64.Selene

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🇮🇹 Sicília, Itália 🇮🇹

O cheiro do mar da Sicília enchia o ar, misturando-se com a brisa fresca que acariciava meu rosto enquanto o carro subia a colina. A paisagem, com suas oliveiras e vinhedos, me trazia uma sensação de nostalgia e, ao mesmo tempo, de desconforto. Eu nunca havia estado ali, mas o peso do que aquela terra representava para os Caccini era inegável. Essa nova casa, situada no coração da Sicília, simbolizava um novo começo para todos nós, ou pelo menos era o que queriam acreditar.

Quando o carro parou em frente ao portão imponente da nova propriedade, respirei fundo. Era como se o ar carregado de sal e sol da Sicília trouxesse consigo uma promessa de redenção. Mas para mim, a única promessa que importava era proteger Celine e Max, e me manter fiel às escolhas que fiz desde que deixei Nice.

As portas se abriram lentamente, revelando a casa. Era imensa, mas de uma elegância sutil, cercada por jardins cuidadosamente desenhados, com flores coloridas que contrastavam com as montanhas ao fundo. À primeira vista, parecia um refúgio tranquilo, uma nova esperança.

A mansão em Florença fora destruída e não restara um pilar em pé para contar história.

O carro estacionou e logo em seguida o motorista abriu a porta para mim, me estendendo a mão para me ajudar a descer.

Agradeci ao motorista e caminhei para a porta principal, que logo foi aberta por Angélica. Ela me olhou com um misto de alívio e preocupação no rosto. Ainda bem que ela não estava na casa na hora do ataque.

Senti vontade de a puxar para um abraço, mas Angélica indicou o interior da casa com os olhos.

Toda a família Caccini estava na sala.
Engoli em seco e respirei fundo antes de entrar finalmente na casa.

Fui recebida por uma familiaridade que era ao mesmo tempo reconfortante e perturbadora.

Analu foi a primeira a correr em minha direção, seus braços me envolveram com uma força quase desesperada, como se temesse que, se me soltasse, eu desapareceria de novo. Ela parecia mais cansada do que da última vez que a vi, mas havia uma força em sua postura que me fez lembrar que, mesmo em meio ao caos, os Caccini ainda resistiam.

— Selene! Graças a Deus! — Ela exclamou, a voz embargada pela emoção. — Nós pensamos... — Sua voz falhou, e ela me segurou com mais força. Eu sabia o que ela queria dizer. Eles pensaram que tinham me perdido.

Abracei-a de volta, tentando conter minhas próprias lágrimas. Não queria parecer fraca. Não agora. Não depois de tudo. Mas o calor do abraço de Analu me fez perceber o quanto eu também havia sentido falta daquele calor familiar.

— Eu estou aqui agora. — Disse, minha voz suave, tentando acalmá-la. — Eu voltei.

Quando ela finalmente se afastou, pude ver Júlia e Fillipo ao lado dela. Fillipo com uma expressão séria, mas aliviada. Ele sempre fora o homem de poucas palavras, mas seu abraço, ainda que contido, carregava uma força que falava mais do que qualquer palavra poderia.

— É bom tê-la de volta — ele disse, e aquele simples gesto foi suficiente para me fazer sentir, por um momento, como parte daquela família novamente.

— Selene. — Disse Júlia, com um sorriso que tentava ocultar a preocupação. Ela me puxou para um abraço que retribui. Seu calor e afeto eram reconfortantes.

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