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Nicole

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Nicole

04 de Fevereiro de 2024
Irajá
Zona Norte, Rio de Janeiro.

Quando acordei o relógio já marcava duas da tarde. Eu realmente precisava muito dormir em uma cama de verdade, e depois de tudo que rolou ontem, dormi feito um anjinho.

Me ajeitei pra sair do quarto, e encontrei a Dhiô no sofá, ela assistia Diário de um Vampiro na televisão e tinha uma xícara nas mãos. Ela só notou a minha presença quando eu sentei ao seu lado.

Dhiôvanna: Café? - perguntou, me estendendo a xícara.

Eu neguei com a cabeça e agradeci. Encarei aquela televisão, fingindo ter algum interesse no série que ela assistia. Confesso que pela expressão dela, estava quase tão desinteressada quanto eu.

Parecia exausta, chateada e preocupada. E com toda certeza do mundo, ela tinha chorado. O brilho nos olhos e o nariz inchado denunciavam.

Nicole: Precisa que eu faça alguma coisa? Eu posso te ajudar a ajeitar a casa, ou sei lá... - deixei a minha voz morrer.

Dhiôvanna: Preciso que prometa que vai esquecer do meu irmão - ela falou e no mesmo momento os meus olhos se arregalaram. Que papo doido - Meus pais não podem saber do que rolou, é melhor eles continuarem acreditando que o Gabriel não voltou.

Eu podia ter ficado quieta, aceitado o que ela falou, mas a curiosidade falou mais alto. Eu tentei segurar a língua e não perguntar, mas eu sentia necessidade de saber qual era o problema daquele doido.

Aquele doido que me fez ter pesadelos a noite toda. Sonhei que ele fugia desesperadamente, como se a vida dele dependesse disso. Era um corredor muito estreito e parecia não ter fim. Ele corria, e eu corria também, junto com ele. Não fazia o menor sentido ter pesadelo com o cara que eu tinha conhecido a poucas horas.

Balancei a cabeça pra não ficar mais louca pensando em tudo aquilo.

Nicole: Hum - pigarreei e ela me olhou - Você quer falar sobre isso?

Dhiôvanna: Não sei se eu devo - falou, me olhando por tempo demais, como se estivesse decidindo se podia ou não confiar em mim - Isso nunca pode sair daqui.

Nicole: Não vai - garanti - Eu sei manter as coisas pra mim.

Eu não era nenhuma idiota de sair contando o segredo dos outros por aí.

Dhiôvanna: É que não é bem assim. O lance é bem sério, Nicole. Ninguém pode saber mesmo - assenti e notei o tom de voz dela se tornando mais grave.

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