Pesadelos do passado

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Cinco meses haviam se passado desde que Alana descobriu que estava grávida. A barriga já estava visivelmente arredondada, e Klaus se tornara cada vez mais protetor, quase sufocante. Mas Alana entendia. Era uma reação natural, considerando tudo o que eles tinham passado. As noites de tranquilidade, no entanto, começaram a ser perturbadas por algo sombrio, algo que assombrava Klaus nos momentos em que ele deveria encontrar paz.

Era meio da noite quando Alana percebeu que Klaus estava tendo pesadelos perturbadores. Ele se mexia inquieto na cama, o rosto contorcido em angústia. Preocupada, ela usou seu poder para entrar em sua mente, querendo aliviar o que quer que estivesse o incomodando. O que encontrou lá a surpreendeu profundamente: os pesadelos envolviam Mikael, o caçador de vampiros original e pai de Klaus. As imagens eram vívidas e cruéis, trazendo à tona antigas memórias de abuso, traição e dor que Klaus havia sofrido nas mãos de seu pai.

Alana assistia impotente enquanto Klaus revivia momentos dolorosos de sua infância, os gritos e a raiva de Mikael ecoando em sua mente. Quando finalmente saiu dos sonhos de Klaus, sentiu-se abalada. Ela não tinha ideia de que o relacionamento entre Klaus e Mikael era tão traumático. A ligação dela com Mikael havia sido completamente diferente, amigável. Mikael havia a ajudado a aprimorar suas técnicas de combate, e Esther, a mãe de Klaus, sempre a tratara com respeito. Alana, incerta sobre o que fazer, decidiu não contar a Klaus o que havia visto. Ele já estava perturbado o suficiente sem saber que ela havia testemunhado aqueles momentos horríveis.

No entanto, o desconforto não a abandonava. Durante a tarde, Alana ouviu Davina mencionando Mikael durante uma conversa com outros bruxos, coincidência?! O nome, agora carregado de um novo significado, fez o coração de Alana acelerar. Ela queria falar com Davina, descobrir o que a jovem sabia sobre Mikael, mas Klaus, ainda em seu modo protetor, insistia para que ela nunca andasse sozinha.

Alana sorriu para Klaus, tentando aliviar a tensão que pairava entre eles.

- Você é meu novo guarda-costas agora? - ela perguntou brincando, tentando desviar o assunto para algo mais leve.

Klaus, embora preocupado, não conseguiu evitar um sorriso de canto.

- Sempre fui, meu amor. E agora, mais do que nunca.

Eles foram juntos até onde Davina estava, e a visão que os aguardava fez o tempo parecer parar. Davina conversava com Mikael, o próprio, em carne e osso. Alana congelou ao vê-lo ali, uma figura imponente e severa, mas também familiar. Antes que Klaus pudesse reagir, Alana correu para os braços de Mikael, surpreendendo a todos.

- Mikael! O que está fazendo aqui? - A voz de Alana estava cheia de surpresa e alegria, o que deixou Klaus ainda mais perplexo. Como ela podia estar tão feliz ao ver o homem que ele mais odiava? O pai que o havia caçado por séculos?

Klaus, ainda em choque, não conseguia acreditar no que estava vendo. A mulher que ele amava, que carregava seu filho, estava abraçando o homem que o odiava com cada fibra de seu ser.

- Alana... - ele começou, sua voz incrédula e carregada de desapontamento. - Sei que você tem o hábito de gostar de pessoas que supostamente são horríveis, mas isto é demais.

Alana se afastou um pouco de Mikael, voltando-se para Klaus com uma expressão de confusão.

- Klaus, o que você está dizendo? Eu conheci Mikael muito antes de nos conhecermos. Ele me ajudou, me ensinou novas técnicas de luta... Eu não sabia que vocês não se davam bem.

Antes que Mikael ou Davina pudessem intervir, Klaus pegou Alana pelo braço e a puxou para fora do alcance dos olhos deles. Ele estava furioso, sentindo-se traído e confuso.

- Alana, você não pode ser tão ingênua! - ele sussurrou, a raiva e a frustração borbulhando em sua voz. - Não é porque uma pessoa parece boa que ela é. Mikael é um monstro, um assassino que passou séculos tentando me matar!

Alana, ofendida pela acusação de ingenuidade, se afastou dele.

- Eu não sou ingênua, Klaus. Eu simplesmente acredito que as pessoas podem ser mais do que o que os outros pensam delas. Se eu não pensasse assim, provavelmente não estaríamos aqui agora, esperando um filho.

A tensão entre eles se tornou palpável. Klaus estava dividido entre a raiva e a dor, enquanto Alana sentia-se incompreendida e atacada injustamente. A discussão continuou, com ambos levantando suas vozes, a frustração transbordando.

No meio da briga, Alana de repente sentiu-se mal. Sua visão ficou turva, e suas pernas fraquejaram. Ela tentou se segurar, mas a pressão em seu corpo, exacerbada pelo estresse, era demais. Klaus, percebendo o que estava acontecendo, imediatamente esqueceu sua raiva. Ele a pegou nos braços antes que ela pudesse cair, o rosto uma máscara de preocupação.

- Alana! - Ele a chamou, a voz agora cheia de medo. Ele a segurou com firmeza, mas com cuidado, tentando não agravar a situação. Sem pensar duas vezes, ele a levou para casa, deitando-a gentilmente na cama.

Alana tentou acalmá-lo, mas sua voz estava fraca.

- Estou bem... Só preciso descansar um pouco. - ela disse, embora soubesse que não era completamente verdade. O estresse da situação, combinado com o fato de estar grávida, estava começando a cobrar seu preço.

Klaus sentou-se ao lado dela, acariciando seu rosto suavemente.

- Eu sinto muito. - ele disse, a voz quebrando. - Não deveria ter deixado isso acontecer. Não deveria ter discutido com você, especialmente agora.

Alana olhou para ele, vendo o arrependimento em seus olhos.

- Eu entendo porque você ficou assim, Klaus. Mas preciso que você confie em mim. Sei que Mikael te fez muito mal, mas ele nunca foi nada além de bom comigo.

Klaus assentiu, embora soubesse que seria difícil esquecer tudo o que havia passado nas mãos de seu pai.

- Eu vou tentar, Alana. Vou tentar por você, por nós e por nosso filho.

Eles permaneceram em silêncio por alguns minutos, apenas aproveitando a presença um do outro, tentando encontrar um pouco de paz no meio da tempestade que estava por vir. Klaus prometeu a si mesmo que protegeria Alana e seu filho de tudo, inclusive de Mikael, mesmo que isso significasse enfrentar seus piores medos.

Finalmente, Alana fechou os olhos, exausta. Klaus continuou ali, ao seu lado, segurando sua mão e sussurrando promessas de que tudo ficaria bem. Ele sabia que havia muito a enfrentar, mas, por enquanto, o mais importante era garantir que Alana estivesse segura e saudável.

E, mesmo que a sombra de Mikael pairasse sobre eles, Klaus estava determinado a não deixar o passado destruir o futuro que ele e Alana estavam construindo.

𝐓𝐇𝐄 𝐅𝐈𝐑𝐒𝐓 - Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora