Buck e Eddie, dois bombeiros da Estação 118, sempre tiveram uma conexão forte, mas uma missão de resgate quase desastrosa muda a dinâmica entre eles. Em meio à rotina intensa de salvamentos, incêndios e situações de risco, eles precisam lidar com o...
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A estação 118 parecia a mesma de sempre: o som abafado das botas contra o concreto, os murmúrios dos colegas nas mesas de trabalho, e o estalo ocasional dos rádios interrompendo a quietude momentânea. No entanto, para Evan "Buck" Buckley, o ar estava diferente. Não era algo que os outros notariam; era o tipo de mudança que se alojava no fundo da mente, insistente, mas indefinida. Ele observava o quartel, tentando encontrar algo familiar para se agarrar, mas o vazio que sentia não tinha nada a ver com o ambiente ao seu redor.
A temporada de chamadas tinha sido particularmente intensa nas últimas semanas. Acidentes em autoestradas, incêndios residenciais, salvamentos de animais exóticos presos em lugares improváveis – tudo parecia exigir mais energia, mais atenção, mais cuidado. Mas Buck sabia que o problema não era o ritmo do trabalho. Era o silêncio que havia crescido entre ele e Eddie Diaz.
Desde o incidente no telhado – uma missão de resgate que quase deu terrivelmente errado – algo havia mudado entre eles. Não foi uma discussão ou uma briga direta, mas sim uma acumulação de momentos não ditos, olhares evitados, toques que se retraíram no último segundo. E isso estava lentamente destruindo Buck.
Ele olhava para Eddie agora, do outro lado do salão. Eddie estava conversando com Hen sobre o novo equipamento que chegou, gesticulando calmamente, com a mesma compostura que sempre possuía. Buck conhecia aquela fachada, a habilidade de Eddie de esconder seus verdadeiros sentimentos atrás de uma calma aparente. Ele conhecia tão bem, porque também era a sua própria tática.
Buck balançou a cabeça, tentando afastar a frustração. Precisava de um momento para respirar, então decidiu se afastar para o terraço, onde podia ficar sozinho por alguns minutos. Subiu as escadas em direção ao telhado, sentindo o peso do silêncio entre ele e Eddie mais uma vez.
Ao empurrar a porta do telhado, o vento fresco o envolveu, cortando um pouco da tensão acumulada em seus ombros. Ele caminhou até a beira, observando a cidade abaixo, as luzes piscando como estrelas ao longe. Os sons da vida urbana eram distantes, e Buck permitiu que o silêncio envolvesse seus pensamentos.
"Precisamos conversar."
A voz de Eddie interrompeu seus devaneios, e Buck girou para vê-lo parado na porta, com as mãos nos bolsos. Eddie parecia sério, mas havia algo mais ali, algo que Buck não conseguia identificar.
"Eddie..." Buck começou, mas não sabia exatamente o que dizer. Sabia que precisava dessa conversa, mas o medo de estragar tudo de vez era esmagador.
"Olha, eu sei que as coisas estão estranhas entre a gente," Eddie falou, caminhando até ficar ao lado de Buck. "E não é só por causa do trabalho, certo?"
Buck suspirou, correndo uma mão pelos cabelos loiros. "Não, não é."
Os dois ficaram em silêncio por um momento, observando a cidade abaixo. A brisa agitada parecia refletir a confusão interna de Buck.
"Você sabe, Buck," Eddie continuou, com a voz mais suave agora, "eu confio em você. Sempre confiei. Você é... essencial pra mim, e pra Christopher também. E é por isso que está doendo tanto."
Buck sentiu o coração apertar. Ele sabia que tinha ferido Eddie, não intencionalmente, mas pelas coisas que nunca disse, pelos medos que deixou crescer entre eles. A verdade era que ele não sabia como lidar com o que sentia.
"Eddie," Buck finalmente disse, virando-se para encarar o amigo, "eu nunca quis que as coisas ficassem assim. Eu... estou perdido. Com a gente, com tudo. E não sei como consertar isso."
Os olhos de Eddie se suavizaram, e ele respirou fundo. "Nós estamos em um lugar complicado, Buck. Mas eu não quero perder isso – o que quer que seja isso que temos. Só precisamos ser honestos. Com nós mesmos."
Essa última frase pesou sobre Buck. Honestidade. Ele sempre se orgulhara de ser transparente, de ser aquele que dizia as coisas como elas eram. Mas quando se tratava de Eddie, as palavras ficavam presas, enredadas em medos que ele não queria admitir.
"Eu acho que tenho medo," Buck confessou, a voz mais baixa. "Medo de que, se eu disser o que realmente sinto, vou estragar tudo. Não quero perder você. Nem Christopher."
Eddie ficou em silêncio, mas seus olhos mostravam compreensão, algo que Buck sempre valorizou. Eddie era o tipo de pessoa que ouvia, que absorvia cada palavra com cuidado. E agora, Buck sentia que estava sendo ouvido de uma forma profunda.
"Você não vai me perder, Buck. Nem a Chris," Eddie disse, finalmente, colocando uma mão no ombro de Buck. O toque foi firme, mas cheio de carinho. "Mas eu preciso saber, de verdade. O que você sente?"
Buck olhou nos olhos de Eddie, sentindo o peso da pergunta. Ele sabia o que Eddie estava pedindo. E naquele momento, naquele telhado, com o mundo lá embaixo se movendo como sempre, Buck percebeu que não havia mais como fugir.
"Eu sinto que... você é mais do que meu melhor amigo, Eddie. Você e Chris são minha família. E eu... acho que sempre senti mais do que deveria, mas nunca soube como dizer. Nunca soube como agir."
O silêncio que se seguiu foi diferente de todos os outros. Não era o peso de algo não dito, mas o espaço para que as palavras pudessem ser processadas. Eddie não se mexeu por um segundo, mas Buck viu o leve levantar de seus lábios – um quase sorriso.
"Eu acho que já sabia, Buck," Eddie disse, baixinho. "Só estava esperando você perceber também."
O vento soprou mais uma vez, e Buck se sentiu, pela primeira vez em semanas, um pouco mais leve. As coisas ainda eram complicadas, claro. Havia tanto a se discutir, tanto a entender, mas naquele momento, com Eddie ao seu lado, ele sentiu que finalmente estavam no caminho certo.
Eddie tirou a mão do ombro de Buck, apenas para enlaçar suavemente seus dedos nos de Buck. Foi um gesto simples, mas carregado de significado. Buck apertou de volta, sentindo a conexão entre eles se fortalecer de uma forma que nunca havia imaginado.
Eles ficaram ali, juntos, em silêncio, enquanto a noite de Los Angeles se estendia à sua frente, sabendo que o futuro não seria fácil, mas que, finalmente, estavam prontos para enfrentá-lo.