23.Lúcio

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Lúcio Caccini
🇮🇹 Florença, Itália 🇮🇹

— Do que está falando?

— Quero chamar o meu filho, Lúcio pra aqui. — Ouço Fillipo falar alto. Todos se viram para mim e sou obrigado a deixar Luce sem receber respostas.

Caminho entre as pessoas que abrem espaço para eu passar e chego ao centro do salão.

Meu pai sorri e pega meu ombro.

— Chegou a hora que eu tanto esperava, meu filho vai tomar frente da máfia Caccini. — Ele começa alto o suficiente para que todos ouçam. — Quero que saibam, e eu sei que vocês sabem, que Lúcio está mais que capacitado para isso. Não tenho muito a dizer, apenas que espero e acredito que a máfia vai crescer nas suas mãos. — E ele me entrega a arma banhada a ouro usada à gerações para passar a posição de capo.

Essa transição só é completa quando o futuro capo dá um tiro numa taça cheia de vinho tinto. O vinho se derrama simbolizando que ele estará disposto a fazer o mesmo com seu próprio sangue pelo bem da máfia.

A taça já está montada em um púlpito e não hesito ao dar o tiro que mudará minha vida. O barulho da taça se despedaçando seguido por aplausos dos presentes me faz respirar fundo. Agora eu sou o capo.

•••

— Ah, Lúcio, ou capo — Guilhermo começa, forçando uma intimidade que claramente não temos. — quando pretende se casar? — Olho para Analu que também me olha estranho e volto a olhar para ele.

Eu havia contado o que Luce dissera para Analu, e ela também achou estranho. Infelizmente não consegui ir atrás dela pelo monte de pessoas que veio me felicitar.

— Porque a questão?

— Bom, todos sabemos que um capo não é um capo sem uma esposa ao seu lado, não é? — As outras pessoas presentes na roda concordam. Há pessoas do conselho aqui.

— Não seja por isso, Barone. Tenho certeza que poderei muito bem comandar sem uma esposa.

— Mas não seria ético.

— Isso quem decide sou eu, o capo. — Imponho já cansado dessa sua história. O que ele realmente quer é atirar sua filha para cima de mim.

Guilhermo se cala e os presentes também. Não suporto gente intrometida.

A festa decorre, mas eu já estava ficando cansado de toda aquela gente. Então acabei apenas me despedindo dos meus pais, Luigi, Luca, Marina e levei Analu comigo. Ela protestou mas mesmo assim a levei para casa, em primeiro lugar eu nem queria que ela estivesse aqui.

— Você é muito chato! — Ela resmunga quando estaciono o carro em frente à casa.

— Grande novidade. — Tiro meu cinto e saí-o do carro abrindo a porta para ela em seguida.

— Obrigada. — Ela diz emburrada. Eu quase rio.

Ana Lúcia entra em casa primeiro e eu vou atrás e acabo reparando em uma coisa.

— Esse é o mesmo vestido de quando saímos de casa? — Questiono com a sobrancelha arqueada.

— É sim. — Ela começa a subir as escadas.

— Não é não. — Insisto.

— Não acredito que você foi para a festa com esse vestido curto, imagina o monte de homens te olhando!

— Lúcio o vestido chega no joelho! — À mim parece que está quase mostrando a bunda.

— Não me parece.

— E mesmo se tivessem esses tals homens me olhando, eu sou adulta!

— Não enquanto for a minha irmã mais nova. — Analu bufa e entra em seu quarto batendo a porta.

— Mal educada.

— Capo sem esposa! — Ela grita de volta, e mesmo não sendo um insulto, faço cara feia para ela.

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