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Gabriel
09 de Junho de 2024 Leblon Zona Sul, Rio de Janeiro.
A minha noite estava perfeita.
Vez ou outra eu olhava pra minha família e minha mente me traia, pensando o quanto eu queria passar mais momentos como aquele do lado deles. Mas todas as vezes que a sensação de impossibilidade me invadia, a Nicole notava que eu estava distante e dava um jeito de me puxar pra conversa. Logo tudo sumia e eu estava presente de novo, de corpo e alma.
Meus pais eram bons em fingir que eu não era um filho de merda. Meu pai era mais na dele, mais quieto. A minha mãe ficou a noite inteira contando pra Nicole e para o namorado da minha irmã tudo que eu e a Dhiô fazíamos quando crianças. A minha mãe se divertia fingindo que éramos uma família normal, e eu gostava da sensação. Eu gostava que ela omitia os detalhes entre as ruínas.
Ela contou as vezes que eu pregava peças nos meus pais. Contou quando fui pego na escola colando nas provas finais. Contou da vez que eu arrumei briga com o meu primo três anos mais velho que eu, por causa de uma bola de futebol e acabei com um olho roxo.
Mas ela não contou quando eu fugi sendo só uma criança. Ela não mencionou todas as vezes que ela chorou por ter um filho totalmente perdido na vida e sem um futuro. Também não contou a briga que foi quando descobriu que eu matava aula pra jogar com o meu vô.
Ela era boa em fingir. E a Nicole era boa em fingir que não sabia de todo o lado escuro da minha história.
A minha noite estava boa... até o Thiago se levantar, dizer a todos que tinha umas coisas pra falar. Depois tirar um anel do bolso e pedir a minha irmã em casamento.
Porra, não fode.
Quem tinha convidado aquele mano? Eu lembro de ter convidado a minha família e ele não fazia parte dela.
Depois do sim da Dhiô, foi uma festa. A mãe chorou, o pai cumprimentou os dois. A Nicole beliscou o meu braço quando viu que eu tava fazendo careta.
Foi sem perceber, eu juro.
Nicole: Parabéns, casal. Que vocês sejam muito felizes - falou, abrandando os dois de uma vez só.
Eu estava a um passo de distância e assim que a Nicole soltou os dois, a minha irmã me olhou com os olhinhos cheios de água.
Queria mandar aquele mano pro inferno. Mas com ela feliz daquele jeito eu não fiz nada além de respirar fundo, engolir meu ciúme e dizer: