O pressentimento

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A noite caía pesada sobre New Orleans, como um manto sombrio que cobria a cidade em mistério. Alana Evans acordou abruptamente, o coração batendo descompassado, o corpo coberto de suor frio. Seus olhos rapidamente vasculharam o quarto na penumbra, procurando por algo, ou alguém, que pudesse ter perturbado sua paz. Mas não havia nada. Apenas o silêncio opressivo e as sombras que pareciam se arrastar nas paredes.

Desde o nascimento de Malia, Alana tinha se tornado mais protetora, mais atenta a qualquer ameaça que pudesse surgir. Mas esses pesadelos eram diferentes, muito mais intensos, e sempre envolviam a mesma figura: uma mulher misteriosa, envolta em sombras, cuja presença gelava seu sangue. A mulher nunca falava, mas sua ameaça era clara. Em cada sonho, ela se aproximava mais, sempre com o mesmo objetivo - levar Malia embora.

Klaus estava deitado ao lado dela, respirando suavemente, alheio ao tumulto que se passava na mente de sua amada. Alana sabia que se o acordasse agora, ele provavelmente ficaria preocupado, talvez até furioso, e isso só aumentaria a tensão que já pairava entre eles. Por isso, ela decidiu manter os pesadelos para si, pelo menos por enquanto. Ela se deitou novamente, tentando afastar as visões da mulher sombria e proteger Malia a qualquer custo.

[...]

No dia seguinte, a inquietação de Alana persistia. Ela decidiu que precisava de uma pausa e pensou em pedir à Rebekah que cuidasse de Malia por algumas horas. No entanto, por mais que procurasse pela mansão Mikaelson, Rebekah não estava em lugar algum. Após verificar todos os cômodos e até as dependências externas, Alana começou a se preocupar. Era incomum que Rebekah saísse sem avisar ninguém, especialmente com a situação delicada em que a família se encontrava.

Decidida a resolver o mistério, Alana foi procurar Kol. Ela sempre teve uma relação próxima com ele, marcada por uma amizade espirituosa e cheia de piadas. Mas hoje, algo estava errado. Quando o encontrou na sala, ele estava sentado com um sorriso malicioso, como se soubesse algo que ela não sabia.

- Kol, você viu a Rebekah? Estou procurando por ela desde cedo e não a encontro em lugar nenhum. - Alana perguntou, tentando não demonstrar sua preocupação.

Kol levantou os olhos e o sorriso se alargou.

- Oh, Rebekah? Sim, digamos que eu a mandei para um pequeno... retiro. Ela precisava de um tempo para si, você sabe como ela fica estressada com tudo isso.

Alana franziu a testa, seu tom mudando para uma nota mais afiada.

- O que você quer dizer com 'retiro', Kol? E por que você não me avisou?

Kol deu de ombros, fingindo inocência.

- Achei que seria melhor assim. Ela estava irritante, e eu só quis ajudá-la a relaxar. Talvez em algum lugar onde não pudesse sair facilmente.

A paciência de Alana estava se esgotando. Ela adorava Kol, mas sua natureza impulsiva e despreocupada frequentemente o levava a tomar decisões irresponsáveis.

- Kol, você é um idiota. Onde diabos ela está?

Kol ergueu as mãos em um gesto de rendição.

- Calma, Alana. Ela está em uma casa um pouco afastada daqui, na floresta ao norte. Não pode sair, mas está segura. Só quis lhe dar um tempo para pensar.

Alana lançou-lhe um olhar mortal antes de se virar e sair da sala, sua mente fervilhando. Como Kol podia ser tão irresponsável? Rebekah podia estar em perigo, e ele achava tudo aquilo uma grande piada. Sem perder tempo, ela pegou as chaves do carro e partiu em direção à floresta, com o nome da casa na mente - a mesma que Kol havia mencionado.

A floresta ao norte de New Orleans era densa, com árvores altas que bloqueavam a maior parte da luz do sol, criando uma atmosfera sombria e quase sufocante. Alana dirigiu até onde o caminho permitia, antes de continuar a pé pelo terreno acidentado. Finalmente, avistou a casa, uma construção antiga, escondida entre as árvores. Ao se aproximar, viu uma luz fraca vindo de uma das passagens.

Acelerando o passo, Alana se preparou para arrombar o portão se fosse necessário, mas, ao chegar perto, ouviu vozes. Uma delas era inconfundivelmente a de Rebekah. A outra, porém, era desconhecida. Alana entrou silenciosamente, querendo entender a situação antes de se revelar.

No jardim da casa, Rebekah estava de pé, conversando com uma mulher loira. A mulher era alta, de aparência etérea, com uma aura de poder que fazia Alana sentir um arrepio na espinha. Ela parecia vagamente familiar, mas Alana não conseguia identificar de onde. O mais estranho, porém, foi o instante em que a mulher virou-se em sua direção e desapareceu como se nunca tivesse estado ali.

Confusa e um pouco assustada, Alana correu até Rebekah.

- Bekah, quem era aquela mulher? O que aconteceu aqui?

Rebekah, igualmente perplexa, balançou a cabeça.

- Eu... eu não sei. Estava presa aqui desde que Kol me mandou para cá, mas então essa mulher estava lá também. Ela me tirou daqui e, antes que eu pudesse fazer qualquer pergunta, você chegou e ela desapareceu.

Alana franziu a testa, tentando processar a informação. A mulher parecia ser uma bruxa poderosa, mas por que ajudaria Rebekah? E por que ela a lembrava tanto de alguém, mas ao mesmo tempo, parecia ser uma completa estranha?

- Temos que sair daqui. - disse Alana, sentindo um calafrio subir pela coluna. - Essa floresta não é segura, especialmente com essa mulher à solta.

As duas Mikaelsons rapidamente deixaram a casa e voltaram para o carro. No caminho de volta para a mansão, Alana mal conseguia pensar em outra coisa além da misteriosa mulher loira. A imagem dela era uma sombra persistente na mente de Alana, uma presença que, de alguma forma, parecia conectada aos pesadelos que ela vinha tendo.

Quando chegaram à mansão, Klaus estava esperando por elas na entrada, seus olhos estreitos em desconfiança. Ele sabia que algo estava errado, podia sentir a tensão no ar. Alana mal conseguiu esconder sua irritação ao relatar o que havia acontecido com Rebekah e como a mulher loira havia intervindo.

Klaus, apesar de tudo, estava mais preocupado com Alana. Ele notou como ela estava cada vez mais perturbada e decidiu que precisavam falar a sós.

- Alana, podemos conversar em particular? - ele perguntou, sua voz carregada de preocupação.

Alana assentiu, acompanhando-o até o escritório, onde Klaus fechou a porta atrás deles.

- O que está acontecendo, Alana? Eu sei que tem algo mais. Você não é de se abalar tão facilmente.

Ela hesitou por um momento, sabendo que precisava contar a verdade, mas também temendo as consequências de compartilhar seus medos.

- Klaus, eu... tenho tido pesadelos. Pesadelos com uma mulher que tenta levar Malia. E agora essa mulher loira apareceu, e eu sinto que tudo está conectado de alguma forma.

Klaus ficou em silêncio por um momento, processando a informação. A menção de Malia sendo ameaçada despertou seu instinto protetor, e ele ficou ainda mais alerta.

- Por que não me contou antes? Precisamos estar preparados para qualquer ameaça, principalmente se envolver Malia.

Alana suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto de frustração.

- Eu não queria te preocupar. Achei que pudesse lidar com isso sozinha, mas agora estou percebendo que talvez seja maior do que eu pensava.

Klaus se aproximou, segurando-a pelos ombros.

- Vamos descobrir quem é essa mulher, e vamos proteger Malia. Você não precisa fazer isso sozinha.

Alana assentiu, sentindo-se um pouco aliviada por finalmente ter compartilhado seus medos. Mas mesmo assim, a inquietação não desapareceu completamente. A presença daquela mulher, seus pesadelos, tudo indicava que algo sombrio estava por vir.

Naquela noite, enquanto Malia dormia pacificamente em seu berço, Alana e Klaus vigiaram-na, ambos silenciosamente resolvidos a proteger sua filha de qualquer ameaça. Mas o que eles não sabiam era que a verdadeira batalha ainda estava por vir, e que a presença daquela mulher loira era apenas o começo de uma ameaça muito maior, uma ameaça que poderia destruir tudo o que eles amavam.

E assim, enquanto a lua cheia se erguia sobre New Orleans, a sombra de uma bruxa poderosa começava a se estender, aproximando-se cada vez mais da pequena Malia Mikaelson.

𝐓𝐇𝐄 𝐅𝐈𝐑𝐒𝐓 - Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora