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Nicole
11 de Fevereiro de 2024 Irajá Zona Norte, Rio de Janeiro.
O meu celular ainda não tinha despertado, mas eu senti os raios de sol tocando o meu rosto.
Quis resmungar, mas o meu instinto de alerta ativou e ainda de olhos fechados tentei me lembrar se havia deixado as cortinas abertas na noite passada.
Eu abri os olhos devagar, lentamente, e quase caí da cama quando encontrei o homem parado em frente ao guarda-roupa.
Era o irmão da Dhiô, eu tinha certeza disso.
Ele estava literalmente de costas pra mim, talvez não tivesse percebido que eu havia acabado de acordar e eu desejei cavar um buraco no meio daquele colchão e nunca mais sair.
O quarto era dele, né? Por direito, era dele.
Mas eu tinha pagado por aquele cômodo. A Dhiô me disse que o Gabriel não ficava mais de uma semana em casa. Fazia exatamente uma semana que eu me "mudei" para aquela casa, então eu já estava a mais tempo do que ele.
Ainda de costas pra mim, ele puxou uma camiseta branca no meio das roupas e pôs encima do ombro.
Aquele homem não deveria estar com o braço imobilizado? Porque estava se mexendo como se não tivesse levado uma facada a uma semana atrás.
Será que não era ele? Será que havia um outro irmão?
O cara continuava a procurar alguma coisa dentro do armário e eu me peguei encarando as tatuagens que cobriam toda a extensão de suas costas.
Perto do seu pescoço duas letrinhas formavam a palavra "fé". Um pouco mais embaixo haviam dois rostos, que imaginei serem seus pais. Mas o mais chamativo, e o mais bonito na minha opinião, foram as letras enormes formando "Hope".
Nunca deixei de ter esperança na minha vida. Ainda lutava por algum sentido no meio de todo esse caos. Mas depois de tudo que a Dhiô me contou, saber que ele ainda não havia perdido sua esperança era uma surpresa.
Não tive tempo de desviar o olhar. O Gabriel virou de frente pra mim rápido demais, e notou que eu estava encarando cada parte de suas costas.
Ele estreitou os olhos e eu vi um sorriso tosco brotar no canto da sua boca.
Nicole: Eu tava tentando descobrir quem era.
Minha justificativa foi uma merda? Foi. Mas eu não consegui pensar em outra coisa.
Me agarrei no cobertor, tendo certeza de que eu estava coberta. O Gabriel vestiu a camisa em um segundo.
Gabriel: Pelo menos não me acertou com uma faca ou uma frigideira. A gente tá melhorando.
Grunhi.
Nicole: Pode não falar mais disso, por favor?
Ele balançou os ombros, não parecendo dar muita importância pra isso, e sentou na cama de costas pra mim.
Gabriel: O que tu tá fazendo no meu quarto? - ele perguntou sem me olhar, parecia interessado demais em mexer no próprio celular.
Me sentei na cama, mantendo a coberta na frente do meu corpo.
Nicole: Não é seu - ele me olhou - A Dhiô alugou ele pra mim.
Gabriel: Alugou? - concordei - Hum.
Ele realmente pareceu não se importar com isso.
Nicole: Hum?
O Gabriel me olhou, deixando o celular de lado.
Gabriel: Precisava pegar umas roupas, só isso. Eu não vou roubar o teu quarto, relaxa.
Fiquei aliviada, confesso.
Nicole: Ela sabe que tu tá aqui?
Gabriel: Sabe não. Deve estar dormindo.
Nicole: E você não vai falar?
Gabriel: Não. Eu tenho que ir - virou o pescoço, estralando os ossos e se levantou, pegando uma mochila que eu nem tinha reparado que estava no chão - Não fala pra ela não, valeu? É melhor se ela achar que eu não vim.
Eu não respondi. Não tive tempo pra isso, porque o Gabriel simplesmente colocou a mochila nas costas e saiu me deixando sozinha no quarto, como se nunca tivesse estivesse de fato aparecido ali.
Eu teria dúvidas, poderia pensar que foi só outro sonho maluco, mas o cheiro do perfume não me deixava enganar.