Início das fendas

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O confronto entre Klaus e Alana sobre Lucien ainda ecoava na mente de ambos, mas era o futuro de Malia que os estava separando, lentamente, como uma fissura que se alarga com o tempo.

Alana estava sentada na poltrona do quarto, uma expressão séria em seu rosto enquanto observava Malia brincando no chão com seus brinquedos. A pequena, com sua risada inocente, parecia alheia ao turbilhão de emoções que se desenrolava entre seus pais. Klaus entrou no quarto e, ao ver Alana tão pensativa, percebeu que algo estava errado.

- O que está te preocupando, meu amor? - ele perguntou, aproximando-se e tocando levemente o ombro de Alana.

- Estou pensando sobre o futuro de Malia, Klaus. - ela respondeu, sem tirar os olhos da filha. - Ela tem um destino grandioso à sua frente, e não podemos ignorar isso.

Klaus franziu o cenho, já sentindo o conflito se aproximando.

- Ela é só uma criança, Alana. Não precisa se preocupar com responsabilidades ou destinos grandiosos agora.

- Mas ela não é uma criança comum, Klaus. Ela é nossa filha, a filha de uma das criaturas mais poderosas do mundo. Precisamos prepará-la.

Klaus soltou um suspiro pesado, sentando-se ao lado de Alana.

- Eu sei que Malia tem um futuro brilhante, mas ela também merece uma infância normal. Algo que nenhum de nós teve.

- E por isso mesmo, Klaus, ela precisa estar preparada para o que vai enfrentar. Você viu o que aconteceu com a Dahlia e ela só tem uns meses. O mundo é cruel, especialmente para alguém como ela. Eu não posso deixá-la ser ingênua.

Klaus se levantou, começando a andar de um lado para o outro, algo que ele fazia sempre que estava frustrado.

- Você fala como se estivesse criando uma guerreira, Alana. Mas Malia precisa de amor, de proteção, de... normalidade.

Alana o observava, sua expressão suavizando momentaneamente, mas o conflito interno ainda era evidente.

- E você acha que eu não a amo? Klaus, tudo que faço é por amor a ela. Eu quero que ela seja forte, que ela saiba como liderar, como se defender. O mundo vai tentar derrubá-la de todas as maneiras possíveis. Ela precisa estar pronta.

Klaus parou, encarando-a com intensidade.

- Ela precisa de pais que a protejam, não de um treinamento militar. Você está começando a soar como... como alguém que coloca o poder acima de tudo.

A última frase pairou no ar como uma faca afiada. Alana estreitou os olhos, sentindo a acusação implícita nas palavras de Klaus.

- E você está soando como alguém que esqueceu quem eu sou. - sua voz era baixa, mas carregada de determinação. - Eu não sou como você, Klaus. Eu não tive a escolha de ser fraca. Eu não posso permitir que Malia seja.

Klaus a interrompeu, a voz elevada.

- Eu nunca disse que quero que ela seja fraca! Mas querer que ela tenha uma infância, que ela tenha uma vida longe do caos que nós enfrentamos, isso não é fraqueza! Isso é o que qualquer pai deveria querer!

- Você acha que eu não quero que ela seja feliz? Que eu não quero que ela tenha uma infância? Klaus, se eu estou insistindo nisso, é porque eu sei o que está em jogo! O mundo não vai dar a ela essa escolha de uma vida tranquila!

Klaus respirou fundo, tentando manter a calma.

- E é por isso que nós estamos aqui, Alana. Para protegê-la. Eu não vou deixar nada acontecer com ela.

- Klaus eu consigo muito bem protegê-la se ela estiver comigo, mas e quando nós não estivermos por perto? Ela não vai querer andar com os pais de um lado para o outro para sempre! E quando os inimigos que nós fizemos ao longo dos séculos vierem atrás dela? Ela precisa estar pronta para isso, Klaus. Não podemos simplesmente esperar o pior e torcer para que nunca aconteça.

