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Nicole
26 de Junho de 2024 Tailândia
Dez dias depois da nossa partida, quando a Dhiô me mandou mensagem pedindo notícias, eu desejei poder desabafar.
Eu desejei escrever que me sentia vazia como nunca. Porque quando o Gabriel apareceu na minha vida, ele preencheu meu vazio com o seu sorriso irritante, o seu olhar, seu beijo apaixonado e com as suas palavras que reafirmavam o tempo todo que eu era dele, que nunca sairia do meu lado e que faria de tudo pra ficarmos juntos. Mas agora as coisas mudaram. A ausência que a distância dele me causou, era maior do que qualquer outra que eu já tinha experimentado.
Reabrir uma ferida era o pior tipo de dor que já experimentei.
Eu desejei escrever que estava morrendo de medo. Não por ele, não por mim. E não pela situação.
Eu só estava morrendo de medo de não ter o Gabriel de volta.
Quis contar pra Dhiôvanna que fazia dias que ele não dormia, e eu sempre fingia que não notava. Quis contar que ele não me tocava. Que quase nunca me olhava e que trocávamos poucas palavras durante os dias. Quis falar que uma muralha da China dividia nós dois.
Eu estava completamente sozinha no outro lado do mundo. E mesmo assim, eu não desejava ir pra nenhum outro lugar da qual ele não estivesse.
Estávamos em uma casa isolada, próximo à praia. Eu aproveitava o sol, aproveitava a paisagem... sempre eu e o Olaf. Só nós. O Gabriel passava todos os dias e noites com a sua atenção no computador ou celular e todas as vezes que tentei me aproximar, ele me afastou. Eu sabia que estava fazendo as próprias investigações a respeito do velho.
Mas quando não estava focado nisso, ele continuava distante, aéreo, olhando para o nada, enquanto eu tinha certeza que a sua cabeça se martirizava por todos os fatos da sua vida. Por toda a dor que o homem que ele mais amou na vida o causou.
Eu tinha certeza que ele repassava todos os momentos com o velho, na tentativa de encontrar algum defeito, alguma falha, só que não tinha nada. Ele nunca acharia. O avô dele soube mentir bem, enganar e manipular toda a vida do próprio neto, pensando somente em si mesmo.
Por dinheiro.
Eu não vou julgar o Gabriel. Se do dia para a noite descobrisse que toda minha vida foi uma mentira, eu também surtaria.
Mas eu sentia falta. Eu estava morrendo de saudades, mesmo com ele do meu lado.
Eu só queria ter certeza de que entre nós dois nada mudou. De que ele ainda me queria do seu lado, e de que seria para sempre assim. Queria ter certeza de que eu ainda era dele. E que ele sempre seria meu.
Eu queria acabar com essa incerteza e com essa distância que me causava medo.
Eu queria desabafar com alguém. Mas ao invés de preocupar a Dhiô, eu só escrevi que nós estávamos bem. Que ela amaria esse lugar, e que as praias pareciam um porta retrato.
Não contei nada que pudesse causar algum tormento à ela, como estava causando em mim.