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Gabriel
12 de Fevereiro de 2024 Copacabana Zona Sul, Rio de Janeiro.
Eu não precisava jogar. Quer dizer, hoje eu não precisava jogar. Meu foco era sempre na quinta, sexta ou principalmente nos fins de semana, onde rolavam apostas mais altas e sempre tinha mais gente pra colocar no bolso.
Dia de semana nunca era tão animado, mas eu não consegui resistir. Aquela porra tava no meu sangue, irmão.
Se não jogar, o que mais eu podia fazer?
Eu não podia ficar com a minha família. Não podia ir pra qualquer lugar que quisesse. Sempre precisei estar em alerta pra não correr o risco de dar mais uma mancada e ser pego de novo, porque eu tinha certeza que se me pegassem, dessa vez o final seria outro.
Desafiei tudo que não devia mais de uma vez. Tava tava ciente que assim que eles me pegassem,nenhum dinheiro no mundo ia me livrar da morte, por isso eu já tava deixando tudo preparado.
Nunca fui um cara pessimista, mas eu também não fugia da verdade. Qual o probabilidade de sair com vida? Zero, pô. Ou eu iria viver a minha vida inteira fugindo, ou uma hora eles iam me achar.
Eu continuava jogando pelo vício, não vou negar. Eu tinha que me manter, ter grana pra fugir e sempre se esconder em algum canto. Mas o principal motivo pra eu não ter parado ou tentado parar, era a minha família.
No começo pensei que podia juntar uma grana boa o suficiente pra gente se mandar desse país, e poder viver bem lá fora sem eu ter que me preocupar em fugir o tempo todo. Nessa época eu ainda tinha uma esperança, mas isso foi antes de pegarem a Dhiô, e antes de eu fugir pela segunda vez.
A esperança morreu.
Continuo jogando e juntando grana em um banco no exterior, pra se alguma coisa acontecer comigo, eles não fiquem desamparados, e mais do que isso, pra que a minha dívida não passe a ser deles, como a do meu vô passou a ser minha.
Dívida o caralho, né? Eu ficava puto só de pensar. Já tinha pagado bem mais que o dobro do que eles me pediram, e essa merda ainda continuava. Não ia ter fim nunca, eu já tava morto mesmo, pô.
Eu me aproximei da mesa onde tinha três homens. Um deles reconheci sendo o dealer, que nada mais é do que o responsável pelo jogo. O cara que trabalha no cassino e comanda a parada, como se fosse um juiz em um jogo de futebol.
Gabriel: Tem espaço pra mais um?
O cara concordou e me disse que tinham acabado de começar.