Klaus se aproximou dela, os olhos fixos nos dela, um misto de raiva e dor.

- Você está subestimando o quanto eu me importo com Malia. Eu morreria por ela, Alana. Eu mataria qualquer um que ousasse ameaçá-la. Mas o que você está sugerindo... parece que você está mais preocupada em prepará-la para uma guerra do que em dar a ela o amor que ela merece.

Alana se levantou, a frustração finalmente transbordando.

- Talvez porque eu sei que a guerra vai chegar, Klaus! E quando isso acontecer, ela vai precisar ser mais do que apenas uma criança protegida por seus pais. Ela vai precisar ser forte, precisa ser uma líder!

- Então, é isso? Você quer que nossa filha se torne uma mini versão de você? Alana, isso não é justo com ela!

- Não, Klaus, o que não é justo é fingir que ela pode ter uma vida normal. Isso é o que não é justo!

Klaus, agora claramente furioso, virou-se para Malia, que continuava brincando, alheia à discussão dos pais.

- Ela é uma criança, Alana! Ela merece uma chance de ser feliz, de ser inocente, pelo menos por um tempo!

Alana cruzou os braços, sua voz agora fria e controlada.

- Inocência não vai salvá-la, Klaus. Conhecimento, poder, isso sim. E quanto antes ela aprender, melhor.

Klaus voltou a encará-la, a dor em seus olhos evidente.

- E se isso a afastar de nós? E se ela começar a nos ver como nada mais do que mestres, em vez de pais?

- Isso não vai acontecer, Klaus. Se nós a ensinarmos corretamente, ela vai entender que o que fazemos é por amor.

Klaus balançou a cabeça, incrédulo.

- Você realmente acredita nisso, não é? Que o poder é a única coisa que importa.

- Eu acredito que o poder é necessário, Klaus. Sem ele, nós não estaríamos aqui, nem Malia.

A discussão parecia estar em um impasse, ambos teimosamente presos às suas perspectivas. O silêncio que se seguiu foi pesado, cheio de coisas não ditas e sentimentos não expressos.

- Eu... eu só não quero perdê-la, Alana. Nem você, nem Malia.

Alana se aproximou dele, segurando suavemente seu rosto com as mãos.

- E você não vai, Klaus. Mas precisamos estar preparados. Não podemos nos dar ao luxo de ser complacentes."

Klaus a observou por um longo momento, antes de suspirar e recuar.

- Talvez você esteja certa. Mas, por favor, não esqueça que Malia também precisa de amor, de carinho, de uma infância que nós nunca tivemos.

Alana assentiu lentamente, mas a divergência entre os dois ainda estava presente, como uma sombra que pairava sobre o relacionamento deles.

‐ Eu nunca vou esquecer isso, Klaus. Mas eu também não vou esquecer que o mundo não vai ser gentil com ela. Não se ela for a filha de Alana e Klaus Mikaelson.

Klaus não respondeu imediatamente. Ele sabia que Alana estava certa, mas isso não tornava a situação menos dolorosa. A necessidade de proteger sua filha, de dar a ela uma vida que ele nunca teve, estava em constante conflito com a realidade brutal de quem eles eram. E essa realidade começava a cobrar seu preço, não só na criação de Malia, mas no relacionamento que ele e Alana tinham construído.

- Vamos encontrar um meio-termo, Alana. Por ela.

Alana o olhou nos olhos e, pela primeira vez em muito tempo, sua expressão suavizou.

- Sim, Klaus. Vamos.

Mas mesmo com essa promessa, ambos sabiam que as tensões continuariam a crescer, como fissuras numa parede que eventualmente cederia. O futuro de Malia e o que ela representava para cada um deles era algo que, em breve, se tornaria impossível de ignorar. E, com isso, as verdadeiras fendas em seu relacionamento começariam a aparecer.

𝐓𝐇𝐄 𝐅𝐈𝐑𝐒𝐓 - Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora