56 - Pequeno susto.

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                           Devon

— Ela não pode se estressar; repouso e fazer o mínimo esforço possível. Se não, o bebê pode correr risco. Ela ainda está no quarto mês de gravidez, e o risco de aborto nessas situações é muito grande. Portanto, é importante cuidar da saúde emocional e evitar qualquer tipo de situação que possa estressá-la e que ofereça risco tanto a ela quanto ao bebê — orienta a obstetra que cuida da gravidez de Nicole.

Eu assinto com a cabeça, deixo a minha mão passar na testa enquanto solto um suspiro, olhando de relance para Nicole, deitada na cama do hospital. Estou na porta do quarto com a médica.

Eu me sinto muito culpada pelo que aconteceu. Levei um susto com o seu desmaio pensando que o pior aconteceria. Nicole desmaiou de tanto estresse e, em parte, eu contribui com Álvaro. E o pai dela ainda foi morto…

São tantos problemas; é difícil se manter sã com um monte de coisas acontecendo assim. Eu não sei o que faria se algo tivesse acontecido com o bebê por minha culpa. Fiquei apavorada e preocupada, com medo de que algo pudesse acontecer com as duas. Felizmente, não foi nada grave, apenas estresse. Mesmo assim, ainda é perigoso para bebê.

— Eu vou cuidar dela para não acontecer de novo, doutora — digo à médica, que balança a cabeça afirmativamente e logo em seguida sai, dizendo que tem que ver outros pacientes.

Eu hesito em entrar no quarto; não quero causar estresse à Nicole e sei que agora ela pode ficar assim por minha causa. Por ser tão impulsivo, eu deveria ter evitado fazer uma cena na frente dela quando o pai dela morreu.

— Você vai ter que ficar algumas horas a mais em observação e depois vou poder te levar para casa — digo, notando o nervosismo em mim.

Chegando perto da sua cama, fico de frente para ela, que nem me dirige o olhar. Nicole está completamente abatida, com os olhos e o nariz vermelhos de tanto chorar. Sinto um aperto no peito ao vê-la sofrendo tanto; eu devia ser o que a consola e não o que causa mais problemas. 

Atrevo-me a tocar seu rosto delicadamente.

— Eu sinto muito por ter sido um idiota e não ter te respeitado. Eu fiquei com tanto medo de que algo pudesse acontecer com vocês duas; você não tem ideia.  

— Eu realmente não quero falar sobre isso. Estou cansada de vocês e do Álvaro. Eu só estou pensando no fato de que meu pai está morto e que, por pouco, algo poderia acontecer com a nossa filha…  

Ela me olha duramente.  

Desvio o olhar, envergonhado e infeliz comigo mesmo.  

— Mas não aconteceu e não vai acontecer — falo com um leve tom de determinação, voltando a fitá-la. Desço a mão para a sua barriga, acariciando de leve. — Eu vou te deixar descansar. Vai ter seguranças na porta do seu quarto — digo e beijo o topo da sua cabeça.

Reluto em sair do seu lado, mas acho que tenho que deixá-la sozinha por um momento. Depois do meu comportamento, não quero estressá-la.  

Aviso os seguranças para não saírem de perto do quarto. Devia ter feito isso com o pai da Nicole; agora já é tarde. Pensei que não era necessário, por ser um hospital de alto nível e haver tantos seguranças pelo perímetro, ainda mais quando a restrição para entrar no quarto do pai dela só se aplicava a mim e a Nicole. Outra parte é que o hospital guarda a identidade dos pacientes e, por todas essas razões, achei que estava seguro, mas me enganei.

Agora só tenho que descobrir quem foi o responsável por isso. Está óbvio para mim que é algum tipo de vingança como o que aconteceu com o acidente dele.

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora