Uma nova fase

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Alana atravessava os corredores da mansão dos Mikaelson com passos suaves e calculados. Seu olhar era frio, desprovido de qualquer traço de emoção. Ela havia se convencido de que essa era a melhor forma de lidar com o mundo naquele momento. A humanidade desligada a protegia de qualquer dor ou arrependimento, mas uma pequena parte dela, bem no fundo, sabia que essa decisão trazia consequências. Sabia que, em algum momento, poderia se arrepender de não ter feito algo quando ainda tinha o poder de agir. Por isso, mesmo sem sentir nada além de um leve incômodo, decidiu que ajudaria Klaus, Elijah e Rebekah com a ameaça de uma profecia. Afinal, mesmo que não se importasse agora, talvez um dia se importasse, e isso seria suficiente.

Ao atravessar o corredor em direção aos quartos, ela parou em frente à porta que um dia havia sido a dela e de Klaus. Agora, parecia pertencer a outra pessoa. A porta estava entreaberta, e Alana, por pura curiosidade, empurrou-a levemente para ver o que havia mudado desde sua última visita.

Ela não ficou surpresa ao ver Klaus sentado à beira da cama, sua expressão carregada de pensamentos sombrios. Mas foi a visão de Aurora, deitada na cama com apenas os lençóis a cobrindo, que capturou a atenção de Alana. Não porque ela estivesse com ciúmes ou ressentida, mas porque a cena era, no mínimo, patética.

Aurora, ao perceber Alana na porta, apressou-se em se cobrir mais com os lençóis, como se sua privacidade fosse uma preocupação repentina.

- Des... Desculpa, Aurora. - Alana começou, sua voz calma e sem qualquer traço de ironia aparente. - Posso não gostar de você porque, como eu suspeitava, você é uma vagabunda, mas ainda tenho de respeitar a sua privacidade.

Klaus levantou o olhar para Alana, sua expressão alternando entre surpresa e algo próximo do desconforto.

- O que você está fazendo aqui, Alana? - ele perguntou, tentando manter o tom neutro, mas o desconforto era evidente.

- Eu vim para oferecer ajuda com a profecia. - Alana respondeu sem rodeios. - Mas pelo que vejo, vocês não precisam de mim. Aurora parece mais do que capaz de ajudá-los.

Ela lançou um olhar deliberadamente lento para Aurora, deixando claro o que pensava sobre o "apoio" que Aurora estava oferecendo. Klaus abriu a boca para tentar justificar a situação, mas logo percebeu que qualquer tentativa seria inútil. Não havia nada a dizer que pudesse amenizar a situação, especialmente considerando o estado atual de Alana.

Aurora, querendo desviar o assunto e talvez por curiosidade, interveio com uma pergunta aparentemente inofensiva, mas carregada de intenções subjacentes.

- Seu cabelo... é naturalmente assim? - ela perguntou, um pouco hesitante.
- Ontem de manhã, estava castanho, e à noite, quase branco, não falando nos olhos verdes.

Alana olhou para Aurora com uma leve curiosidade, mas não havia emoção real em seus olhos.

- Sim, é natural. - respondeu calmamente. - Sou literalmente um anjo, Aurora. O cabelo castanho é uma camuflagem, mudei quando fui para Mystic Falls, mas este... - ela passou a mão pelos fios prateados e soltos, que quase brilhavam sob a luz fraca do quarto. - Este é meu cabelo verdadeiro. É estranho ficar muito tempo sem ele.

Aurora piscou, incerta sobre como responder. A aura de poder que emanava de Alana era inegável, e mesmo em seu estado atual, era difícil não sentir um arrepio de respeito e medo.

Sem esperar por qualquer outra palavra, Alana se virou e saiu do quarto. Ela não tinha interesse em prolongar a conversa. Não mais. Havia coisas mais importantes a tratar, e Klaus havia feito sua escolha. Se queria passar seu tempo com Aurora, que fosse.

Ela caminhou diretamente até a biblioteca, onde sabia que encontraria Elijah. E lá estava ele, sentado em uma cadeira de couro, um livro em mãos, como sempre parecia estar quando algo importante pesava em sua mente.

𝐓𝐇𝐄 𝐅𝐈𝐑𝐒𝐓 - Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora