After Depois da Verdade ( Jikook)

Capítulo 60

JUNGKOOK

Reparo na presença de um vulto dourado a alguns passos de distância. Olho atrás de Jamie e vejo Jimin com os olhos arregalados e o lábio inferior tremendo. Ele passa de criatura indefesa a namorado enfurecido em um instante, e desce as escadas correndo.

O quê?

— Jimin! Espera! — grito atrás dele. Mesmo estando bêbado, ele desce a escada voando. Por que ele sempre foge de mim? — Ji! — grito de novo, empurrando as pessoas para que saiam da minha frente.

No fim, quando estou quase o alcançando no hall de entrada da casa, Jimin faz algo que quase acaba comigo. O imbecil de cabelo loiro que estava de olho nele mais cedo assobia ao vê-lo passar apressado. Ele para de repente, e o olhar em seu rosto me detém. Ele segura o cara pela camisa, sorrindo.

Que diabos ele está fazendo? Ele
vai…?

Ele responde à minha pergunta silenciosa olhando para mim antes de beijar a boca do cara.
Pisco várias vezes numa tentativa de fazer a cena desaparecer. Mas não adianta. Ele não faria isso, não o Jimin, por mais irritado que estivesse.

O cara, depois de um instante de surpresa com a demonstração repentina de afeto, passa os braços pela cintura dele. Ele abre a boca, leva a mão aos cabelos dele e começa a puxá-los. Não consigo entender o que está acontecendo.

— Jungkook! Para! — ele grita.

Parar o quê?

Quando pisco de novo, estou em cima do cara, e os lábios dele estão machucados.

Eu já bati nele?

— Por favor, Jungkook! — ele grita de novo.

Saio de cima dele antes que alguém se aproxime.

— Mas que porra é essa? — o cara resmunga.

Sinto vontade de dar um chute na cara dele, mas estou tentando me controlar. Ele tinha que fazer isso, estragar tudo que venho me esforçando para fazer. Corro para a porta e não me dou ao trabalho de olhar para ver se ele está me seguindo.

— Por que você bateu nele? —ele pergunta atrás de mim enquanto caminho até o carro.

— Por que você acha, Jimin? Talvez porque eu tenha acabado de ver você beijando o cara! — grito. Quase não lembrava mais da sensação, da onda de adrenalina e do formigamento bem conhecido em meus dedos.

Só dei um soco…

Eu acho, pelo menos… então não é tão ruim.

Mas quero mais.

Ele começa a chorar.

— E daí? Você beijou aquela menina! Provavelmente fez até mais que isso. Como você pôde?

— Não! Nem vem com essa merda de choro, Jimin. Você acabou de beijar um cara bem na minha frente! — Dou um murro no capô do meu carro.

— Você fez pior! Pensa que não ouvi você dizer para aquela menina não contar para ninguém que vocês estavam no quarto do Namjoon?

— Você nem sabe o que está falando. Não beijei ninguém, porra!

— Beijou, sim! Ela disse que não sai espalhando suas conquistas! — ele grita, balançando os braços como um idiota. Cacete, ele está puto da vida.

— Foi só um jeito de falar, Jimin. Ela quis dizer que não ia contar para ninguém sobre a conversa que rolou… ou que a gente estava fumando maconha! — grito.

Ele se assusta.

— Vocês estavam fumando maconha?

— Não, na verdade eu não, mas que diferença faz? Você acabou de me trair, caralho! — Puxo meus cabelos.

— Por que você me largou para ficar com ela? E depois ainda pediu para ela não contar nada?
Isso não faz nenhum…

— Ela é a irmã do Jay! Pedi para ela para não contar nada porque estava tentando me desculpar em particular pelo que fiz com ela. Eu ia contar para você amanhã, quando estivesse mais calmo! Estava todo mundo no quarto, eu, ela, Namjoon e Jackson. Eles estavam fumando um baseado, e quando saíram pedi para ela porque queria me desculpar com ela, por você.

Toda a minha ira aparece em meus olhos, tenho certeza disso, quando digo:

— Eu nunca trairia você e você deveria saber disso!

E, do nada, Jimin se acalma. Fica sem saber o que dizer. Ele não está certo. Está muito errado, e eu estou muito puto.

— Bom… — ele começa.

— Bom o quê? Você está errado, não eu. Nem me deu uma chance de me explicar. Se comportou como uma criança. Uma criancinha impulsiva! — grito, batendo no capô de novo. Ele tem um sobressalto com o barulho, mas eu não dou a mínima.

Eu devia entrar, encontrar o cara loiro e terminar o que comecei. Bater no carro não é a mesma coisa.

— Eu não sou criança! Pensei que você tivesse feito alguma coisa com ela! — ele grita entre lágrimas.

— Bom, eu não fiz! Depois de tudo pelo que passei para você ficar comigo, ainda acha que eu trairia você com uma menina qualquer em uma festa… ou com quem quer que seja?

— Eu fiquei sem saber o que pensar. — Ele levanta as mãos de novo. Passo os dedos pelo cabelo, tentando me acalmar.

— Bom, aí é com você. Não sei mais o que dizer para te convencer de que te amo. — Ele beijou alguém, beijou outro cara bem na minha frente. Isso é ainda pior do que quando ele me abandonou; pelo menos, naquela vez, a culpa era minha.

O hálito quente de Jimin lança nuvens de vapor no ar frio.

— Bem, se não soubesse que você tem essa mania de guardar segredos, talvez não entendesse tudo errado! — ele grita.

Olho para ele.

— Você é inacreditável. Sinceramente, não consigo nem olhar para você agora. — Não consigo esquecer a cena de Jimin beijando aquele cara.

— Me desculpa pelo que eu fiz. — Ele suspira. — Não foi nada de mais, também.

— Você está de brincadeira, né? Por favor, diz que está, porque, se eu tivesse beijado outra pessoa, você nunca mais ia querer falar comigo! Mas esqueci que, como foi o príncipe Jimin, então tudo bem! Não tem problema nenhum! — ironizo.
Ele cruza os braços com uma indignação a que não tem direito.

— príncipe Jimin? Sério, Jungkook?

— Sim, é isso mesmo! Você me traiu, bem na minha frente! Vim até aqui para mostrar o quanto você é importante para mim. Queria que soubesse que não me importa o que as pessoas pensam de nós. Queria que você tivesse uma noite legal, e aí você faz essa merda!

— Jungkook… eu…

— Não, ainda não terminei! — Pego minhas chaves. — Você está agindo como se não fosse nada de mais! Mas, para mim, é. Ver outro cara beijar você… é… não consigo explicar o que isso me faz sentir.

— Eu disse…

Acabo perdendo a cabeça. Sei que estou sendo agressivo demais, mas não consigo me controlar.

— Para de me interromper pelo menos uma vez na sua maldita vida! — grito. — Quer saber…?
Beleza. Pode voltar lá e pedir uma carona para o seu novo namorado. — Eu me viro e destravo a porta do carro. — Ele é bem parecido com a Rosé, e você deve estar com saudade dela.

— O quê? O que a Rosé tem a ver com isso? E eu claramente não tenho um tipo... — ele rosna e faz um gesto para mim. — Mas quer saber? Talvez devesse ter.

— Que se foda — digo e entro no carro, dou a partida e deixo Jimin no frio. Quando chego a um farol vermelho, fico batendo os dedos no volante sem parar. Se ele não me ligar dentro de uma hora, vou saber que foi para casa com outra pessoa.