi Jungkook — comenta Jimin, colocando a mão na minha coxa.

— Sério? Estava ótimo, Jungkook. — Karen sorri.

Não teria me incomodado se Jimin tivesse ficado com o crédito. Ter quatro pares de olhos em mim me dá vontade de vomitar. Jimin aperta minha perna com mais força, querendo que eu diga alguma coisa. Olho para Karen.

— Obrigado — digo, e Jimin aperta minha coxa de novo, me fazendo abrir um sorriso sem jeito para a mulher do meu pai.

Depois de alguns segundos de silêncio, Jimin fica de pé e tira seu prato. Ele caminha até a pia, e eu me pergunto se devo segui-la ou não.

— A comida estava ótima, filho. Estou impressionado — diz meu pai, quebrando o silêncio.

— É só comida — murmuro. Ele baixa os olhos, e eu me corrijo. — Quer dizer, o Jimin cozinha melhor que eu, mas obrigado.

Meu pai parece satisfeito com a minha resposta e dá um gole em seu copo. Karen sorri sem jeito, olhando para mim com aqueles olhos estranhamente reconfortantes dela. Desvio o olhar. Jimin volta à mesa antes que outra pessoa tenha a chance de elogiar a comida.

— E aí, vamos abrir os presentes? — pergunta Taehyung.

— Vamos — Karen e Jimin respondem ao mesmo tempo.

No caminho da sala de estar, fico o mais perto que posso de Jimin. Mingyo, Karen e Taehyung sentam no sofá. Estendo a mão para Jimin e puxo-o para sentar no meu colo na poltrona. Ele arrisca uma olhada para os nossos convidados, e Mingyo tenta esconder um sorriso. Jimin desvia o olhar, envergonhado, mas não sai do meu colo. Eu me aproximo dele um pouco mais e o abraço com mais força pela cintura.

Taehyung levanta e pega os presentes. Ele os distribui, e me concentro em Jimin e no jeito como ele fica animado com esse tipo de coisa. Amo o seu entusiasmo, e sua forma de deixar as pessoas à vontade. Mesmo nessa segunda tentativa de Natal.

Taehyung entrega a ele uma pequena caixa que diz De: Mingyo e Karen. Quando ele rasga o papel, revela uma caixa azul com um Tiffany & Co. escrito em letra cursiva prateada.

— O que é? — pergunto baixinho. Não entendo nada de joias, mas sei que a marca é cara.

— Uma pulseira. — Ele tira a joia da caixa e me mostra uma pulseira de corrente prateada, com um pequeno pingente em formato de coração flechado balançando, preso ao metal caro. O objeto reluzente faz o bracelete no pulso de Jimin, o meu presente para ele, parecer uma porcaria.

— Claro — digo entre dentes. Jimin franze a testa para mim, depois se volta para eles.

— É linda; muito obrigado mesmo. — Ele sorri.

— Ele já… — começo a reclamar. Odeio que o presente deles seja melhor do que o meu. Eu sei — ele tem dinheiro. Mas eles não podiam ter comprado outra coisa, qualquer coisa?

Mas Jimin vira para mim, me implorando em silêncio para não tornar as coisas ainda mais desagradáveis. Solto um suspiro derrotado e me recosto na poltrona.

— E o seu, o que é? — Jimin sorri, tentando aliviar meu humor. Ele se reclina sobre mim, beijando minha testa, e olha para a caixa no braço da poltrona, me mandando abrir o presente. Eu obedeço e levanto o objeto caríssimo para ele ver.

— Um relógio. — Mostro a Jimin, tentando agradá-lo ao máximo.

Sinceramente, ainda estou morrendo de raiva daquela pulseira. Queria que ele usasse a minha pulseira todos os dias — queria que fosse o seu presente preferido.

After Depois da Verdade  ( Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora