After Depois da Verdade ( Jikook)

Capítulo 73

JUNGKOOK

Depois de ficar observando Jimin dormir por um tempo, decido pegá-lo no colo e o levo para o nosso quarto. Ele se aconchega nos meus braços, descansando a cabeça contra o meu peito. Com cuidado, o deito na cama e puxo o cobertor até seu peito. Dou um beijo suave em sua testa e estou prestes a me virar para me preparar para dormir, quando ele murmura algo.

— Taemin — ele sussurra, ainda adormecido.

Eu paro na mesma hora.

Ele disse…?

Fico ali, parado, tentando repassar mentalmente os últimos segundos.

Não pode ser.

Ele não disse... “Taemin.”

Mas então, ele sorri suavemente e se vira de bruços, como se estivesse completamente confortável.

Que merda é essa?

Uma parte de mim quer acordá-lo agora e exigir uma explicação. Por que diabos ele está dizendo o nome dele — duas vezes — enquanto dorme?

Mas a outra parte, a parte mais paranoica e maluca, já sabe o que ele diria. Ele vai me dizer que não tenho nada com que me preocupar, que Taemin é só um amigo, que ele me ama. E talvez seja verdade, mas o fato é que ele acabou de dizer o nome dele.

Enquanto tento digerir isso, uma onda de ciúmes me invade, e eu me vejo lutando contra a vontade de fazer algo sobre isso, mesmo sabendo que talvez seja nada.

Ouvir o nome daquele imbecil na boca de Jimin, somado a pensar no maldito Taehyung e na convicção que ele tem sobre seu futuro, é demais para mim. Eu não tenho certeza de nada, não como Taehyung, e Jimin, claramente, também não tem certeza do que sente por mim. Se tivesse, ele não estaria sonhando com Taemin.

Pego um pedaço de papel e uma caneta, rabisco um bilhete rápido e o deixo sobre o criado-mudo antes de sair.

Entro no carro e dirijo sem rumo por um tempo, até que decido ir para a Canal Street Tavern. Mas então penso melhor, não quero correr o risco de encontrar Jackson e o resto da galera, então me lembro de um lugar próximo dali onde costumava beber com frequência.

Amo o fato de que os imbecis de lá nunca pedem identidade para universitários.

A voz de Jimin ecoa na minha mente, me dizendo para não beber de novo, especialmente depois do que aconteceu da última vez. Mas, sinceramente, não estou nem aí.

Preciso beber.

Logo depois, ouço as vozes de Taemin e Taehyung na minha cabeça, como se estivessem me julgando, me dizendo o que fazer.

Por que todo mundo ao meu redor acha que me importo com suas opiniões?

Não vou me mudar para Seattle — Taehyung e seus conselhos de merda podem ir direto para o inferno.

Só porque ele está disposto a seguir o namorado dele para qualquer lugar não significa que eu queira fazer o mesmo. Consigo imaginar como seria: arrumo minhas coisas, mudo para Seattle com Jimin, e, dois meses depois, ele se cansa das minhas merdas e me larga.

Em Seattle, vai ser o mundo dele, não o meu. E assim como eu entrei na vida dele, posso ser descartado com a mesma facilidade.

Quando chego ao bar, o ambiente está tranquilo. A música baixa, e o lugar está quase vazio, o que é perfeito. Sem muita gente para encher o saco.

Reconheço uma loira atrás do balcão, seus olhos se iluminando quando me vê. Há uma mistura de surpresa e algo mais — provavelmente lembrando das noites que passamos juntos.

— Faz tempo que não vejo você, Jungkook. Sentiu saudades? — ela sorri, passando a língua pelos lábios de uma maneira que me faz lembrar exatamente do que ela está pensando.

— Sim. Me dá uma bebida — respondo, ignorando a insinuação e focando no que eu realmente vim buscar.

Preciso desligar a cabeça e esquecer de tudo por um tempo.