Gabriel
04 de Fevereiro de 2024
Irajá
Zona Norte, Rio de Janeiro.Não era a primeira vez que sentia uma faca entrando na minha carne, mas toda vez parecia ser a primeira.
Que garota maluca do caralho!
Eu ainda tava tentando entender o que ela fazia no bar da minha família, mas a dor tava intensa, mano. Não tava dando de me concentrar em muita parada.
Me concentrei menos ainda quando a doida colocou o celular no ouvido e se virou de costas, caminhando até a cozinha. Precisei forçar melhor a minha visão pra ter certeza do que eu tava vendo. Ela tava sem calcinha?
- Dhiô? Oi... - a voz da garota tremia. Ela voltou pra perto de mim com dois panos de prato, jogando em cima do meu peito e se abaixando do meu lado. Nem consegui apreciar a vista dessa vez - Você consegue vir no bar?
A maluca toda com medo de falar.
Gabriel: Deixa eu falar com ela.
Ela pareceu pensar, mas tirou o celular do ouvido e colocou no vivo a voz.
Dhiôvanna: ... O que tá rolando, Nicole?
Gabriel: Vem pra cá, Dhiô. Eu preciso de carona. Essa louca enfiou uma faca no meu ombro e me bateu com uma frigideira!
Dhiôvanna: Quê? Como assim? Meu Deus, eu já vou. Você tá bem? Fica falando comigo, Gabriel!
Me encostei melhor no balcão, sabendo que ia ter que esperar minha irmã chegar, então era melhor controlar esse sangue.
Gabriel: Desliga - falei pra garota.
Ela me olhou sem entender.
Dhiôvanna: Gabriel, nem pensa! - gritou, do outro lado da linha.
Nicole: Ela quer falar com você.
Bufei, e eu mesmo desliguei a chamada.
Nicole: Qual é o seu problema? - resmungou.
Ignorei.
Gabriel: Me ajuda com isso - pedi, esticando um pano pra ela. Vi ela torcendo o nariz, de certo com nojo do sangue - Tu fez isso, me ajuda!
Nicole: Para de mandar em mim!
Resmungona pra caralho, pô. Tá maluco!