47.Selene

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🇮🇹 Florença, Itália 🇮🇹

— Como você consegue? — Viro meu rosto para Luce que acabou de se sentar no banco do jardim ao meu lado.

Retorno meu olhar à vista sem saber exatamente do que ela fala.

— Como consigo o que? — Pergunto.

— Ficar nesta casa, sem fazer praticamente nada. — Ela dá uma risadinha e eu dou de ombros. — Digo, deve ser entediante, estou aqui à umas três semanas e quase quero me coçar para fazer alguma coisa.

— Você se habitua, Luce. — Me viro para ela. Não estou necessariamente falando do tédio, estou falando de ser prisioneira aqui. Mas ela não sabe, tanto que me sorri e assente.

— Posso? — Ela pergunta olhando para minha barriga. Hoje especialmente, havia uma pequena saliência ali, um pequeno montinho. Ou eu diria dois?

Abano a cabeça positivamente. Luce pousa sua mão delicadamente e depois sorri. Seus olhos parecem brilhar e ela parece atônita enquanto passa a mão por minha barriga.

— Daria tudo para estar grávida do homem que amo. — Ela continua a acariciar minha barriga. — Você deve ser tão feliz, Selene. — Anuo em resposta.

Estou feliz com os bebês, não com Lúcio, muito menos por estar grávida dele. É como se meu cérebro conseguisse fazer essa separação entre Lúcio e os bebês, ele simplesmente ignora de quem vieram os bebês.

— O que aconteceu com o homem que você ama? — Pergunto curiosa. Luce suspira antes de responder, seus olhos castanhos escuros me olhando atentamente.

— Ele me trocou por outra. — Ela diz simples. Eu me sinto envergonhada por ter feito a pergunta.

— Eu sinto muito... — Digo.

— Ah não, tudo bem, não tinha como você saber. — Ela sorri para mim.

— Quantos meses? — Ela pergunta agora com sua mão recolhida. O assunto mudando completamente.

— Dez semanas. — Digo, Luce franze o cenho e logo me lembro.

— Linguagem de mãe, me desculpe. — Rio comigo mesma. — São dois e meio.

— Sua barriga já está aparente.

— Eu acho que é normal em uma gravidez de gêmeos.

— Gêmeos? Sério!? — Eu abano a cabeça em positiva.

— Isso é...uau, parabéns.

— Obrigada. — Digo.

Ficamos em um silêncio apenas apreciando a vista, quando a porta que leva aos jardins é aberta, nós nos viramos e Analu e Marina passam por ela.

— Chegamos. — Analu diz exibindo um sorriso.

Marina acena para mim.

Vou ao encontro delas e dou um abraço à cada uma.

— O que fazem aqui? — Pergunto quando nos separamos, eu não sabia que elas vinham hoje.

— Vamos às compras, nossos gêmeos preferidos precisam de roupas.

— Ainda é cedo, nem sabemos os gêneros.

— Isso não é caso, vamos comprar roupas branquinhas.

— E Lúcio deu um cartão sem limite e disse que está em seu nome. — Marina me estende o cartão preto e eu sorrio o recebendo.

— Então se for assim... — Digo exibindo um sorriso, quem não gosta de compras?

— Vamos logo. — Analu diz animada.

Me viro para Luce que continua sentada no banco.

— Quer ir com a gente? — Pergunto.

Ela olha para Marina e Analu e depois nega.

— É perigoso eu sair. — Assinto me lembrando.

— Tudo bem. — Digo, ela assente e se levanta indo em direção à casa dos empregados.

— Então, vamos? — Marina pergunta colocando seus óculos escuros. Ela está linda. Mas eu noto algo em seu pescoço enquanto caminhamos para dentro dos carro.

— Mari, isso é um chupão? — Pergunto discretamente. Eu e Analu nós olhamos e depois olhamos para ela com os olhos afinados e com cara de trambiqueiras.

— Hãm? — Ela coloca a mão no lugar e bufa. — Maldito Luigi! — Meu queixo caí e o de Analu também.

— Você e ele..? — Abano uma sobrancelha para ela que ri tapando o rosto com as duas mãos.

— Sim, sim, sim. — Eu e Analu gritamos animadas.

Marina tira as mãos do rosto e nos encara com um sorriso, é a primeira vez que a vejo sorrir assim.

— Ele é um idiota. — Ela diz olhando para as próprias mãos. — Um idiota que me ama. — Ela conclui e nos damos mais gritinhos.

— Quando e como? — Analu indaga.

— Faz alguns meses. — Ela começa meio tímida. — Luigi é irritante, um irritante que lambe o chão que eu piso e um irritante que eu amo.

— Marina você..? Oh céus! Estou tão feliz por vocês. — Meus olhos se enchem de lágrimas e ao mesmo tempo rio as limpando.

— Você está chorando, Lene? — Marina gargalhada e me puxa para um abraço. Nesse momento posso ver a diferença entre uma mulher que é realmente amada e outra que só é um objeto de fixação e obsessão. E isso dói. Mas também estou tão feliz por eles! Sabia desde o início que teria algo.

— Eu estou tão feliz por vocês, apesar de você ter escondido por tanto tempo. — Analu diz e finge estar emburrada mas logo sorri e deposita um beijo na bochecha de Marina.

— Foi só por cinco meses. — Eu e Analu abrimos a boca indignadas e ela ri.

— Nos conta todos os detalhes.

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