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Gabriel
24 de Maio de 2024 Irajá Zona Norte, Rio de Janeiro.
Depois de três meses, foi como se meu coração voltasse a bater. Eu tava cansado pra caralho e tudo que eu precisava era do abraço dela e ter certeza de que ela tava bem.
Gabriel: Me desculpa.
A voz mal saiu da minha garganta, mas eu sabia que ela ouviu, porque apertou o meu corpo com mais força enquanto continuava chorando.
Aquilo tudo era merda.
Dhiô: Você tá vivo - ela murmurou baixinho e voltou a chorar com mais força, soluçando.
Gabriel: Eu te amo, Dhiô. Me desculpa - falei mais uma vez, perto do ouvido dela.
Dhiô: Você tá vivo - repetiu, e tirou o rosto do meu peito pra me olhar. A maquiagem estava toda borrada por causa das lágrimas e o rosto dela estava vermelho. Meu coração errou uma batida - Onde você tava?
A voz dela rasgava meu peito, na real. Tinha tanta dor. Eu odiava ser o causador de tudo isso.
Gabriel: Em algum lugar - respondi sem me importar, e sem soltar a minha irmã - Isso não importa mais.
Ela voltou a encostar o rosto no meu peito. Eu dei um beijo na testa dela, e passei minha mão por seus cabelo.
Dhiô: Não vai de novo, por favor. Não faz isso de novo - implorou.
Eu tinha vontade de ficar. Eu tinha muita. Eu não queria mais fugir e me esconder. Queria poder ficar com ela, pô. Mas se eu ficasse, era questão de tempo.
Fugir ou morrer?
Não tinha escolha.
Gabriel: Eu tô aqui por hoje - murmurei com a voz calma - Vamos só aproveitar o hoje.
Ela me olhou de novo.
Dhiô: Hoje? - perguntou - Você tá aqui por hoje?
Encarei o chão quando ela deu um passo pra trás, cruzando os braços.
Gabriel: Dhiô.
Dhiô: Depois você vai embora? De novo? - a voz dela saiu mais alarmada do que antes, era como se estivesse prestes a gritar - Por que tá fazendo isso com a gente? Por que? Isso dói! Eu achei que você tinha morrido, eu sofri o luto e você tava vivo!
